Bem-aventurado João XXIII (1881-1963), Papa
Discursos, mensagens, colóquios, t.1, Vaticano 1958
Queremos insistir no triplo privilégio desse «pão de cada dia» que os filhos da Igreja devem pedir ao Pai celeste e esperar com confiança na Sua divina providência. Deve ser antes de tudo, o «pão nosso», isto é o pão pedido em nome de todos. «O Senhor», diz-nos São João Crisóstomo, «ensinou-nos, no Pai Nosso, a dirigir a Deus uma oração em nome de todos os nossos irmãos. Quer deste modo que as orações que elevamos a Deus digam respeito, tanto aos interesses do nosso próximo, como aos nossos. Pretende, com isso, combater as inimizades e reprimir a arrogância.»
Ele deve ser, além disso, um pão «substancial» (cf. Mt 6,11 grego), indispensável à nossa subsistência, ao nosso alimento. Mas, se o homem é composto por um corpo, é também composto por um espírito imortal, e o pão que convém pedir ao Senhor não deve ser apenas um pão material. Deve ser, como observa, tão a propósito, esse doutor da Eucaristia que é São Tomás de Aquino, deve ser antes de mais um pão espiritual. Esse pão é o próprio Deus, verdade e bondade a contemplar e a amar; um pão sacramental: o Corpo do Salvador, testemunho e viático da vida eterna.
A terceira qualidade exigida a esse pão não é menos importante que as precedentes. É que seja «único», símbolo e causa da unidade (cf. 1Co 10,17). E São João Crisóstomo acrescenta: «Do mesmo modo que esse corpo está unido a Cristo, assim nos unimos nós por meio deste pão».
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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