Reportagens não podem ser «catequese» ou formas de «conversão ao cristianismo», dizem profissionais
“O meu desafio diário é fazer com que em quase todos os noticiários haja uma perspetiva de Igreja”, sublinha a jornalista Ângela Roque, da Renascença, no programa da ECCLESIA na Antena 1 que vai hoje para o ar a partir das 22h45.
Quando há dois anos assumiu o cargo de responsável pela seleção e redação final da informação religiosa, elegeu como prioridade “conseguir que o tema fizesse parte da informação diária e estivesse ao alto da atualidade, como a política, economia e o trabalho, interligando tudo”.
Após mais de duas décadas a trabalhar na emissora católica, onde integrou o noticiário de áreas como política e educação, Ângela Roque, “católica assumida”, diz gostar muito do que faz, “embora seja uma grande responsabilidade, sobretudo na casa em que é”.
Henrique Matos, por seu lado, considera que o “mais difícil” é “ser bom profissional”, para que a informação relativa à Igreja “não seja forçosamente uma catequese” e “uma forma de conversão ao cristianismo”: “Nem sempre é fácil” distinguir entre “crente e jornalista”, e “provavelmente acaba por nunca acontecer”.
O jornalista, um dos rostos dos programas que o Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja Católica apresenta na RTP-2, esteve esta segunda-feira na emissão de rádio da ECCLESIA.
O dever de “isenção” e de auscultação de todas as vozes, incluindo as “críticas”, contribui para “credibilizar” o trabalho, considera Henrique Matos, com 15 anos de experiência na secção de religião, área que como as outras exige a avaliação diária “do que é relevante em termos de cobertura jornalística”.
Depois de recolhidos sons e imagens, os repórteres têm de os “condensar” e evitar a linguagem “hermética” que segundo Ângela Roque caracteriza frequentemente o discurso eclesial, procurando “dar notícias sobre a vida da Igreja que todos entendam” e torná-las cativantes mesmo para quem não é crente.
A editora de religião também se depara com a dificuldade de conjugar a urgência da notícia com a espera pelas declarações: “O tempo da Igreja não é o da comunicação social. Em rádio queremos tudo para a hora seguinte e às vezes não é possível obter a reação de um responsável nesse espaço que exigimos”, explica.
Ângela Roque também lamenta a diminuta presença de leigos católicos preparados para comentar a atualidade do mundo e da Igreja: “Faz falta gente que não seja da hierarquia a quem os jornalistas possam recorrer”.
O jornalismo religioso permite “pequenos privilégios”, como a reportagem que Henrique Matos realizou no convento dos Cartuxos, em Évora, onde encontrou um ambiente “algo estranho mas também belo e intenso”: “É como se estivéssemos noutra dimensão”:
“A carteira profissional abre muitas portas mas não as da clausura. É preciso outro género de compromisso e seriedade, que é reconhecida em nós, para que possamos entrar”, assinala.
Na semana em que a Igreja Católica organiza as Jornadas das Comunicações Sociais, agendadas para quinta e sexta-feira em Fátima, o programa da ECCLESIA na Antena 1 dá voz a jornalistas de informação religiosa de televisão, rádio e imprensa escrita.
PRE/RJM
Agência Ecclesia
1 comentário:
Posso concordar que um programa Católico numa rádio "laica", tem que obedecer a determinados pressupostos, desde que não passem um amensagem contra a Doutrina Católica.
Outra coisa bem diferente, quanto a mim, são alguns programas da Rádio Renascensa, uma rádio da Igreja Católica portuguesa e que prima em ter programas que praticamente fazem a apologia do facilitismo e de tudo o que é oposto à Doutrina da Igreja.
É que esta é uma rádio definida como Católica.
Infelizmente outro tanto se passa ao nível de algum professorado da Universidade Católica.
Um abraço em Cristo
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