Tristeza não tem fim
Felicidade, sim...
Felicidade, sim...
A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar...
A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento do sonho
Pra fazer a fantasia de rei, ou pirata, ou jardineira
E tudo se acabar na quarta-feira
(Tom Jobim e Vinicius de Morais)
Esta era uma música do meu tempo, que agora relembro, para meditar um pouco nesta letra do mundo, numa perspectiva espiritual, neste tempo de Carnaval.
1 – “Tristeza não tem fim, felicidade sim”.
Muitos de nós se calhar pensamos assim, ou seja, que a felicidade é efémera, porque apenas pensamos na vida aqui e agora.
Muitos de nós somos assim, mais agarrados à tristeza, vivendo-a como uma fatalidade a que nos parece não poder fugir.
E no entanto, Jesus Cristo disse-nos:
«Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.» Jo 10, 10b
Mas para isso é preciso abrirmo-nos à Sua presença em nós e deixar que Ele tome sobre Si as nossas dores. Porque assim, Ele será o nosso Cireneu.
Não retira de nós a nossa cruz, mas ajuda-nos a carregá-la e a descobrir nela o caminho da verdadeira felicidade para sempre.
2 – “A felicidade tem a vida breve,… precisa que haja vento sem parar”.
A felicidade não tem a vida breve, desde que haja vento sem parar.
E o vento do Espírito Santo sopra sempre, nunca pára! Temos é que estar atentos e colocar-nos ao sabor do vento.
E podem vir as ventanias, os furacões e até as calmarias, que se estivermos entregues à brisa que sopra, tudo isso é vivido no amor, na aceitação e assim como a pluma não pára de voar, leve, leve, também nós não paramos de viver na serenidade e na paz de Deus, passando pelas agruras do mundo, na confiança, na esperança viva e permanente da vida em abundância, que nos é dada por Jesus Cristo.
3 – “A felicidade parece…a ilusão…trabalha o ano inteiro…fantasia…”
Vivemos muitas vezes assim, agarrados à felicidade momentânea, à felicidade de um Carnaval qualquer nas nossas vidas.
Empenhamos tudo numa fantasia daquilo que pensamos ser bom para nós, numa procura de um momento de estatuto, social ou qualquer outro, para depois descobrirmos que este mundo é assim, ingrato, e que quando a fantasia se acaba, por qualquer razão, a solidão é maior e o mundo se afasta de nós, indiferente à nossa dor e a tudo o que possamos ter feito, porque tudo foi feito para nós, só para a nossa felicidade e não pensámos na felicidade dos outros.
4 – “Para tudo acabar na Quarta Feira”
Ressureição de Pericle Fazzini Sala Paulo VI - Vaticano |
E é nesta Quarta Feira que tudo deve acabar.
Mas ao contrário da música, é bom que acabe toda a fantasia que não leva a nada, que nos afasta da realidade, da verdadeira vida, da vida que não acaba e que portanto não é deste mundo, embora aqui tenha passagem.
É tempo de reconhecer, durante quarenta dias, que a vida vivida em Deus, por Deus e com Deus leva à felicidade, embora muitas vezes passando pela tristeza.
É tempo de acreditar, que a felicidade não terá fim, se soubermos aceitar as tristezas momentâneas das nossas vidas, de vivê-las numa entrega, que nos leva à libertação delas mesmas e de tudo aquilo que não nos dá vida, mas antes nos afasta da verdadeira vida.
É tempo de reconhecermos, de aceitarmos que Jesus Cristo passou pela Paixão, para chegar à Ressurreição.
Escrito e publicado em 17 de Fevereiro de 2007 AQUI (seleção de imagens deste blogue)
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