Após três dias de debates, os participantes da XXIV Assembleia Plenária do Pontifício Conselho Cor Unum, foram recebidos na manhã deste sábado em audiência pelo Bento XVI, no Vaticano. O tema que norteou este encontro foi “Caridade, antropologia cristã e nova ética global”.
A Assembleia, aberta quinta-feira pelo Cardeal Robert Sarah, Presidente do Pontifício Conselho para a caridade, enfatizou o discernimento e a vigilância como indispensáveis na obra de caridade da Igreja.
A Assembleia deste ano reuniu cerca de cem participantes de vinte países: religiosos e leigos comprometidos que trabalham em associações católicas e ONGs de diversas áreas, Caritas locais, entidades como a Catholic Relief Services, a Comissão Católica Internacional de Migrações, Terra Solidária e organizações de desenvolvimento e cooperação.
No seu discurso aos membros do organismo, Bento XVI advertiu que “a colaboração com organizações internacionais no campo do desenvolvimento e da promoção humana não deve nos fazer ‘fechar os olhos’ a ideologias ditadas por visões materialistas do homem e à antropologia ateia”.
“Algumas vezes – segundo o Pontífice – é preciso ser mais críticos e até recusar certos financiamentos e colaborações favoráveis a projetos que vão contra a antropologia cristã. As ideologias que enalteciam o culto de uma nação, uma raça ou classe social se revelaram como ‘idolatrias’. O mesmo se pode dizer do capitalismo selvagem, que com o seu culto do lucro, gerou crises, desigualdades e misérias”.
O Papa Bento XVI falou longamente sobre o empenho dos cristãos envolvidos em atividades de caridade, que mantêm relação direta com outros atores sociais e que se confrontam com o emergente “reducionismo antropológico”, ao qual se soma “o grande desenvolvimento da tecnologia”.
“Esta união pressupõe que o ser humano reduzido a funções autónomas: a mente ao cérebro, a história humana a um destino de mera auto-realização prescindindo de Deus, da dimensão espiritual e do horizonte além-terra. Quando o homem é privado de sua alma e não mantém uma relação pessoal com o Criador, tudo o que é tecnicamente possível torna-se moralmente lícito, qualquer política demográfica, aceitável e as manipulações, legitimadas”.
Bento XVI ressalvou que a armadilha mais perigosa desta linha de pensamento é a absolutização do homem, que quer ser livre de qualquer vínculo ou constituição natural: ele quer ser independente e pensa que a felicidade está na sua autoafirmação.
No entanto – concluiu o Papa - o ser humano não é nem um indivíduo autónomo, nem um elemento separado da coletividade, mas uma pessoa singular e única, intrinsecamente ordenada como um ser relacional e social: “Portanto, a Igreja reafirma seu grande ‘sim’ à dignidade e à beleza do casamento como uma expressão da aliança fiel e fecunda entre homem e mulher. A reciprocidade ‘masculino-feminino’ é uma expressão da beleza natural desejada pelo Criador”.
Lembrando que a Igreja está sempre comprometida com a promoção do homem segundo o projeto de Deus, em sua dignidade integral, no respeito de sua dimensão vertical e horizontal, o Papa frisou que este deve ser o objetivo das obras de caridade e desenvolvimento das entidades católicas”.
Rádio Vaticano na sua edição para o Brasil com adaptação de JPR
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