Encíclica «Spe Salvi», § 47 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana, rev.)
Alguns teólogos recentes são de parecer de que o fogo que simultaneamente queima e salva é o próprio Cristo, o Juiz e Salvador. O encontro com Ele é o acto decisivo do Juízo. Ante o seu olhar, funde-se toda a falsidade. É o encontro com Ele que, queimando-nos, nos transforma e liberta para nos tornar verdadeiramente nós mesmos. As coisas edificadas durante a vida podem então revelar-se palha seca, pura fanfarronice e desmoronar-se. Porém, na dor deste encontro, em que o impuro e o nocivo do nosso ser se tornam evidentes, está a salvação. O seu olhar, o toque do seu coração, cura-nos através de uma transformação certamente dolorosa, «como pelo fogo». Contudo, é uma dor feliz, em que o poder santo do seu amor nos penetra como chama, consentindo-nos no final sermos totalmente nós mesmos e, por isso mesmo totalmente de Deus.
Deste modo, torna-se evidente também a compenetração entre justiça e graça: o nosso modo de viver não é irrelevante, mas a nossa baixeza não nos mancha para sempre, se ao menos continuámos inclinados para Cristo, para a verdade e para o amor. No fim de contas, esta baixeza já foi queimada na Paixão de Cristo. No momento do Juízo, experimentamos e acolhemos este prevalecer do seu amor sobre todo o mal que há no mundo e em nós. A dor do amor torna-se a nossa salvação e a nossa alegria.
Deste modo, torna-se evidente também a compenetração entre justiça e graça: o nosso modo de viver não é irrelevante, mas a nossa baixeza não nos mancha para sempre, se ao menos continuámos inclinados para Cristo, para a verdade e para o amor. No fim de contas, esta baixeza já foi queimada na Paixão de Cristo. No momento do Juízo, experimentamos e acolhemos este prevalecer do seu amor sobre todo o mal que há no mundo e em nós. A dor do amor torna-se a nossa salvação e a nossa alegria.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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