Algumas religiões afirmam que todos os seus crentes vão para o céu e que todos os que o não são estão, por esse facto, irremissivelmente condenados.
Embora a Igreja católica ofereça a salvação aos seus fiéis, que a têm assegurada no cabal cumprimento dos seus preceitos, Jesus nunca disse que todos os cristãos se salvariam, nem muito menos que todos os que o não fossem ficavam excluídos da felicidade eterna. Pelo contrário, Cristo afirmou que até alguns dos que fazem milagres, em seu nome, não entrarão no reino dos céus e que outros, que nunca foram formalmente seus seguidores, serão recebidos entre os bem-aventurados.
Quer isto dizer, então, que de nada serve ser católico? De modo algum, porque a Igreja é sacramento universal de salvação e, por isso, quem recebe as suas graças e procura viver os seus ensinamentos está em melhores condições para chegar ao céu, ao contrário dos que, consciente e voluntariamente, rejeitam esses auxílios sobrenaturais. Quem se inscreve numa escola, ou é internado num hospital, tem mais hipóteses de aprender ou de se curar, respectivamente, embora também haja autodidactas mais cultos do que os que receberam instrução e gentes que se curam sem recorrer a meios clínicos. E há primeiros que serão últimos e últimos que serão primeiros.
Nelson Mandela não era católico mas era, certamente, um homem justo. Nunca enveredou pela violência e soube perdoar, sem ressentimentos, os anos de prisão a que foi injustamente condenado. Já presidente da África do Sul, foi um obreiro da paz e da reconciliação nacional. Graças a esse seu empenhamento pela igualdade e justiça social, recebeu o Nobel e é de esperar que lhe tenha sido dado também o prémio da eterna bem-aventurança, porque os que promovem a paz serão chamados filhos de Deus (Mt 5, 9).
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