Na homilia, partindo das Leituras da celebração, o Papa recordou que a solenidade da Santíssima Trindade convida-nos a contemplar o mistério da vocação cristã, dos batizados chamados a viver como filhos de Deus e irmãos entre si, e impele-nos também ao compromisso de viver a comunhão com Deus e entre nós segundo o modelo da comunhão trinitária. “Somos chamados a acolher e a transmitir, concordes, as verdades da fé; a viver o amor recíproco e para com todos, compartilhando alegrias e sofrimentos, aprendendo a pedir e a dar o perdão, valorizando os diversos carismas sob a guia dos Pastores”. “Numa palavra, está-nos confiada a tarefa de construir comunidades eclesiais que sejam cada vez mais família, capazes de reflectir a beleza da Trindade e evangelizar não só com a palavra mas – diria eu – por «irradiação», com a força do amor vivido”.
Mas – prosseguiu o Papa - não só a Igreja está chamada a ser imagem do Deus Uno em Três Pessoas. Também a família fundada no matrimónio entre o homem e a mulher. “Deus criou o ser humano, homem e mulher, com igual dignidade, mas também com características próprias e complementares, para que os dois fossem dom um para o outro, se valorizassem reciprocamente e realizassem uma comunidade de amor e de vida. O amor é o que faz da pessoa humana a autêntica imagem de Deus.”
O projecto de Deus para o casal humano alcança a sua plenitude em Jesus Cristo, que elevou o matrimónio a Sacramento. “Com um dom especial do Espírito Santo, queridos esposos, Cristo faz-vos participar no seu amor esponsal, tornando-vos sinal do seu amor pela Igreja: um amor fiel e total. Se souberdes acolher este dom, renovando diariamente o vosso «sim» com fé e com a força que vem da graça do Sacramento, também a vossa família viverá do amor de Deus, tomando por modelo a Sagrada Família de Nazaré.”
Bento XVI recordou aos muitos casais presentes o testemunho recebido, neste Encontro Mundial, da parte de tantas famílias, que indicavam assim os caminhos para crescer no amor: manter um relacionamento perseverante com Deus e participar na vida eclesial, cultivar o diálogo, respeitar o ponto de vista do outro, estar disponíveis para servir, ser paciente com os defeitos alheios, saber perdoar e pedir perdão, superar com inteligência e humildade os possíveis conflitos, concordar as directrizes educacionais, estar abertos às outras famílias, atentos aos pobres, ser responsáveis na sociedade civil. Todos estes são elementos que constroem a família”.
Bento XVI não esqueceu também (citamos) “os fiéis que, embora compartilhando os ensinamentos da Igreja sobre a família, estão marcados por experiências dolorosas de falência e separação”. “Sabei que o Papa e a Igreja vos apoiam na vossa difuculdade. Encorajo-vos a permanecer unidos às vossas comunidades, enquanto almejo que as dioceses assumam adequadas iniciativas de acolhimento e proximidade.”
Quase a concluir, o Papa evocou o tema deste VII Encontro Mundial: “A família: trabalho e festa”. No que diz respeito ao trabalho, Bento XVI recordou que Deus deixou ao homem e à mulher a tarefa de colaborar com Ele na transformação do mundo, através do trabalho, da ciência e da técnica. Ora – fez notar Bento XVI – “nas teorias económicas modernas, prevalece muitas vezes uma concepção utilitarista do trabalho, da produção e do mercado”.
“Mas, o projecto de Deus e a própria experiência mostram que não é a lógica unilateral do que me é útil e do maior lucro que pode concorrer para um desenvolvimento harmonioso, o bem da família e para construir uma sociedade mais justa, porque traz consigo uma competição exasperada, fortes desigualdades, degradação do meio ambiente, corrida ao consumo, mal-estar nas famílias.” Bento XVI advertiu ainda que “a mentalidade utilitarista tende a estender-se também às relações interpessoais e familiares, reduzindo-as a convergências precárias de interesses individuais e minando a solidez do tecido social”.
Finalmente, uma alusão à “festa”. “Para nós, cristãos, (lembrou o Papa) o dia de festa é o Domingo, dia do Senhor, Páscoa da semana. É o dia da Igreja, assembleia convocada pelo Senhor ao redor da mesa da Palavra e do Sacrifício Eucarístico”. “É o dia do homem e dos seus valores: convivência, amizade, solidariedade, cultura, contacto com a natureza, jogo, desporto. É o dia da família, em que se há-de viver, juntos, o sentido da festa, do encontro, da partilha, também com a participação na Santa Missa. Queridas famílias, mesmo nos ritmos acelerados do nosso tempo, não percais o sentido do dia do Senhor! É como o oásis onde parar para saborear a alegria do encontro e saciar a nossa sede de Deus.”
No final da Missa, o Santo Padre dirigiu saudações às famílias presentes, em variadas línguas, concluindo com o anúncio de Filadélfia, nos Estados Unidos, como sede do próximo Encontro Mundial das Famílias, daqui a três anos. Esta a saudação aos fiéis lusófonos:
Saúdo as famílias dos diversos países de língua portuguesa, aqui presentes ou em comunhão connosco, a todas recordando o olhar da Trindade divina que, desde a aurora da criação, se pousou sobre a obra feita e com ela se alegrou: «Era muito boa!» Queridas famílias, sois o trabalho e a festa de Deus! Reservando o domingo para Deus, fazei festa com Deus e repousai, juntos, na Fonte donde brota a vida para construir o presente e o futuro. As forças divinas são bem mais poderosas que as vossas dificuldades! Não tenhais medo! Sede fortes de Deus! Com alegria, vos anuncio que o próximo Encontro Mundial será em 2015 na cidade americana de Filadélfia.
Bento XVI regressa a Roma logo à tarde, devendo chegar ao Vaticano por volta das 19 horas. Antes da partida de Milão, o Papa dirigirá uma saudação aos organizadores da visita e aos membros da Fundação Famílias 2012, que patrocinaram este acontecimento.
Rádio Vaticano
Vídeo em italiano
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