["Leigo"? - que é isso?]
E qual é a vossa vocação, responsabilidade e missão de leigos?
Vós bem o sabeis: o leigo está integrado no Povo de Deus, que caminha neste mundo rumo à Pátria celeste. (...)
E fostes chamados à santidade, tendo por modelo o próprio Cristo, na sua doação integral ao Pai e aos irmãos:
“como Aquele que vos chamou à santidade, sede também vós santos em todas as vossas acções”.
Mas olhai que a santidade, mais que uma conquista, é dom que vos é concedido: o amor de Deus foi derramado em vossos corações pelo Espírito Santo que vos foi dado.
Assim, ser cristão não é, primariamente, assumir uma infinidade de compromissos e obrigações, mas é deixar-se amar por Deus
[Que faz um leigo?]
Perguntareis: o que é que nos compete fazer, na qualidade de leigos?
O cristão nunca pode limitar-se a uma atitude meramente passiva, de puro receber.
A vossa missão de leigos, portanto, fundamentalmente é a santificação do mundo, pela vossa santificação pessoal, ao serviço da restauração do mundo.
O Concílio Vaticano II, que tanto se debruçou sobre os leigos e o seu papel na Igreja, acentuou bem a sua índole secular.
É o cristão que vive no mundo, responsável pela edificação cristã da ordem temporal, nos seus diversos campos: na política, na cultura, nas artes, na indústria, no comércio, na agricultura...
A Igreja há-de estar presente em todos os sectores da actividade humana e nada do que é humano lhe pode permanecer alheio. E sois vós,principalmente, prezados leigos, que a deveis tornar presente.
Quando se acusasse a Igreja de estar ausente de algum sector, ou de despreocupar-se de algum problema humano, equivaleria lastimar a ausência de leigos esclarecidos ou a não actuação de cristãos naquele determinado sector da vida humana.
Por isso dirijo-vos um apelo caloroso: não deixeis a Igreja ficar ausente de nenhum ambiente da vida da vossa querida Nação.
Tudo deve ser permeado pelo fermento do Evangelho de Cristo e iluminado pela sua luz. É vossa tarefa fazê-lo.
Este é o caminho:
- cristãos no aconchego da intimidade pessoal;
- cristãos no interior do lar – como esposos, pais e mães e filhos de família, em “igreja doméstica”;
- cristãos na rua, como homens e mulheres situados;
- cristãos na vida em comunidade,
- no trabalho,
- nos encontros profissionais e empresariais,
- no grupo,
- no sindicato,
- no divertimento,
- no lazer, etc.;
- cristãos na sociedade, ocupando cargos elevados ou prestando serviços humildes;
- cristãos na partilha da sorte de irmãos menos favorecidos;
- cristãos na participação social e política;
- enfim, cristãos sempre, na presença e glorificação de Deus, Senhor da vida e da história.
[Que "preparação" deve ter um leigo?]
A vivência generosa e testemunho corajoso da vossa identidade, sabemo-lo, transcende meras qualificacões sociológicas; exige algo profundamente pessoal, que insere na comunidade “ontológica” dos discípulos de Cristo
Já se deixam entrever, como imperativos indeclináveis:
- o cultivo da fé e da vida divina,
- a frequência dos sacramentos e o dever da oração constante;
- a necessidade, mais do que a simples vantagem,
- da fidelidade à Cátedra de Pedro,
- da comunhão profunda com a Hierarquia bem inseridos nas perspectivas da Igreja local,
- em aderência aos vossos Bispos e
- em sintonia com as Comissões episcopais nacionais,
- em união com o clero e com os religiosos;
- a exigência de associações realisticamente organizadas e informadas pelo amor: “Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros, como eu vos amei”
Agradecimento ‘É o Carteiro!’
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