Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

OS CONTEÚDOS ESSENCIAIS DA NOVA EVANGELIZAÇÃO – Conversão (continua)

No que diz respeito aos conteúdos da nova evangelização, convém antes de tudo ter presente que o Antigo e o Novo Testamentos são inseparáveis. O conteúdo fundamental do Antigo Testamento está resumido na mensagem de São João Baptista: Convertei-vos.

Não se pode chegar a Jesus sem o Baptista; não é - possível chegar a Jesus sem corresponder ao chamado do Precursor; mais ainda, Jesus inseriu a mensagem de João na síntese da sua própria pregação: Convertei-vos e crede no Evangelho (Mc 1, 15). A palavra grega para "converter-se" significa mudar de mentalidade, pôr em confronto o modo comum de viver e o nosso próprio modo de viver, deixar Deus entrar nos critérios da nossa vida, já não julgar apenas segundo as opiniões correntes.

Por conseguinte, converter-se significa deixar de viver como todos vivem, deixar de agir como todos agem, deixar de sentir-se justificado em actos duvidosos, ambíguos, maus, pelo facto de todos fazerem o mesmo: começar a ver a própria vida com os olhos de Deus. Portanto, é começar a fazer o bem, mesmo que seja incómodo; é não depender do juízo da maioria, dos outros, mas do juízo de Deus. Em outras palavras, é buscar um novo estilo de vida, uma vida nova.

Isto não significa moralismo. Quem reduz o cristianismo à moralidade perde de vista a essência da mensagem de Cristo: o dom de uma nova amizade, o dom da comunhão com Jesus e, portanto, com Deus. Quem se converte a Cristo não quer ter autonomia moral, não pretende construir a sua bondade com as próprias forças.

"Conversão" (metánoia) significa precisamente o contrário: sair da auto-suficiência, descobrir e aceitar a própria indigência, a necessidade dos outros e a necessidade de Deus, do seu perdão, da sua amizade. A vida sem conversão é autojustificação ("eu não sou pior do que os outros"); a conversão é a humildade de nos entregarmos ao amor do Outro, amor que se transforma em medida e critério da nossa própria vida.

Aqui também devemos ter presente o aspecto social da conversão. Certamente, a conversão é sobretudo um acto personalíssimo, é personalização. Eu renuncio a "viver como todos"; já não me sinto justificado pelo facto de todos fazerem o mesmo que eu, e encontro diante de Deus o meu próprio eu, a minha responsabilidade pessoal. Mas a verdadeira personalização é sempre também uma socialização nova e mais profunda. O eu abre-se de novo ao tu, em toda a sua profundidade, nascendo assim um novo nós. Se o modo de vida comum no mundo implica o risco da despersonalização, de viver não a minha vida mas a dos outros, na conversão deve surgir um novo nós no caminhar comum com Deus.

Junto com o anúncio da conversão, devemos oferecer também uma comunidade de vida, um espaço comum para o novo estilo de vida. Não se pode evangelizar apenas com palavras. O Evangelho cria vida, cria comunidade de caminho. Uma conversão puramente individual não tem consistência.

(Cardeal Joseph Ratzinger excerto conferência pronunciada no Congresso de catequistas e professores de religião, Roma, 10.12.2000, e publicada no ‘L’Osservatore romano’ de 19.01.2001)

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