Que
mudanças sofrerá a Igreja?
Penso
que devemos ser muito cautelosos à hora de fazer previsões, porque o desenvolvimento
histórico sempre traz muitas surpresas. A futurologia fracassa com frequência.
Ninguém se arriscava, por exemplo, a prever a queda dos regimes comunistas. A
sociedade mundial sofrerá profundas mudanças, mas por enquanto não temos
condições de prever que consequências terá a diminuição numérica do mundo ocidental,
que ainda é o dominante, qual será a nova cara da Europa transformada pelas correntes
migratórias, que civilização e que formas sociais hão de impor-se. Seja como for,
o que é claro é que a Igreja ocidental se sustentará sobre um potencial
diverso.
O que
conta mais, na minha opinião, é "essencializar", para usar uma
expressão de Romano Guardini. É necessário evitar a elaboração de
pré-construções fantásticas de algo que se poderá revelar muito diferente e que
não podemos pré-fabricar nos meandros do nosso cérebro, para concentrar-se,
pelo contrário, no essencial, que depois poderá encontrar novos modos de
encarnar-se. É importante um processo de simplificação que nos permita
distinguir o que constitui a viga-mestra da nossa doutrina, da nossa fé, o que
nela tem valor perene. É importante voltar a propor as grandes constantes de
fundo nos seus componentes fundamentais: as questões sobre Deus, a salvação, a
esperança, a vida, sobre tudo o que eticamente tem um valor básico.
(Cardeal Joseph Ratzinger in ‘Dios y el mundo’)
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