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segunda-feira, 31 de março de 2014
Tantos cristãos parados!
Na homilia da Missa na Casa de Santa Marta nesta segunda-feira o Papa Francisco falou dos cristãos parados, dos que se enganam no caminho e dos que andam às voltas numa espécie de ‘turismo existencial’. Tomando como estímulo da sua meditação a leitura do Profeta Isaías o Papa Francisco evidenciou o facto de que Deus, antes de pedir alguma coisa, faz uma promessa. E nas promessas de Deus devemos confiar. Mas não basta, pois devemos caminhar para elas – afirmou o Papa Francisco – mas são muitos os cristãos que estão... parados:
“Tantos cristãos parados! Estão tantos para trás que têm uma débil esperança. Sim, acreditam que haverá um Céu e tudo estará bem. Está bem que acreditem, mas não procuram! Cumprem os mandamentos, os preceitos: tudo... Mas estão parados. O Senhor Não pode fazer deles fermento no seu povo, porque não caminham. E este é um problema: os parados. Depois, existem outros que se enganam no caminho: todos nós algumas vezes enganamo-nos no caminho, isso já o sabemos. O problema não é enganar no caminho; o problema é não voltar para trás quando reparamos que nos enganamos.”
O modelo de quem acredita e segue aquilo que a fé lhe indica é o funcionário do rei que procura a cura para o filho doente, tal como nos descreve S. João no Evangelho de hoje – continuou o Santo Padre – este funcionário é um homem e não duvida um instante de Jesus. Mete-se em caminho em direção a casa quando Jesus lhe assegura que o filho está curado. O oposto a este modelo existe naqueles que vão à procura mas andam sempre às voltas sem tomarem a sério as promessas de Deus. São ‘turistas existenciais’ – afirmou o Papa Francisco:“São os cristãos errantes: andam às voltas como se a vida fosse um turismo existencial, sem meta, sem tomar as promessas a sério. Aqueles que andam às voltas e enganam-se, porque dizem: ‘Eu caminho!’. Não tu não caminhas, tu andas às voltas.”
“A Quaresma é um belo tempo para pensar se eu sou em caminho eu se eu estou demasiado parado: converteu-vos. Ou se eu sou um turista teologal, um destes que fazem a volta da vida mas nunca dão um passo em frente. E peço ao Senhor a graça de retomar o caminho, de meter-nos em caminho, mas em direção às promessas.” (RS)
(Fonte: 'news.va' com adaptação)
Vídeo da ocasião em italiano
«Se não virdes sinais extraordinários e prodígios, não acreditais.»
Imitação de Cristo, tratado espiritual do século XV
IV, 18
IV, 18
«O que perscruta a majestade será oprimido pela sua glória» (Prov 25,27 Vulg). Mais pode Deus fazer que o homem compreender. […] Exige-se de ti a fé e uma vida sincera, e não a elevação da inteligência ou a sabedoria dos profundos mistérios de Deus. Se não percebes nem apreendes o que te é inferior, como compreenderás o que te está acima? Submete-te a Deus e humilha o teu parecer à fé e ser-te-á dada a luz da ciência, conforme te for útil ou necessário.
Alguns são duramente tentados na fé ou na eucaristia; isso, porém, não se deve atribuir a eles, mas ao inimigo. Não te importes, não discutas com os teus próprios pensamentos, nem respondas às dúvidas insinuadas pelo demónio, mas crê nas palavras de Deus, crês nos seus santos e profetas e de ti fugirá o inimigo. Muitas vezes de muito serve que tais coisas suporte o servo de Deus. Pois que o demónio não tenta os infiéis e pecadores, que já possui com certeza, mas os fiéis devotos, que tenta e humilha de diversos modos.
Caminha portanto com uma fé simples e certa, e aproxima-te do sacramento com suplicante respeito; e o que não consigas perceber, entrega-o com confiança a Deus omnipotente. Deus não te engana; mas engana-se aquele que em si próprio crê demais. Caminha Deus com os simples, revela-Se aos humildes, dá inteligência aos pequenos, abre os sentidos aos de espírito puro e esconde a graça dos curiosos e soberbos. A razão humana é fraca e pode errar; mas não a verdadeira fé. Todo o raciocínio natural deve seguir a fé, e não precedê-la ou infringi-la.
Alguns são duramente tentados na fé ou na eucaristia; isso, porém, não se deve atribuir a eles, mas ao inimigo. Não te importes, não discutas com os teus próprios pensamentos, nem respondas às dúvidas insinuadas pelo demónio, mas crê nas palavras de Deus, crês nos seus santos e profetas e de ti fugirá o inimigo. Muitas vezes de muito serve que tais coisas suporte o servo de Deus. Pois que o demónio não tenta os infiéis e pecadores, que já possui com certeza, mas os fiéis devotos, que tenta e humilha de diversos modos.
Caminha portanto com uma fé simples e certa, e aproxima-te do sacramento com suplicante respeito; e o que não consigas perceber, entrega-o com confiança a Deus omnipotente. Deus não te engana; mas engana-se aquele que em si próprio crê demais. Caminha Deus com os simples, revela-Se aos humildes, dá inteligência aos pequenos, abre os sentidos aos de espírito puro e esconde a graça dos curiosos e soberbos. A razão humana é fraca e pode errar; mas não a verdadeira fé. Todo o raciocínio natural deve seguir a fé, e não precedê-la ou infringi-la.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
O Evangelho do dia 31 de março de 2014
Passados dois dias, partiu Jesus dali para a Galileia. Porque o mesmo Jesus tinha afirmado que um profeta não é respeitado na sua própria pátria. Tendo chegado à Galileia receberam-n'O bem os galileus porque tinham visto todas as coisas que fizera em Jerusalém durante a festa; pois também eles tinham ido à festa. Foi, pois, novamente a Caná da Galileia, onde tinha convertido a água em vinho. Havia em Cafarnaum um funcionário real, cujo filho estava doente. Este, tendo ouvido dizer que Jesus chegara da Judeia à Galileia, foi ter com Ele e pediu-Lhe que fosse a sua casa curar o filho que estava a morrer. Jesus disse-lhe: «Vós, se não virdes milagres e prodígios não acreditais». O funcionário real disse-Lhe: «Senhor, vem antes que o meu filho morra». Jesus disse-lhe: «Vai, o teu filho vive». Deu o homem crédito ao que Jesus lhe disse e partiu. Quando já ia para casa, vieram os criados ao seu encontro dizendo que o filho vivia. Perguntou-lhes a hora em que o doente se sentira melhor. Disseram-lhe: «Ontem, à hora sétima, a febre deixou-o». Reconheceu então o pai ser aquela mesma a hora em que Jesus lhe dissera: «Teu filho vive». Acreditou ele, assim como toda a sua família. Foi este o segundo milagre que Jesus fez depois de ter vindo da Judeia para a Galileia.
