Portugal é, decididamente, um país alegre. É o foguetório minhoto, é o folclore beirão, é o bailinho da Madeira. Mesmo em crise, com um brutal desemprego, com famílias endividadas, com jovens a emigrar, o país canta. Na Grécia os manifestantes arremetem com fúria contra a polícia de choque; em França, os habitantes dos bairros periféricos incendeiam carros; nos Estados Unidos, os psicopatas fazem fogo real em escolas e universidades. Mas em Portugal não, em Portugal os descontentes cantam o “Grândola, Vila Morena”!
Vai um ministro a um acto oficial e que faz a horda contestatária? Atira uma bomba? Sequestra o membro do governo? Acerta-lhe com ovos? Suja-o com tinta? Nada disso! Canta-lhe uma balada! E não é que o ministro fica tão comovido que, para esconder as lágrimas, se retira silencioso, com a voz embargada pela emoção?! Que exemplo para a Europa e para o mundo!
Não sei se este excesso de alegria da juventude contestatária não deveria ser taxado pelas Finanças. Temo que os jovens destes coros espontâneos não saibam passar recibos sem erros ortográficos, mas certamente sabem responder ao jeito do ex-secretário de Estado da Cultura. Da cultura vicentina, certamente.
Não sei se este excesso de alegria da juventude contestatária não deveria ser taxado pelas Finanças. Temo que os jovens destes coros espontâneos não saibam passar recibos sem erros ortográficos, mas certamente sabem responder ao jeito do ex-secretário de Estado da Cultura. Da cultura vicentina, certamente.
O país deve regozijar-se com a jovialidade destes manifestantes profissionais, porque se cantam é porque estão felizes e, se estão tão alegres, é de certeza porque comem bem e bebem melhor. Se algum reparo há a fazer é quanto à letra, porque em vez de “Grândola, Vila Morena”, ficava-lhes melhor dizer “Grândola, Vila Escurinha”…
Gonçalo Portocarrero de Almada
(Fonte: 'i' online AQUI)
Gonçalo Portocarrero de Almada
(Fonte: 'i' online AQUI)
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