O Sacramento do Baptismo não é o gesto de uma hora, mas constitui uma realidade de toda a nossa vida, é um caminho de toda a nossa existência.
Na realidade, por detrás encontra-se também a doutrina dos dois caminhos, que era fundamental no primeiro cristianismo:
um caminho ao qual dizemos «não», e outro caminho al qual dizemos «sim».
Comecemos pela primeira parte, as renúncias.
São três, e realço sobretudo a segunda:
«Renunciais às seduções do mal, para não vos deixardes dominar pelo pecado?».
Que são estas seduções do mal?
Na Igreja antiga, e ainda durante séculos, aqui havia esta expressão: «Renunciais à pompa do diabo?», e hoje sabemos o que se entendia com esta expressão: «pompa do diabo».
A pompa do diabo eram sobretudo os grandes espectáculos cruentos, nos quais a crueldade se torna divertimento, matar homens se torna algo espectacular: espectáculo, a vida e a morte de um homem.
Estes espectáculos cruentos, este divertimento do mal, é a «pompa do diabo», onde se manifesta com beleza aparente e, na realidade, aparece com toda a sua crueldade.
Mas para além deste significado imediato da palavra «pompa do diabo», devia-se falar de um tipo de cultura, de um way of life, de um estilo de vida no qual não conta a verdade mas a aparência, não se procura a verdade mas o efeito, a sensação, e sob o pretexto da verdade, na realidade, destroem-se homens, deseja-se destruir e criar-se só a si mesmo como vencedor.
Portanto, esta renúncia era muito real:
era a renúncia a um tipo de cultura que é uma anticultura, contra Cristo e contra Deus.
Agora deixo a cada um de vós a reflexão sobre esta «pompa do diabo», sobre esta cultura à qual dizemos «não».
Ser baptizado significa exacta e substancialmente, um emancipar-se, um libertar-se desta cultura.
Conhecemos também nos dias de hoje um tipo de cultura na qual a verdade não conta; não obstante, aparentemente, se deseje fazer manifestar toda a verdade, só contam a sensação e o espírito de calúnia e de destruição.
Uma cultura que não procura o bem e cujo moralismo é, na realidade, uma máscara para confundir, criar confusão e destruição.
Contra esta cultura, na qual a mentira se apresenta nas vestes da verdade e da informação, contra esta cultura que procura unicamente o bem-estar material e nega Deus, digamos «não».
Conhecemos bem, inclusive graças a numerosos Salmos, este contraste de uma cultura na qual uma pessoa parece intocável por todos os males do mundo, pondo-se acima de todos, acima de Deus, enquanto na realidade é uma cultura do mal, um domínio do mal.
CONGRESSO ECLESIAL DA DIOCESE DE ROMA
"LECTIO DIVINA" DO PAPA BENTO XVI
Basílica de São João de Latrão
Segunda-feira, 11 de Junho de 2012
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