Jo 4, 43-54
domingo, 30 de março de 2014
A Luz de Cristo cura a secura interior
O drama da “cegueira interior” de quem não reconhece Jesus como Luz do mundo foi sublinhado pelo Papa neste domingo ao meio-dia, na Praça de São Pedro, comentando antes da oração do Angelus, o Evangelho da cura do cego de nascença proposto pela liturgia.
Trata-se do longo capítulo 9 do Evangelho segundo São João, que inicia com um cego que passa a ver e se conclui com gente que presume ver mas que se obstinam em permanecer cegos na alma. O milagre da cura do cego é contado em dois versículos apenas – fez notar o Papa. O evangelista quer centrar as atenções não tanto na cura em si, mas nas discussões que esta suscita. “No final, o cego curado chega à fé, e esta é a maior graça que lhe é feita por Jesus: não só ver, mas conhecê-Lo a Ele, que é a luz do mundo”.
“Ao mesmo tempo que o cego se aproxima gradualmente da luz, os fariseus, pelo contrário, vão-se afundando cada vez mais na cegueira interior.”“Fechados na sua presunção, crêem ter já a luz; e por isso não se abrem à verdade de Jesus. Fazem tudo para negar a evidência” – fez notar o Papa, que observou ainda que o caminho do cego é um percurso com etapas. É só no final que Jesus volta a dar a vista ao que tinha sido cego e que entretanto tinha sido expulso do Templo. “Jesus encontra-o de novo e abre-lhe os olhos pela segunda vez, revelando-lhe a própria identidade. E então aquele que tinha sido cego exclama ‘Creio, Senhor!’ e prostra-se diante de Jesus”.
“O drama da cegueira interior de tanta gente, também de nós!...A nossa vida por vezes é semelhante à do cego que se abriu à luz, a Deus e à sua graça. Por vezes, infelizmente, é um pouco como a dos fariseus: do alto do nosso orgulho julgamos os outros, até mesmo o Senhor. Hoje somo s convidados a abrir-nos à luz de Cristo, para dar fruto na nossa vida, para eliminar os comportamentos que não são cristãos”.
De entre os muitos grupos de peregrinos presentes hoje na praça de São Pedro saudados pelo Papa, não faltou hoje um grupo de “emigrados portugueses de Londres”…Mencionados também, com apreço, militares italianos que realizaram uma longa peregrinação a pé do santuário de Loreto a Roma, rezando pela resolução justa e pacífica dos contenciosos. “Felizes os construtores da paz!” – foi a bem-aventurança evocada a este propósito pelo Papa, que se despediu sugerindo aos presentes que, ao voltar a casa, tomassem o Evangelho para ler e meditar integralmente o episódio evangélico hoje proposto pela liturgia: o capítulo 9 de São João.
(Fonte: 'news.va')
Vídeo da ocasião em italiano
Bom Domingo do Senhor!
Imitemos o cego curado pelo Senhor de que nos fala o Evangelho de hoje (Jo 9, 1-41) e ajoelhemo-nos diante do Sacrário manifestando-lhe o nosso amor e reconhecimento em oração.
Graças e louvores se dêem a todo o momento ao Santíssimo Sacramento!
Amor incondicional ao Papa
Como vive José a sua vocação de guardião de Maria, de Jesus, da Igreja? Perguntava-se o Papa Francisco. E respondia: Numa constante atenção a Deus, aberto aos Seus sinais, disponível mais ao projeto d’Ele que ao próprio. E isto mesmo é o que Deus pede a David (…). Deus não deseja uma casa construída pelo homem, mas quer a fidelidade à Sua Palavra, ao Seu desígnio, e é o próprio Deus que constrói a casa, mas de pedras vivas marcadas pelo Seu Espírito. E José é «guardião», porque sabe ouvir a Deus, deixa-se guiar pela Sua vontade e, por isso mesmo se mostra ainda mais sensível com as pessoas que lhe estão confiadas, sabe ler com realismo os acontecimentos, está atento àquilo que o rodeia, e toma as decisões mais sensatas [2]. Como vos fiz notar antes da eleição e vos reiterei logo a seguir – seguindo em tudo o nosso Padre –, amamos o novo Papa com imenso afeto sobrenatural e humano, ao mesmo tempo que procuramos apoiar, com abundante oração e mortificação, os primeiros passos do seu ministério, sempre importantes.
[2] Papa Francisco, Homilia na Missa do início do ministério petrino, 19-III-2013.
(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de abril de 2013)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei
«Nós somos argila e Tu és o oleiro. Todos nós fomos modelados pelas tuas mãos» (Is 64,7)
Homilia escrita no norte de África no séc. V ou VI, erradamente atribuída a São Fulgêncio (467-532)
PL 65, 880
Aquele que «ao vir ao mundo, todo o homem ilumina» (Jo 1,9) é o verdadeiro espelho do Pai. Cristo vem ao mundo como imagem fiel do Pai (Heb 1,3) e anula a cegueira dos que não vêem. Cristo, vindo dos céus, vem ao mundo para que toda a carne O veja […]; mas o cego não podia ver a Cristo, espelho do Pai […]. Cristo abriu essa prisão; descerrou as pálpebras do cego, que viu em Cristo o espelho do Pai […].
O primeiro homem havia sido criado como um ser luminoso; mas achou-se cego, depois que se afastou da serpente. Cego que veio a renascer quando passou a crer. […] O cego de nascença estava sentado […] sem pedir a nenhum médico uma pomada que lhe curasse os olhos. […] Chega o artesão do universo e reflecte a imagem no espelho. Vê a miséria do cego ali sentado, a pedir esmola. Que milagre é a força de Deus! Ela cura o que vê, ilumina quem visita […].
