Leio algumas notícias, textos e comentários, quer na comunicação social, quer em espaços na net, e apercebo-me de algo que acho extraordinário, nesta “escalada” que o homem vai fazendo, afastando-se decididamente de Deus, ou pelo menos tentando fazer um deus à sua maneira.
Não bastavam as leis iníquas ao avesso da moralidade e defesa da família, elaboradas e aprovadas à pressa por políticos que apenas buscam protagonismo pessoal e “tapar o sol com a peneira”, vêm também alguns, apelidando-se de cristãos e católicos, fazer coro com os mesmos, arvorando-se em detentores da “verdadeira” doutrina do cristianismo.
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A pretexto de que Jesus Cristo veio para todos, (o que é uma verdade), e que convivia com os pecadores, (com quem havia Ele de conviver se todos somos pecadores), a pretexto de uma igualdade, (que existe enquanto filhos de Deus), ou de outro tipo de argumentos, (normalmente baseados em textos de dissidentes da Igreja), pretende-se convencer-nos que certos actos deixaram de ser pecado, (falo em linguagem cristã católica), porque feitas em nome de um pretenso amor, de uma pretensa liberdade de consciência.
Mas a verdade é que se caminharmos esse caminho, então tudo é possível, e o pecado deixa de existir, (o que é uma “reivindicação” antiga daqueles que não querem viver o «convertei-vos»), pois para tudo e para todos os actos haverá sempre um modo de o homem dar a volta, adaptando a sua consciência às atitudes que toma.
Continua a querer confundir-se os pecadores com o pecado, e se àqueles o Senhor abraça e perdoa perante o arrependimento e o propósito de emenda, (já sei que são “conceitos retrógrados”), ao pecado o Senhor não o tolera, porque aliena e escraviza o homem na sua liberdade de filhos de Deus.
Pretendem assim alguns, afirmando-se cristãos e até católicos, adaptar a Doutrina às suas ideias, às suas conveniências, para, julgam eles, poderem verdadeiramente descansar as suas consciências e, à vontade, poderem tomar as atitudes e praticar os actos que mais lhes agradam, e que a maior parte das vezes são tão difíceis de combater num caminho de conversão.
Julgam que, com discussões de frases grandiloquentes, com conceitos estudados até à exaustão, convencidos da sua enorme capacidade de raciocinar, com os seus profundos e permanentes estudos, sobretudo daqueles teólogos dissidentes da Igreja, podem levar à mudança da Doutrina, convencidos que estão da sua superioridade.
Mas estão enganados, muito enganados, porque se os políticos podem de “uma penada” mudar as leis e adaptá-las ao seu gosto e ao gosto dos seus apoiantes, já Deus não muda e não é adaptável às conveniências de cada um!
Frases como, “a Igreja tem de adaptar-se aos tempos modernos”, não têm qualquer significado, porque a Igreja não é detentora de algo que Ela mesmo tenha inventado, mas de algo que lhe foi transmitido na Revelação do próprio Deus e como tal, e se for preciso, contra tudo e contra todos, continuará a proclamar a Verdade.
Foi assim nos primeiros tempos, foi e é assim ainda hoje em dia nalguns sítios deste mundo!
Houve muitas mulheres e homens que morreram por essa Verdade e ainda hoje há com certeza muitos dispostos a morrerem também, pelo Deus Único que pode dar a vida, e que é a Verdade.
Mas porquê esta vontade, esta luta permanente de tentarem mudar a Igreja, naquilo em que Ela é mais pura e consistente e que é a Doutrina?
Julgarão por acaso que, se por um terrível erro os homens da Igreja decidissem mudar a Doutrina, (fazendo a vontade aos “tempos”), Ela mudaria só porque os homens queriam?
Ou que Deus se “adaptaria” a essa nova doutrina?
Julgarão que, se por um acaso a Doutrina fosse de acordo com a vontade dos homens, ela levaria à salvação?
Se a Doutrina mudasse de acordo com a vontade dos tempos, nada daquilo que Jesus Cristo nos veio dizer seria hoje Doutrina, mas a mesma seria estabelecida pela vontade dos homens, vogando ao sabor dos tempos e das inclinações de cada um e não constituindo mais do que isso mesmo, ou seja, a vontade dos homens.
Envolvem-se muitas vezes em discussões intermináveis, em que à frente do coração e da fé, da entrega e da oração, da procura da condução do Espírito Santo, está o seu próprio pensamento cheio de certezas, tentando convencer os outros de que sabem muito melhor interpretar a vontade de Deus, do que aqueles que, vivendo a Tradição, vão lutando pela pureza da Doutrina, não deixando nunca de considerar em cada momento a melhor e mais perfeita forma de a entender, ensinar e viver.
Não se pode então discutir?
Claro que se pode e deve discutir, mas sempre na entrega de amor que leva a obediência a ser uma realidade que liberta e dá paz.
Pode-se discutir com certeza, mas não com argumentos que pretendem levar a uma suposta superioridade na interpretação da vontade de Deus, tornando Deus perfeitamente “dispensável”, pois o homem por si mesmo sabe muito bem o que Deus quer, o que não seria mais do que viver segundo a própria vontade do homem.
Também Jesus Cristo teve discussões e sempre respondeu com a simplicidade mais desconcertante, que é exactamente o que está muitas vezes arredado dessas discussões, onde pretende imperar uma suposta superioridade intelectual.
Talvez se fossemos mais humildes, se como Jesus Cristo nos retirássemos mais vezes para rezar e se em vez de querermos interpretar a Palavra proclamada, a nosso belo prazer, A vivêssemos no Espírito Santo, nos sentíssemos mais livres, mais em paz, mais em amor e muito mais capazes do caminho de conversão e entrega por amor, que é proposto, oferecido e desejado para cada um, por Jesus Cristo Nosso Senhor e Salvador, que deu a vida por nós cumprindo a vontade do Pai.
Monte Real, 15 de Janeiro de 2010
Joaquim Mexia Alveswww.queeaverdade.blogspot.com
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