Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Difícil é fazer bem (excerto escrito há um ano e plenamente atual)

Vivemos tempos dolorosos, com Portugal enfrentando desafios históricos. São compreensíveis discussões, protestos, até tumultos. Apesar disso, alguns extremos verbais de pessoas responsáveis degradam o debate político. Compreende-se a irritação, mas espanta a falta de sensatez e nível democrático. Precisamente porque o momento é doloroso tem de haver recato.
(…)
Cada um tem as opiniões que quiser, e em tempos dolorosos elas tendem a extremar-se. Apesar disso surpreende a falta de sensibilidade a alguns pontos elementares. Os economistas que zurzem tão violentamente a orientação do Governo conhecem como poucos a situação delicada em que o país se encontra. Sabem perfeitamente como é mínima a margem de manobra que nos é permitida. A condição do actual ministro das Finanças é a mais limitada e restrita de todos detentores do cargo nas últimas décadas, precisamente por causa dos erros cometidos nessas décadas.

O Orçamento em discussão nasce totalmente espartilhado, preso ao Memorando de Entendimento, que foi concebido, não por forças maléficas, mas pelos nossos parceiros europeus e pela instituição mundial mais experiente em ajustamento de economias. A reestruturação é indispensável e inevitavelmente dolorosa. O compromisso assinado, vinculativo em termos nacionais e aceite pelas forças políticas responsáveis, exigia um défice de 3% em 2013. Na última revisão o limite foi ajustado para 4.5%, concedendo na prática mais um ano de folga ao país.

Compreende-se a irritação dos ex-ministros, mas lamenta-se a falta de comedimento e autocontrolo. Eles próprios ouviram no seu tempo frases desse tipo, mas nunca na boca de antecessores. A sua experiência ensinou-lhes como a retórica exagerada pode ser devastadora. Têm consciência que expressões como as que disseram, não contribuindo em nada para resolver as dificuldades, ajudam pelo contrário a aumentar a animosidade, incerteza e desequilíbrio nacionais. Críticas há muitas, e até há alternativas. São é piores. Todas as soluções passam por pedir renegociação das condições, o que manifesta não haver escolha.

A discordância é saudável e o debate democrático. Mas quando as coisas serenarem, será difícil entender como pessoas responsáveis sugeriram revoluções violentas, assassinatos políticos ou que o Orçamento nos mata a todos. É tão fácil dizer mal. Difícil mesmo é fazer bem.

João César da Neves in DN online em 2012 AQUI

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