Ele, que criou o globo terrestre, abriu agora estes globos cegos […]. O oleiro que nos modelou (Gn 2,6; Is 67,7) viu estes olhos vazios […]; tocou neles, misturando a sua saliva com um pouco de terra, e, ao aplicar essa lama, formou os olhos do cego […]. O homem é feito de argila; a pomada, de lama […]; a matéria que primeiro servira para formar os olhos, veio depois a curá-los. Que prodígio é maior: criar o globo do sol ou recriar os olhos do cego de nascença? No seu trono, o Senhor fez brilhar o sol; ao percorrer as praças públicas da Terra, permitiu ao cego a visão. A luz veio sem ter sido pedida, e sem quaisquer súplicas o cego foi libertado da sua enfermidade de nascença.
PL 65, 880
Aquele que «ao vir ao mundo, todo o homem ilumina» (Jo 1,9) é o verdadeiro espelho do Pai. Cristo vem ao mundo como imagem fiel do Pai (Heb 1,3) e anula a cegueira dos que não vêem. Cristo, vindo dos céus, vem ao mundo para que toda a carne O veja […]; mas o cego não podia ver a Cristo, espelho do Pai […]. Cristo abriu essa prisão; descerrou as pálpebras do cego, que viu em Cristo o espelho do Pai […].
O primeiro homem havia sido criado como um ser luminoso; mas achou-se cego, depois que se afastou da serpente. Cego que veio a renascer quando passou a crer. […] O cego de nascença estava sentado […] sem pedir a nenhum médico uma pomada que lhe curasse os olhos. […] Chega o artesão do universo e reflecte a imagem no espelho. Vê a miséria do cego ali sentado, a pedir esmola. Que milagre é a força de Deus! Ela cura o que vê, ilumina quem visita […].
Ele, que criou o globo terrestre, abriu agora estes globos cegos […]. O oleiro que nos modelou (Gn 2,6; Is 67,7) viu estes olhos vazios […]; tocou neles, misturando a sua saliva com um pouco de terra, e, ao aplicar essa lama, formou os olhos do cego […]. O homem é feito de argila; a pomada, de lama […]; a matéria que primeiro servira para formar os olhos, veio depois a curá-los. Que prodígio é maior: criar o globo do sol ou recriar os olhos do cego de nascença? No seu trono, o Senhor fez brilhar o sol; ao percorrer as praças públicas da Terra, permitiu ao cego a visão. A luz veio sem ter sido pedida, e sem quaisquer súplicas o cego foi libertado da sua enfermidade de nascença.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
sábado, 29 de março de 2014
529
No passado dia 24 de Março, um tribunal egípcio condenou à morte 529 membros da Irmandade Muçulmana, dando por provado o seu envolvimento em manifestações, no Verão passado, de que resultou a morte de um polícia. A sentença à pena capital foi declarada na terceira audiência e sem que os advogados dos réus tivessem sido, sequer, ouvidos.
Portugal foi, praticamente, o primeiro país da Europa a abolir a pena de morte. O inédito acontecimento provocou uma entusiasta reacção de Vítor Hugo: “ Está pois a pena de morte abolida nesse nobre Portugal, pequeno povo que tem uma grande história. (...) Felicito a vossa nação. Portugal dá o exemplo à Europa. Desfrutai de antemão essa imensa glória. A Europa imitará Portugal. Morte à morte! (…) A liberdade é uma cidade imensa da qual todos somos concidadãos ”.
Ninguém ignora as atrocidades cometidas pelos apoiantes da Irmandade Muçulmana, nomeadamente contra os cristãos, depois da queda do regime de Hosni Mubarak. Mas à violência, em tempos de paz, responde-se com a justiça. Há que reconhecer aos agressores os direitos que eles não reconheceram às suas vítimas, sob pena de as autoridades judiciais mais não serem do que terroristas estatais. À razão da força opõe-se, num Estado de Direito, a força da razão.
Winston Churchill disse: “ Na guerra determinação; na derrota, resistência; na vitória, magnanimidade; na paz, boa vontade ”. E os italianos têm um termo, “ stravincere”, para exprimir o excesso na vitória, que a transforma em vil vingança.
Em nome da liberdade política e religiosa, o mundo saudou a queda do totalitarismo islâmico implantado pelo deposto presidente Morsi. Mas, … assim não! Que o diga Portugal, em nome da sua tradição humanista e cristã, honrando a glória de ter sido um dos primeiros países do mundo a abolir a pena de morte.
Gonçalo Portocarrero de Alma in 'i' online AQUI
«Eu vim a este mundo para proceder a um juízo: de modo que os que não vêem vejam»
Santo Efrém (c. 306-373), diácono na Síria, Doutor da Igreja
Comentário do Diatesseron, 16, 28-31 (a partir da trad. SC 121, pp. 299ss.)
«Fez lama com a saliva e ungiu-lhe os olhos». E a luz jorrou da terra, como no começo, quando [...] as trevas cobriam o abismo e o espírito de Deus Se movia sobre a superfície das águas. Deus disse: «Faça-se a luz» e a luz foi feita (Gn 1, 2-3). Assim, curou um defeito que existia desde a nascença, para mostrar que Ele, cuja mão terminava aquilo que faltava à natureza, era Aquele que, com a Sua mão, tinha dado origem à Criação, no princípio. E como se recusavam a crer que Ele era antes de Abraão (Jo 8, 57), provou com esta acção que era o Filho d'Aquele que, com a Sua mão, «formou o homem do pó da terra» (Gn 2, 7).
Ele fez isso para aqueles que procuravam os milagres a fim de acreditarem: «Os judeus pedem sinais» (1Cor 1, 22). Não foi a piscina de Siloé que abriu os olhos ao cego, tal como não foram as águas do Jordão que purificaram Naamã (2Rs 5, 14): foi a ordem do Senhor que realizou tudo. Mais do que isso, não é a água do nosso baptismo, mas os nomes da Trindade que se pronunciam sobre ela que nos purificam. Ele ungiu-lhe os olhos com lama, para que os fariseus pudessem limpar a cegueira do seu coração. [...] Aqueles que viam a luz física foram conduzidos por um cego que via a luz do espírito; e, na sua noite, o cego era conduzido por aqueles que viam exteriormente, mas que eram espiritualmente cegos.
