O nosso
Padre escrevia, em 1967: Que são os sacramentos se não pegadas da
Encarnação do Verbo divino, clara manifestação do modo que Deus escolheu e
determinou – ninguém senão Ele o podia fazer – para nos santificar e conduzir
ao Céu, instrumentos sensíveis dos quais o Senhor Se serve para nos conferir
realmente a graça, segundo a significação própria de cada um? [14]
Que agradecidos havemos de estar à nossa Santa Mãe Igreja por conservar e nos
oferecer este tesouro, com plena fidelidade a Jesus Cristo! E como havemos de o
proteger e defender em toda a sua integridade! Damos graças particularmente
pelo Batismo, que nos introduziu na grande família dos filhos de Deus.
Recebê-lo quanto antes adquire uma importância capital, porque este sacramento
– ou o seu desejo, pelo menos implícito – é necessário para alcançar a
salvação: Ninguém pode entrar no Reino de Deus se não nascer da água e do
Espírito Santo [15], anunciou Jesus a Nicodemos. Certamente que o
Espírito pode atuar, como a doutrina da Igreja expõe, e de facto atua, também
fora dos confins visíveis da Igreja. Mas o próprio Deus estabeleceu que a forma
comum de participar na Morte e Ressurreição de Cristo, pela qual somos salvos,
é fruto da incorporação na Igreja através do Batismo. Consequentemente, «a
prática de batizar as crianças é tradição imemorial da Igreja» [16]. Lemos
também no Catecismo da Igreja Católica: «a pura gratuidade da graça da
salvação é particularmente manifesta no Batismo das crianças. Por isso, a
Igreja e os pais privariam a criança da graça inestimável de se tornar filho de
Deus se não lhe conferissem o Batismo pouco depois do seu nascimento» [17]. E
conclui: «Os pais cristãos reconhecerão que esta prática corresponde, também,
ao seu papel de sustentar a vida que Deus lhes confiou» [18].
O batismo não só perdoa os pecados e infunde a primeira graça, como é a porta
dos outros sacramentos e torna assim possível que os cristãos se configurem
cada vez mais com Jesus Cristo, até chegarem a identificar-se com Ele. A fé, a
esperança e a caridade hão-de crescer em todos os batizados, crianças e
adultos, depois do Batismo. E isto verifica-se na Igreja, depositária, como já
foi dito, dos meios de salvação. Assim o afirmava o Papa numa das suas
catequeses do mês passado: Uma mãe não se limita a dar a vida, mas com
grande atenção ajuda os seus filhos a crescer, dá-lhes o leite, alimenta-os,
ensina-lhes o caminho da vida, acompanha-os sempre com as suas atenções, com o
seu carinho e com o seu amor, até quando são adultos. E nisto sabe também
corrigir, perdoar e compreender, sabe estar próxima na enfermidade e no
sofrimento… [19] Assim faz a Igreja com os filhos que gerou no Batismo: acompanha
o nosso crescimento, transmitindo a Palavra de Deus (…) e administrando os
Sacramentos. Alimenta-nos com a Eucaristia, concede-nos o perdão de Deus
através do Sacramento da Penitência e apoia-nos na hora da doença com a Unção
dos enfermos. A Igreja acompanha-nos durante toda a nossa vida de fé, em toda a
nossa vida cristã [20].
[14]. S. Josemaria, Carta 19-III-1967, n. 74.
[15]. Jo 3, 5.
[16]. Catecismo da Igreja Católica, n. 1252.
[17]. Catecismo da Igreja Católica, n. 1250. Cfr. CIC can. 867.
[18]. Catecismo da Igreja Católica, n. 1251.
[19]. Papa Francisco, Discurso na Audiência geral, 11-IX-2013.
[20]. Papa Francisco, Discurso na Audiência geral, 11-IX-2013.
(D. Javier
Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de outubro de 2013)
© Prælatura
Sanctæ Crucis et Operis Dei
Sem comentários:
Enviar um comentário