EXCERTO
Roma, 12 de
junho de 2012 – É grande a desordem debaixo do céu, numa cúria vaticana
dilacerada por conflitos.
O conflito
mais explosivo combate-se nestes dias no campo das finanças. Combatido sem
caridade nem verdade, apesar do nome da encíclica de Bento XVI, a "Caritas
in Veritate".
(...)
[ Omitida a descrição da "guerra" no "banco" do Vaticano ]
Naturalmente,
o campo financeiro não é o único terreno em que Bento XVI interveio com actos de
governo nos seus anos de pontificado.
Noutros e
não menos importantes terrenos este Papa tomou
decisões fortes, de carácter normativo, mesmo tendo consciência de criar dessa
maneira
resistências e divisões.
resistências e divisões.
Uma
indicação sumária:
– Em 2007
Bento XVI, com o motu proprio "Summorum pontificum", liberalizou o uso do missal romano do rito antigo.
– Em 2009
revogou a excomunhão aos quatro bispos consagrados
ilicitamente pelo arcebispo D. Marcel Lefebvre e com o motu proprio
"Ecclesiae unitatem" abriu o percurso para o regresso dos lefebvriani
à plena comunhão com a Igreja.
– Ainda em
2009, com a constituição apostólica "Anglicanorum coetibus",
estabeleceu as regras para a passagem para a Igreja
Católica de inteiras comunidades anglicanas com os seus bispos, sacerdotes
e fiéis.
– Em 2010
promulgou novas regras, muito severas, quanto aos "delicta
graviora" e em particular sobre os abusos
sexuais sobre menores.
– Ainda em
2010 promulgou o motu proprio para a transparência financeira.
– Em 2011,
com a instrução "Universae ecclesiae" promulgou novas normas para a
integração das já existentes sobre a missa em rito antigo.
Pois bem, nem um só destes actos de governo de Bento XVI
deixou de suscitar controvérsias, contraposições, conflitos.
Mas
atenção, Bento XVI nunca pensou compor estas divisões à custa de
processos disciplinares, ou com nomeações ou destituições espectaculares.
A sua arte de governo é sempre a de acompanhar as decisões normativas
– como os motu proprio citados – com uma acção de persuasão sobre as razões
profundas dessas
decisões.
Assim,
por exemplo, as
suas iniciativas para dar termo
ao cisma com os lefebvrianos foram precedidas e explicadas com o memorável discurso à cúria
do dia 22 de dezembro de 2005, sobre a interpretação
do Concílio Vaticano II como "renovação na continuidade do único
sujeito-Igreja".
A
sua
liberalização do rito antigo da missa está sendo acompanhada por uma incessante
ilustração das riquezas de ambos os ritos, o antigo e o moderno, encorajando a
uma recíproca vitalização, como já acontece, debaixo do olhar de todos,
nas liturgias que
ele celebra.
ele celebra.
A
sua decisão de instituir as comunidades anglicanas entradas na Igreja católica
como ordinariatos com hierarquia e rito próprio vai
acompanhada por uma redefinição "sinfónica" do caminho ecuménico
com as comunidades cristãs separadas de Roma.
A
sua corajosa acção de guia no confronto do escândalo dos abusos sexuais vai acompanhada por um esforço incansável de regeneração intelectual e
moral do clero,
culminado pela indicação de um ano sacerdotal, com a reafirmação claríssima da lei do celibato. Além disso, Bento XVI pôs em estado de penitência inteiras Igrejas nacionais, como a irlandesa.
culminado pela indicação de um ano sacerdotal, com a reafirmação claríssima da lei do celibato. Além disso, Bento XVI pôs em estado de penitência inteiras Igrejas nacionais, como a irlandesa.
Por último,
as suas decisões a favor de uma transparência máxima das actividades financeiras da
Santa Sé são inseparáveis da leitura teológica
deste campo do agir humano que ele fez na encíclica "Caritas in
veritate".
Quem tem
ouvidos para ouvir, oiça.
É a mansa firmeza de governo deste Papa.
É a mansa firmeza de governo deste Papa.
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