O cego lavou a lama dos seus olhos e viu-se a si próprio; os outros lavaram a cegueira do coração, e examinaram-se a si mesmos. Assim, ao abrir exteriormente os olhos dum cego, Nosso Senhor abria secretamente os olhos de muitos outros cegos. [...] Nestas poucas palavras do Senhor estavam escondidos tesouros admiráveis e, nesta cura, estava esboçado um símbolo: Jesus, o Filho do Criador.
O Evangelho de Domingo dia 30 de março de 2014
Passando Jesus, viu um homem cego de nascença. Os Seus discípulos perguntaram-Lhe: «Mestre, quem pecou, este ou os seus pais, para que nascesse cego?». Jesus respondeu: «Nem ele nem seus pais pecaram; mas foi para se manifestarem nele as obras de Deus. Importa que Eu faça as obras d'Aquele que Me enviou enquanto é dia; vem a noite, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo». Dito isto, cuspiu no chão, fez lodo com a saliva, e ungiu com o lodo os olhos do cego. Depois disse-lhe: «Vai, lava-te na piscina de Siloé!», que quer dizer “Enviado”. Foi, lavou-se e voltou com vista. Então os seus vizinhos e os que o tinham visto antes a mendigar diziam: «Não é este aquele que estava sentado e pedia esmola?». Uns diziam: «É este!». Outros, porém: «Não é, mas é outro, que se parece com ele!». Porém ele dizia: «Sou eu mesmo!». Perguntaram-lhe: «Como se abriram os teus olhos?». Ele respondeu: «Aquele homem, que se chama Jesus, fez lodo, ungiu os meus olhos e disse-me: Vai à piscina de Siloé e lava-te. Fui, lavei-me e vejo». Perguntaram-lhe: «Onde está Ele?». Respondeu: «Não sei». Levaram aos fariseus o que tinha sido cego. Ora era dia de sábado quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos. Perguntaram-lhe, pois, também os fariseus de que modo tinha adquirido a vista. Respondeu-lhes: «Pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me e vejo». Então, alguns fariseus diziam: «Este homem, que não guarda o sábado, não é de Deus». Porém, outros diziam: «Como pode um homem pecador fazer tais prodígios?». E havia desacordo entre eles. Disseram, por isso, novamente ao cego: «Tu que dizes d'Aquele que te abriu os olhos?». Ele respondeu: «Que é um profeta!». Mas os judeus não acreditaram que ele tivesse sido cego e recuperado a vista, enquanto não chamaram os pais. Interrogaram-nos: «É este o vosso filho, que dizeis que nasceu cego? Como vê, pois, agora?». Seus pais responderam: «Sabemos que este é nosso filho e que nasceu cego; mas não sabemos como ele agora vê e também não sabemos quem lhe abriu os olhos; perguntai-o a ele mesmo. Tem idade; ele próprio fale de si!». Seus pais falaram assim porque tinham medo dos judeus; porque estes tinham combinado que, se alguém confessasse que Jesus era o Messias, fosse expulso da sinagoga. Por isso é que os pais disseram: «Ele tem idade, interrogai-o a ele!». Tornaram, pois, a chamar o homem que tinha sido cego e disseram-lhe: «Dá glória a Deus! Nós sabemos que esse homem é um pecador». Então disse-lhes ele: «Se é pecador, não sei; o que sei é que eu era cego, e agora vejo».2Disseram-lhe pois: «Que é que Ele te fez? Como te abriu os olhos?».2Respondeu-lhes: «Eu já vo-lo disse e vós não me destes atenção; porque o quereis ouvir novamente? Quereis, porventura, fazer-vos também Seus discípulos?». Então, injuriaram-no e disseram: «Discípulo d'Ele sejas tu; nós somos discípulos de Moisés. Sabemos que Deus falou a Moisés; mas Este não sabemos donde é». O homem respondeu-lhes: «É de admirar que vós não saibais donde Ele é, e que me tenha aberto os olhos. Nós sabemos que Deus não ouve os pecadores; mas quem honra a Deus e faz a Sua vontade, esse é ouvido por Deus. Desde que existe o mundo, nunca se ouviu dizer que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença. Se Este não fosse de Deus, não podia fazer nada». Responderam-lhe: «Tu nasceste coberto de pecados e queres ensinar-nos?». E lançaram-no fora. Jesus ouviu dizer que o tinham lançado fora e, tendo-o encontrado, disse-lhe: «Tu crês no Filho de Deus?». Ele respondeu: «Quem é, Senhor, para eu acreditar n'Ele?». Jesus disse-lhe: «Estás a vê-l'O; é Aquele mesmo que fala contigo». Então ele disse: «Creio, Senhor!». E O adorou. Jesus disse: «Eu vim a este mundo para exercer um justo juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos». Ouviram isto alguns dos fariseus que estavam com Ele, e disseram-Lhe: «Porventura também nós somos cegos?». Jesus disse-lhes: «Se vós fosseis cegos, não teríeis culpa; mas, pelo contrário, vós dizeis: Nós vemos! E permanece o vosso pecado».
Jo 9, 1-41
«Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador.»
Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano de Estrasburgo
Sermão 48, para o 11.º domingo depois da Santíssima Trindade
Sermão 48, para o 11.º domingo depois da Santíssima Trindade
Crede-me, caras irmãs: em boa verdade, se eu encontrasse um homem com os mesmíssimos sentimentos do cobrador de impostos, isto é, que se tivesse a si próprio por pecador, desde que nesse sentimento de humildade estivesse o desejo de ser bom, […] dar-lhe-ia de bom grado de dois em dois dias a Comunhão do Corpo do Senhor. […] Se quisermos guardar-nos das nossas quedas e faltas graves, é absolutamente necessário que tomemos deste alimento nobre e forte. […] Por conseguinte, não devemos abster-nos da Comunhão de ânimo leve, só porque nos sabemos pecadores; pelo contrário, precisamente por isso devemos apressar-nos a frequentar a Santa Mesa, uma vez que é aí que se escondem, e daí que advêm, a força, a santidade, a ajuda e a consolação.
