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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Cardeal-patriarca de Lisboa admite ajustamento nos «mecanismos» da democracia, reconhecendo que a tese é potencialmente polémica

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Policarpo, admitiu hoje em Fátima que a situação de crise mundial pode obrigar a ajustar “mecanismos” da democracia.

“As crises, sejam de que ordem for, puseram sempre em questão a convivência democrática”, alertou na conferência conclusiva da assembleia plenária da CEP, acrescentando, no entanto, que as mesmas não a “anulam”.

Para este responsável, “não há dúvida nenhuma de que o poder centrado nas pessoas e o poder musculado é mais fácil para conduzir soluções numa crise deste tipo”.

“Pergunto-me a mim mesmo até que ponto um são ordenamento democrático não deverá permitir que isso aconteça”, disse D. José Policarpo, reconhecendo que é uma “tese polémica”.

O patriarca de Lisboa observou que, “em momentos de grande crise”, o próprio “poder democrático” poderia “confiar naqueles que elegeu e que não seja preciso estar a percorrer todas as etapas”.

“A própria democracia bem organizada deveria pressupor isso”, prosseguiu, procurando “equilibrar” a “mistura” entre democracia representativa e democracia direta “na solução dos problemas concretas”.

“As pessoas vêm para a rua, manifestam-se, cortam estradas, fazem hospitais de campanha a fingir”, assinalou D. José Policarpo, explicitando o que considera como manifestações de “democracia direta” nestas circunstâncias.

O cardeal-patriarca de Lisboa disse que “a própria busca de soluções tem tendência a não respeitar, digamos assim, o esquema democrático”.

“Se nós não fizermos todos algo para aprofundarmos a convivência democrática, ela será sempre inevitavelmente ameaçada”, como está “há muito tempo”, acrescentou.

Neste contexto, o presidente da CEP assinalou que, na Europa, “foi um susto quando a Grécia resolveu fazer um referendo”, ideia entretanto abandonada.

Para D. José Policarpo, “nenhuma crise pode pôr em questão a verdade fundamental da democracia”, mas pode “trazer exigências ao próprio exercício” democrático.

“Numa crise destas, os líderes – e Deus os ajude a estarem à altura das circunstâncias - têm uma responsabilidade enorme nas decisões que tomam e nos caminhos que traçam”, declarou.

O cardeal-patriarca falava após a publicação da mensagem ‘Esperança em tempo de crise’, em que os bispos de Portugal escrevem que a atual situação nacional e mundial pode colocar em risco a “democracia”.

“A nossa preocupação com a democracia não é negativa, é positiva”, esperando que a sociedade a aprofunde como “verdadeira convivência de respeito pela pessoa” e “participação de todos no bem comum”

D. José Policarpo falou da Igreja como lugar de “acolhimento” de cada pessoa e de "partilha” num momento de “dificuldade para a sociedade”, que “pode ajudar a fazer chegar àqueles que mais precisam a partilha de todos”, sem ser "um potentado económico".

O presidente da CEP destacou o papel "essencial" dos jornalistas para identificar “sinais de esperança”: “Dá ideia de que o país rejeita os meios que são precisos para vencer a crise e não rejeita, o país real não rejeita”.

“Um dos sinais de esperança que identifico é uma consciência crescente de muita gente que diz: ‘Nós somos capazes’”, frisou.

Para o cardeal-patriarca, é preciso "vencer a crise dentro do sistema", o mesmo que permitiu "um crescendo de bem-estar" e levou a "gastar dinheiro" que o país e as pessoas não tinham.

OC

Agência Ecclesia (título da responsabilidade do blogue)

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