O Papa fez hoje um apelo à unidade e à compreensão entre as pessoas, que a seu ver, são muitas vezes “superficiais e difíceis”, não obstante o progresso tecnológico que melhorou as comunicações e reduziu as distâncias geográficas.
Na missa de Pentecostes celebrada na Basílica de São Pedro, no Vaticano, o Pontífice disse que a Igreja tem que ser um “lugar de unidade e de comunhão na verdade, neste momento em que o mundo parece reviver a passagem bíblica da Torre de Babel”:
“Perduram desequilíbrios que muitas vezes geram outros conflitos; o diálogo entre as gerações faz-se arduamente e muitas vezes, prevalece a contraposição; assistimos a factos quotidianos que apresentam o homem sempre mais agressivo e irritado; compreender-se parece demasiadamente penoso e cada um prefere permanecer dentro de si, concentrado em seus interesses”.
Em seguida, o Papa advertiu que a sociedade atual está vivendo novamente a experiência de Babel, o trecho bíblico que ilustra um reino em que os homens pensam ter tanto poder para chegar ao céu, abrir suas portas e colocar-se no lugar de Deus, que não se dão conta de construírem a torre, uns contra os outros.
“Com o progresso da ciência e da técnica, obtivemos o poder de dominar as forças na natureza, de manipular os elementos, de fabricar seres animados, de chegar quase até o próprio ser humano. Nesta situação, rezar a Deus parece algo superado, inútil, porque nós mesmos podemos construir e realizar tudo o que quisermos” – indicou Bento XVI.
“Multiplicamos as possibilidades de comunicar, de trocar informações, de transmitir notícias, mas podemos dizer que aumentou a capacidade de nos entendermos, ou, paradoxalmente, nos entendemos cada vez menos? Não existe entre as pessoas uma sensação de desconfiança, de suspeito, de temor recíproco, ao ponto de parecermos perigosos uns para os outros?” – questionou o Papa.
À multidão de fiéis, 40 cardeais e 50 bispos presentes, o Pontífice afirmou que a Igreja deve ser um “lugar de unidade e de comunhão na verdade”, que propicie o encontro e a comunicação das pessoas, na qual os cristãos não se fechem em si mesmos, mas que se “orientem para o todo”.
Bento XVI instou a viver segundo o espírito da unidade e da verdade, e recordou palavras de São Paulo, afirmando que a vida das pessoas está marcada por um conflito interior entre “os impulsos que provêm da carne e os que provêm do espírito, e não podemos segui-los, todos”.
“Com efeito, não podemos se ao mesmo tempo egoístas e generosos, seguir a tendência de dominar os outros e sentir a alegria do serviço desinteressado. Temos sempre que escolher que impulso seguir” – disse o Papa, explicando que “as obras da carne são os pecados de egoísmo e de violência, como a inimizade, a discórdia, as invejas e os desacordos: são pensamentos e ações que não fazem viver realmente como humanos e cristãos, no amor. Ao contrário, o Espírito Santo guia-nos às alturas de Deus”.
Rádio Vaticano na sua edição para o Brasil com adaptação de JPR
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