Mas também não devemos julgar aqueles que lá não vão […], nem sequer levemente, a fim de não ficarmos parecidos com o fariseu que se gloriava de si próprio e condenava aquele que tinha atrás de si. Guardai-vos disso como da perda da vossa alma. […]. Guardai-vos do perigoso pecado da censura […].
Quando acontece ao homem atingir o cume da perfeição, nada se lhe torna mais necessário do que descer às mais baixas profundezas da humildade e permanecer junto da sua raiz. Do mesmo modo que a altura da árvore lhe advém da profundidade das suas raízes, assim a elevação da nossa vida nos vem da fundura da nossa humildade. Eis por que razão o cobrador de impostos, tendo conhecido as profundezas da sua baixeza ao ponto de nem sequer levantar os olhos ao céu, foi elevado às alturas, e «voltou justificado para sua casa» (Lc 18,14).
Mas também não devemos julgar aqueles que lá não vão […], nem sequer levemente, a fim de não ficarmos parecidos com o fariseu que se gloriava de si próprio e condenava aquele que tinha atrás de si. Guardai-vos disso como da perda da vossa alma. […]. Guardai-vos do perigoso pecado da censura […].
Quando acontece ao homem atingir o cume da perfeição, nada se lhe torna mais necessário do que descer às mais baixas profundezas da humildade e permanecer junto da sua raiz. Do mesmo modo que a altura da árvore lhe advém da profundidade das suas raízes, assim a elevação da nossa vida nos vem da fundura da nossa humildade. Eis por que razão o cobrador de impostos, tendo conhecido as profundezas da sua baixeza ao ponto de nem sequer levantar os olhos ao céu, foi elevado às alturas, e «voltou justificado para sua casa» (Lc 18,14).
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
O Evangelho do dia 29 de março de 2014
Disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos por se considerarem justos, e desprezavam os outros: «Subiram dois homens ao templo a fazer oração: um era fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava no seu interior desta forma: Graças Te dou, ó Deus, porque não sou como os outros homens: ladrões, injustos, adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo o que possuo. O publicano, porém, conservando-se a distância, não ousava nem sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Meu Deus, tem piedade de mim, pecador. Digo-vos que este voltou justificado para sua casa e o outro não; porque quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».
Lc 18, 9-14
sexta-feira, 28 de março de 2014
"O homem vale mais por aquilo que é que por aquilo que tem" Papa Francisco na homilia da Celebração Penitencial
No período da Quaresma, a Igreja, em nome de Deus, renova o apelo à conversão. É um chamado a mudar de vida. Converter-se não é questão de um momento ou de um período do ano... é um compromisso que dura toda a vida. Quem, entre nós, pode pensar que não é pecador? Ninguém. O Apóstolo João escreve: “Se dissermos: ‘Não tempos pecado’, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele, que é fiel e justo, perdoará os nossos pecados e nos purificará de toda injustiça”. (1 Jo 1,8-9). É o que acontece também aqui nesta celebração e em toda esta ‘jornada’ penitencial. A Palavra de Deus que acabamos de ouvir nos apresenta dois elementos essenciais da vida cristã.
O primeiro é “Revestir-nos do Homem Novo, criado segundo Deus” (Ef 4,24), que nasce no Batismo, quando recebemos a própria vida de Deus que faz de nós seus filhos e nos incorpora a Cristo e à sua Igreja. Esta vida nova nos permite ver a realidade com olhos diferentes, sem nos deixar distrair por coisas que não contam nada e que não podem durar no tempo. Por isso, somos chamados a renunciar a comportamentos do pecado e dirigir nossos olhos ao essencial.
«O homem vale mais por aquilo que é do que por aquilo que tem» (Gaudium et spes, 35). Eis a diferença entre a vida deformada pelo pecado e a vida iluminada pela graça. Do coração do homem renovado por Deus, provêm bons comportamentos: falar sempre a verdade e evitar toda mentira; não roubar, mas compartilhar aquilo que se tem com os outros, especialmente com quem precisa; não ceder à ira, ao rancor e à vingança, mas ser dócil, generoso e pronto ao perdão; não fazer calúnias que arruínam a fama das pessoas, mas ver mais o lado positivo de cada um.
O segundo elemento é: Permanecer no amor. O amor de Jesus Cristo dura para sempre, nunca terá fim, porque é a própria vida de Deus. Este amor vence o pecado e dá a força para nos reerguermos e recomeçar, porque com o perdão, o coração se renova e rejuvenesce. O nosso Pai nunca se cansa de amar e seus olhos não se cansam de olhar para a rua de casa para ver se o filho que saiu está voltando ou se perdeu. E este Pai não se cansa também de amar o outro filho, que embora esteja sempre em casa com ele, não é partícipe da sua misericórdia e da sua compaixão. Deus não está somente na origem do amor, mas, em Jesus Cristo, nos chama a imitar o seu mesmo modo de amar: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. (Jo 13,34). Na medida em que os cristãos vivem este amor, se tornam discípulos críveis de Cristo no mundo. O amor não consegue ficar fechado em si mesmo. É aberto por natureza, se difunde e é fecundo, gera sempre novo amor.
Queridos irmãos e irmãs, depois desta celebração, muitos entre vocês serão missionários e proporão a outros a experiência da reconciliação com Deus. “24 horas para o Senhor” é uma iniciativa à qual aderiram muitas dioceses, em várias partes do mundo. A todos que encontrarem, vocês podem transmitir a alegria de receber o perdão do Pai e de reencontrar a amizade plena com Ele. Quem vivencia a misericórdia divina é incentivado a ser artífice de misericórdia em meio aos últimos e aos pobres. Jesus nos aguarda nestes “irmãos menores”! Vamos ao encontro deles e celebraremos a Páscoa na alegria de Deus!
O Santo Padre confessou-se e confessou (vídeo só imagem)
O Santo Padre confessou-se e confessou (vídeo só imagem)
0,5% do seu IRS pode ajudar muito estas associações
0,5% do
seu IRS pode ser uma grande ajuda!
Um
simples gesto na altura de preencher a sua declaração de IRS pode
ajudar muito estas associações.
