Lamento muito a decisão do Papa de renunciar ao pontificado. Trata-se de uma decisão original, porque ele é um homem original e corajoso. Considero-o um líder espiritual extraordinário e único.
Penso que a contribuição de Bento XVI teve um impacto importante. É um homem de pensamento profundo. O corpo pode envelhecer mas a sabedoria nunca envelhece.
O seu compromisso pela paz e pela humanidade é autêntico. Possui a sinceridade do crente verdadeiro, a sabedoria de quem compreende as mudanças da história e a consciência de que, não obstante as diferenças, não nos devemos tornar estranhos nem inimigos.
No âmbito das relações entre a Igreja católica e o povo judeu realizou inúmeros gestos. Afirmou que o povo judeu não é responsável pela morte de Jesus; reafirmou que os judeus são os "nossos irmãos mais velhos" e disse que Deus nunca abandonou o povo judeu. Visitou Israel e o Templo maior em Roma para expressar a sua amizade e solidariedade. Em Israel acompanhei-o pessoalmente. E foi amistoso de uma maneira excepcional e deveras cheia de carinho. Rezou pela paz no Médio Oriente, precisamente como fazemos eu e outros. Não pode ser considerado como o líder administrativo do Vaticano, mas como guia espiritual, dotado de profundidade, conhecimento e sabedoria. Considero-o um amigo. Desejo-lhe todo o bem e permanecerei em contacto com ele.
Em Jerusalém rezaremos a fim de que possa recuperar as forças físicas e oferecer a própria sabedoria, profundidade e amizade a todos os povos, a todas as religiões.
Recordá-lo-emos com respeito e estima por tudo o que fez.
SHIMON PEREZ
Presidente de Israel
(© L'Osservatore Romano - 24 de Fevereiro de 2013)
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