Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O desafio da geração (excerto)

Esta crise é um grande teste. Perante a desgraça, todos somos postos à prova. Para a maior parte de nós, esta situação é mesmo o desafio da nossa vida. Um dia perguntarão o que fizemos na grande recessão, como hoje dizemos da Guerra Colonial ou do 25 de Abril. Muitos terão de responder sinceramente que foram parte do problema, não da solução. Terão de dizer que protegeram benesses, sabotaram reformas, resistiram à mudança, incitaram ao ódio.

A tentação da revolta e desânimo é bem compreensível. O pior da conjuntura, o verdadeiro mal que cria no tecido social é a surpresa, a desilusão, a indignação. Confiávamos no sistema que faliu e surgiu o oposto do prometido. Muitos sofrem muito, mas o que mais ocupa os nossos protestos é o desalento, a queixa, a fúria. Este país deixou-nos outra vez ficar mal. Ouvimos muitas histórias degradantes de injustiças, mentiras, direitos violados, inocentes sofrendo, corruptos e burlões. Grande parte é falsa, pois a fúria cria o exagero, mas muitas são verdade. Assim, multidões de argumentos justificam a atitude negativa. O efeito de todas é sempre promover propostas repulsivas, nunca construtivas. A receita é denúncia, revolta, violência, nunca compreensão, solidariedade, perdão.
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É fácil desanimar, desistir, acusar, insultar, agredir, odiar, mas o problema fica na mesma. Um pouco pior. Difícil é subir ao nível da dificuldade e enfrentá-la. Vencer ou perder, mas encará-la. Como o fizeram as gerações antigas em encruzilhadas bem mais duras.
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O pior da crise é o ódio. Só o ódio poderia realizar as irresponsáveis previsões catastrofistas que dominam a imprensa. O ódio é a única força que pode perpetuar o mal, deixando cicatrizes na economia, na sociedade, na política e na cultura. A situação justifica repulsa, angústia, desânimo, até mesmo desespero ou revolta. Mas não pode justificar o ódio, porque nada o justifica. O ódio nunca nasce das circunstâncias, mas da atitude face às circunstâncias. O ódio, mesmo mascarado de justiceiro, nunca tem razão. É sempre um mal arbitrário, abusivo, inaceitável.
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Se a percentagem dos que vencem o ódio for superior à dos seus promotores, Portugal passa o teste. Só o nosso carácter, a fibra, as raízes e as convicções profundas nos permitirão vencer o desafio desta geração.

João César das Neves in DN online com texto integral AQUI

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