No quadro 9 do anexo 4 (ver figura) assinale com uma cruz
como indicado e sob o campo
NIPC
(Número de Identificação de Pessoa Colectiva) escreva o NIPC da instituição da
sua escolha.
Associação
Família e Sociedade - NIPC: 506 858 049
Ajuda
de Berço - NIPC: 504 296 442
ASSOCIAÇÃO
CRIANÇA E VIDA (CEV) - NIPC: 500 945 861
Apoio à
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Papa pede aos padres que evitem fazer do confessionário um «tribunal de condenação»
O Papa Francisco disse hoje no Vaticano que os padres devem ter uma atitude de “misericórdia” perante as pessoas que se vão confessar e pediu que evitem fazer do confessionário um “tribunal”.
“A misericórdia escuta verdadeiramente com o coração de Deus e quer acompanhar a alma no caminho da reconciliação. A Confissão não é um tribunal de condenação, mas experiência de perdão e de misericórdia”, afirmou, numa audiência aos participantes num curso promovido pela Penitenciária Apostólica da Santa Sé.
Francisco sublinhou que a misericórdia é “o coração do Evangelho”, convidando os presentes a não se esquecerem desta dimensão.
“A misericórdia é o coração do Evangelho, é a boa notícia de que Deus nos ama, que ama sempre o homem pecador e com este amor atrai-o para si e convida-o à conversão”, declarou.
O encontro aconteceu poucas horas antes de o próprio Papa ir confessar algumas pessoas na Basílica de São Pedro, no Vaticano, durante a “função penitencial” que ali vai decorrer a partir das 17h00 (menos uma em Lisboa).
A intervenção alertou para “dois extremos opostos” na atitude dos sacerdotes perante os penitentes, “o rigorismo e o laxismo”, e admitiu que muitos católicos têm dificuldade em procurar o Sacramento da Reconciliação, “seja por razões práticas, seja pela natural dificuldade de confessar a outro homem os próprios pecados”.
“Por isso, é preciso trabalhar mesmo em relação a nós mesmos, à nossa humanidade, para não ser nunca um obstáculo mas favorecer sempre a aproximação da misericórdia e do perdão”, disse Francisco aos participantes na audiência, sacerdotes e seminaristas em preparação para a ordenação.
Segundo o Papa, cada padre deve acolher os que se querem confessar “não com a atitude de um juiz nem com a de um amigo, mas com a caridade de Deus, com o amor de um pais que vê voltar o filho e vai ao seu encontro, do pastor que encontra a ovelha perdida”.
OC / Agência Ecclesia
N. 'Spe Deus': foi alterada a palavra 'litúrgica' que consta do texto original para 'função penitencial'
'A vida oculta de Bergoglio' (agradecimento 'É o Carteiro!')
A eleição de Jorge Mário Bergoglio como Papa e a marca que a sua personalidade está a deixar na Igreja desvelaram ao mundo um homem de um carisma muito pouco frequente. O jornalista argentino Armando Rubén Puente aprofunda nas origens da sua personalidade e formação e aproxima-nos de momentos decisivos, mas ainda pouco conhecidos, na vida de Francisco. Histórias verdadeiras inéditas da sua vida "oculta" contadas no livro La vida oculta de Bergoglio (LibrosLibres).
Enigmas do seu "desterro" que se decifram...
Um dos mistérios que rodeou a vida do novo Papa Francisco foram os anos que passou "oculto" na província de Córdoba (Argentina). Bergoglio padeceu em Córdoba uma grave e prolongada crise interior.
Armando Rubén Puente desvela o que aconteceu nesse "desterro" em Córdoba depois de deixar de ser Provincial para a Argentina da Companhia de Jesus:
Ao cumprir 52 anos Bergoglio viu-se confinado, teve, como ele diz, "um momento de grande crise interior estando em Córdoba". Uma crise diferente da que teve na juventude, motivada pelas leituras marxistas que lhe dava a sua chefe de laboratório, que esteve quase a pôr à prova as suas crenças; ou da que teve no regresso de Santiago de Chile quando se apaixonou. Uma crise mais grave.
Então recordou o que dizia S. Inácio de Loyola: "Dando por suposto que na desolação não devemos mudar os primeiros propósitos, aproveita muito reagir intensamente contra a mesma desolação como, por exemplo, insistir mais na oração e meditação, em examinar-se muito, e em alargar-nos na alguma forma conveniente de fazer penitência".
Muitas horas diante do Santíssimo
No quarto que lhe estava atribuído na residência, o número 5, e na capela, ante o Santíssimo, passou muitas horas recordando a sua infância, os pais e os avós imigrantes.
"Não queria senão dedicar-se a orar e pensávamos que estava meio doente", diz o p. Carlos Carranza. O p. José António Sojo, director da residência, preocupado e sabendo que dormia pouco e mal, propôs-lhe mudar para um quarto interior, para que não o incomodasse o ruído da rua, e pudesse descansar, mas Bergoglio não quis.
"Eu tenho um irmão jesuíta, Pablo, e frequentava muito a casa da Companhia, atendendo os sacerdotes que estavam doentes", diz Dra. Selva Tissera. "Estava preocupada pela saúde e estado emocional do P. Bergoglio e por isso trouxe-lhe do México uma medalha da Virgem de Guadalupe, que comprei quando visitei o santuário da Padroeira da América. Quando lha dei, Bergoglio emocionou-se ao ponto de chorar, e pô-la ao pescoço".
Um coração magoado... necessitado de perdoar
Jorge Bergoglio sabia que o seu problema era que "tinha o coração magoado, ferido, ressentido, incapaz de perdoar".
Sabia que "há coisas que não se podem apagar e que perdoar é olhar para elas de outra óptica, redimensionar a ofensa, essa ferida", que "o fundamento de todo o perdão é imitar Deus", que "embora não possamos dissimular ou passar por alto uma ofensa, como Ele faz na sua perfeição e santidade infinita, o que sim podemos é deixar passar um pouco o tempo, aguentar a dor, padecer com paciência a ofensa, o agravo, a injustiça, até que chegue o momento em que – com a ajuda de Deus – mudemos o coração, troquemos o coração de pedra por um de carne, como diz o profeta Ezequiel, como Deus quer. É um trabalho que só Ele pode fazer na medida em que nós nos ponhamos ao alcance, com esse esforço ascético de pedir perdão, de reconhecer as minhas culpas, que tinha falhado, em vez de tentar cobrar as coisas que me podiam ter feito".
