Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 18 de agosto de 2013

Os nossos dias no Reino de Op - Paola Natalicchio, uma mãe, narra a oncologia pediátrica

Há livros que nunca deveriam ser lidos, porque nunca deveriam ser escritos.  E simplesmente porque existem coisas que nunca deveriam acontecer. Por exemplo, nunca deveriam existir enfermarias hospitalares dedicadas à oncologia pediátrica. Nem à reanimação pediátrica. Nunca se deveria aceitar que a um bebé com apenas dois meses seja diagnosticado um fibrossarcoma abdominal, um raro tumor no abdómen; ou  que alguém sofra, com sete anos, de um neuroblastoma metástico destinado a disseminar-se progressivamente dos pulmões para outras partes do corpo, até alcançar o cérebro; ou que, com doze anos, se receba como dom um diagnóstico de ependimoma, raríssimo tumor da medula espinhal; ou também, nunca se deveria, com quinze anos, ter um osteossarcoma no fémur. Todavia, acontece.
Tendo vivido na própria pele a experiência atroz de um filho doente, Paola Natalicchio (nascida em 1978) decidiu compartilhar a sua história. Angelo «completou sete ciclos de quimioterapia e sofreu uma operação que reabriu o seu desafio à vida. Não sarou. Serão necessários cinco anos para poder afirmar se realmente está bem. Entretanto, está bem. (…) Também eu e o Marco estamos bastante bem. Casamo-nos. Voltámos a trabalhar. E há dias em que conseguimos sentir-nos uma família normal. Mas nunca vou deixar de narrar a nossa viagem ao Reino de Op. Porque aprendi que a dor nunca deve ser removida, nem desperdiçada. Existe sempre um ponto de alavanca para a derrubar, a dor, e para a transformar em algo diferente». Natalicchi narrou tudo isto num livro, Il Regno di Op (Torino, Einaudi, 2013, 158 páginas) e continua a fazê-lo num blog (http://ilregnodiop.blogspot.pt/), que «hoje se tornou o espaço no qual uma comunidade – a das famílias das crianças oncológicas  - se reencontra, está próxima mas sobretudo busca o contacto com o exterior, sem medo de tocar a pele e de se fazer tocar. Sem luvas de plástico». O que faz de um ser humano uma pessoa é a sua capacidade de enfrentar a realidade. As alegrias assim como as dores: nunca sozinhos, perante as multíplice situações da nossa vida. Mil faces que compõem e desenham o que somos.
  Giulia Galeotti
9 de Agosto de 2013

(© L'Osservatore Romano)

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