De «A Oração da Igreja» (1936)
A nossa alma é um templo de Deus e isso, só por si, abre-nos uma perspectiva vasta e completamente nova. A vida de oração de Jesus é a chave para compreendermos a oração da Igreja. [...] Cristo tomou parte no culto divino do Seu povo, levado a cabo publicamente no Templo e segundo as prescrições da Lei. [...] Ele estabeleceu a mais profunda ligação entre essa liturgia e a oferenda da Sua própria pessoa e, ao atribuir-lhe assim o seu verdadeiro e pleno significado de acção de graças da Criação para com o seu Criador, conduziu a liturgia da Antiga à sua realização na Nova Aliança.
Por outro lado, Jesus não tomou parte apenas no culto divino público prescrito pela Lei. Os evangelhos fazem referências ainda mais numerosas à Sua oração solitária, no silêncio da noite, no cimo das montanhas ou em lugares desertos (Mt 14,23; Mc 1,35; 6,46; Lc 5,16). Quarenta dias e quarenta noites de oração precederam a Sua vida pública (Mt 4,1-2). Retirou-Se para o silêncio da montanha antes de escolher os Seus Apóstolos (Lc 6,12) e de os enviar em missão. Na hora do Monte das Oliveiras, preparou a Sua subida ao Gólgota. O brado com que Se dirigiu ao Pai nessa mais penosa de todas as horas da Sua vida é-nos revelado em poucas palavras [...], palavras essas que são como que um relâmpago que por um instante ilumina e torna mais clara para nós a vida íntima da Sua alma, o insondável mistério do Seu ser de Homem-Deus e do Seu diálogo com o Pai.
Este diálogo durou toda a Sua vida, sem nunca sofrer qualquer interrupção. Jesus rezava interiormente, não só quando Se afastava das multidões, mas também quando Se encontrava entre as pessoas.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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