Como repetiu muitas vezes "Deus perdoa-nos, assegura-nos que nos pode tirar do lodo em que caímos, onde nos enredámos, pela nossa falta, erro ou pecado; Deus nunca se cansa de nos perdar, mas nós cansamo-nos de pedir o seu perdão, de receber o seu perdão e de perdoar".
Sentia que estava no exílio
Bergoglio sentia-se no exílio até que se deu conta de que era "uma má nostalgia, em que se recordam os alhos e as cebolas do Egipto se olha para trás e se perde a esperança, uma má nostalgia fundada na recuperação romântica da memória, transformada em recordação".
"Todos queremos voltar a um tempo do nosso passado e refazê-lo, mas não se pode. Desde novo a vida pôs-me em tarefas de governo; recém ordenado sacerdote fui designado mestre de noviços e, dois anos depois, provincial".
Confessor durante dois anos
"Durante dois anos fui confessor na residência de Córdoba, que está em pleno centro, ao lado da universidade. Aí se confessam os professores, os estudantes universitários, e gente dos bairros, que quando vai fazer alguma coisa ao centro aproveita para confessar-se, porque o padre da sua paróquia não tem tempo ao domingo porque tem de dizer muitas missas. Notei que entre eles havia gente que se confessava bem, isto é, não perdia tempo em digressões, mas dizia o que tinha a dizer. Nunca diziam uma coisa que não fosse pecado. Não alardeavam. Falavam com muita humildade. "
Nos dois anos dedicados quase exclusivamente a meditar, a orar e a confessar, Bergoglio experimentou a misericórdia e conheceu grandes sofrimentos de muitos que iam confessar-se, mulheres que abortaram, prostitutas, e muitas pessoas castigadas por circunstâncias da vida. Conheceu um mundo diferente daquele em que tinha vivido durante vinte anos e teve de aprender uma pastoral diferente.
Um coração em paz para não maltratar os fiéis
Para confessar – dirá anos mais tarde – requere-se que "o coração do sacerdote esteja em paz, que não maltrate os fiéis, que seja humilde, benevolente e misericordioso; que saiba semear esperança no coração e, sobre tudo, que seja consciente de que o irmão ou irmã que se aproxima do sacramento da reconciliação procura o perdão tal como faziam tantas pessoas com Jesus: para que os cure".
Uma grave e prolongada crise interior
Como sabemos, foi ele que o contou, Bergoglio padeceu em Córdoba uma grave e prolongada crise interior, em que provavelmente pensava quando nos Exercícios Espirituais que deu em La Plata em 1990 disse falando do homem que padece uma dupla solidão: "Por um lado sente a solidão em relação aos outros homens, é um estranho no caminho. Por outro lado é-lhe dado saborear a amargura da solidão diante de Deus. Está duplamente marginalizado, em relação a Deus e aos homens, e ao mesmo tempo não pode prescindir nem de Deus, porque o procura e se sente procurado por ele, nem dos homens porque a sua missão o põe ao serviço dos seus irmãos a quem procura amar como a si mesmo".
Noutro momento recordou a exortação de S. Inácio que diz aos seus jesuítas: "Aquele que está em desolação trabalhe de estar em paciência, que é contrária às vexações que lhe vêm e pense que em breve será consolado".
Andar na vida com paciência...
"Jesus entrou. Às vezes a vida leva-nos não a fazer mas a padecer, suportando as nossas limitações e as dos outros. Andar com paciência é deixar que o tempo paute e amasse a nossa vida. Devemos andar em paciência, sobre tudo ante o fracasso e o pecado, quando nos damos conta de que quebramos o nosso próprio limite. É um claudicar da pretensão de querer solucionar tudo. É preciso fazer um esforço, mas percebendo que o próprio não pode tudo. É preciso relativizar a mística da eficácia. A paciência não é quiestista ou passiva, mas implica suportar, aguentar nos ombros a história."
Caluniaram-no e murmuraram contra ele.
A paciência é uma virtude procurada por Bergoglio, que se apoia nela em muitas ocasiões da sua vida, quando foi julgado temerariamente, o caluniaram e murmuraram contra ele, lhe fecharam portas, lhe levantaram obstáculos.
De Provincial a marginalizado...
Depois de ter iniciado aos 36 anos a sua carreira como o mais novo dos provinciais da Companhia, converteu-se num marginalizado, num exilado, num desterrado. Nesses anos negros, "fez o a sua aprendizagem como pastor, que foi chave para a formação desse coração de pastor que o converteu num líder espiritual tão diferente dos outros e tão próximo das pessoas" diz E. Himitian.
Mais respostas
No livro de Armando Rubén Puente La vida oculta de Bergoglio (LibrosLibres) há respostas para outras perguntas:
- Até onde chegou o compromisso de Jorge Mario Bergoglio com o peronismo?
- Que lhe disse uma alta patente militar para que tirasse da prisão um represaliado político?
–Porque é que as mafias da prostituição e das drogas que imperavam em Buenos Aires fizeram dele um alvo?
– Como trouxe à Mesa del Diálogo Argentino todas as forças políticas e agentes sociales para sair da extrema crise do "corralito"?
– O que é a Teologia do Povo com que quis substituir a Teologia da Libertação, de raíz marxista?
– Que fez nas "villas miseria" de Buenos Aires para que os seus habitantes se sentissem parte da Igreja?
– Como conseguiu que la Virgen Desatadora de nós, uma devoção própria da Alemanha, fosse venerada por milhares de compatriotas?
– Com que critério o casal Kirchner o considerava o verdadeiro representante da op
«Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração»
Santo António de Lisboa (c. 1195-1231), franciscano, doutor da Igreja
Sermões para o domingo e as festas dos santos
Sermões para o domingo e as festas dos santos
«Amarás o Senhor teu Deus.» «Teu» Deus, está dito, e esta é uma razão para amar mais; gostamos mais do que nos pertence do que daquilo que nos é estranho. É certo, o Senhor teu Deus merece ser amado; Ele tornou-Se teu servo, para que tu Lhe pertenças e não te envergonhes de O servir. […] Durante trinta anos, o teu Deus tornou-Se teu servo por causa dos teus pecados, para te arrancar da escravidão do diabo. Portanto, amarás o Senhor teu Deus. Aquele que te fez fez-Se teu servo por ti; ele deu-Se-te por inteiro, para que tu te dês a ti mesmo. Quando eras infeliz, Ele refez a tua felicidade, deu-Se a ti para que tu te reentregues a ti mesmo.
Portanto, amarás o Senhor teu Deus «com todo o teu coração.» «Todo»: não podes guardar nenhuma parte para ti. Ele quer a oferta total de ti próprio; comprou-te por inteiro, para te ter para Si por inteiro. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração. Não guardes uma parte de ti mesmo, como Ananias e Safira, porque de outra maneira poderias morrer como eles (Act 5,1 s). Portanto, ama totalmente e não em parte. Porque Deus não tem partes, está inteiramente em toda a parte. E não deseja partilhar o teu ser, Ele que está por inteiro no Seu Ser. Se reservas uma parte de ti mesmo, és teu, e não dele.
Portanto, queres possuir tudo? Dá-Lhe o que és, e Ele te dará o que é. E não mais terás nada de teu; mas tê-Lo-ás a Ele inteiramente contigo.
Portanto, amarás o Senhor teu Deus «com todo o teu coração.» «Todo»: não podes guardar nenhuma parte para ti. Ele quer a oferta total de ti próprio; comprou-te por inteiro, para te ter para Si por inteiro. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração. Não guardes uma parte de ti mesmo, como Ananias e Safira, porque de outra maneira poderias morrer como eles (Act 5,1 s). Portanto, ama totalmente e não em parte. Porque Deus não tem partes, está inteiramente em toda a parte. E não deseja partilhar o teu ser, Ele que está por inteiro no Seu Ser. Se reservas uma parte de ti mesmo, és teu, e não dele.
Portanto, queres possuir tudo? Dá-Lhe o que és, e Ele te dará o que é. E não mais terás nada de teu; mas tê-Lo-ás a Ele inteiramente contigo.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
O Evangelho do dia 28 de março de 2014
Vendo que Jesus lhes tinha respondido bem, perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?». Jesus respondeu-lhe: «O primeiro de todos os mandamentos é este: “Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças”. O segundo é este: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Não há outro mandamento maior do que estes». Então o escriba disse-Lhe: «Mestre, disseste bem e com verdade que Deus é um só, e que não há outro fora d'Ele; e que amá-l'O com todo o coração, com todo o entendimento, com toda a alma, e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais que todos os holocaustos e sacrifícios». Vendo Jesus que tinha respondido sabiamente, disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». Desde então ninguém mais ousava interrogá-l'O.
Mc 12, 28b-34
quinta-feira, 27 de março de 2014
Pecadores serão perdoados, corruptos não
Cerca de 500 políticos, entre deputados, senadores e ministros do governo italiano participaram, pelas sete horas desta quinta-feira, da missa celebrada pelo Papa Francisco no Altar da Cátedra da Basílica de São Pedro.
Os Presidentes da Câmara e do Senado, Laura Boldrini e Pietro Grasso, lideraram o grupo. O convite foi feito no início de fevereiro pelo capelão de Montecitorio (sede do Governo), Mons. Lorenzo Leuzzi, “atendendo a desejo do Papa de acolher os pedidos de muitos parlamentares que queriam participar de sua missa da manhã”.
Na homilia, Francisco lembrou que nos tempos de Jesus, a classe dirigente havia se afastado do povo, o havia ‘abandonado’ por ser corrupta e incapaz de enxergar além de sua ideologia.
“Interesses partidários e lutas internas: nisso pensavam aqueles que comandavam, ao ponto que quando Messias apareceu diante deles, não o reconheceram e o acusaram de ser um curandeiro do bando de Satanás”.
Na primeira leitura, extraída do livro de Jeremias, o profeta narra o “lamento de Deus” por uma geração que não lhe prestou ouvidos e que se justificava por seus pecados, dando-lhe as costas. “Esta é a dor do Senhor, a dor de Deus”, disse o Papa.
“O coração daquelas pessoas com o tempo se endureceu tanto que ficou impossível ouvirem a voz do Senhor. É muito difícil um corrupto voltar atrás. Os pecadores sim, porque o Senhor é misericordioso e os espera, mas os corruptos ficam presos em suas coisas; e por isso, se justificam”.
Estas pessoas, prosseguiu o Papa, “erraram o caminho”, fizeram resistência à salvação de amor do Senhor e acabaram se desviando da fé.
“Os fariseus recusaram o amor do Senhor e esta negação os levou a um caminho que não era o da dialética da liberdade que o Senhor oferecia, mas o da lógica da necessidade, onde não há lugar para o Senhor. Na dialética da liberdade, existe o Senhor bom, que nos ama tanto! Ao contrário, na lógica da necessidade não há lugar para Deus: a ordem é ‘fazer’, ‘dever’... é uma ordem comportamental: são homens de boas maneiras, mas de péssimos costumes”.
A Quaresma, concluiu Francisco, nos lembra que “Deus ama todos” e que “devemos fazer o esforço de nos abrir a Ele”:
“Fará bem a todos nós pensar no convite do Senhor ao amor e nos questionarmos se estamos caminhando neste sentido, ou estamos ‘correndo o risco de nos justificar e escolhermos outro caminho?’ Rezemos ao Senhor para que nos dê a graça de optar sempre pela estrada da salvação, que nos abra à salvação que vem somente de Deus e da fé, e não das propostas dos ‘doutores do dever’ que perderam a fé e regiam o povo com a teologia pastoral do dever”.
Desde que tomou posse, em 22 de fevereiro passado, o Governo do jovem primeiro-ministro Matteo Renzi tem recebido encorajamentos do Vaticano: o Cardeal Secretário de Estado, D. Pietro Parolin, fez votos de que Renzi consiga realizar as reformas estruturais necessárias ao país, tendo como prioridade a questão do trabalho e as famílias.
(Fonte: 'news.va' com adaptação de pormenor)
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