A peregrinação de Bento XVI às Fossas Ardeatinas - assim a definiu o próprio Papa - para prestar homenagem às vítimas do abominável massacre, que permanece indelével entre os numerosíssimos horrores da segunda guerra mundial, não encontrou muito espaço nos meios de comunicação. Talvez devido à sucessão contínua e dramática de notícias no panorama internacional.
No entanto, a visita de Bento XVI àquele sacrário "amado por todos os italianos" - em continuidade com as de Paulo VI e de João Paulo II, e com a vontade de rezar e "renovar a memória" - tem um significado particular, que permanece. Com efeito, o seu sucessor realizou outro passo na recomposição da memória daquele conflito que contribuiu para precipitar o século XX no abismo do mal. Como afirmou o próprio Bento XVI, um mês exacto após a sua eleição, reflectindo sobre as últimas sucessões papais.
No entanto, a visita de Bento XVI àquele sacrário "amado por todos os italianos" - em continuidade com as de Paulo VI e de João Paulo II, e com a vontade de rezar e "renovar a memória" - tem um significado particular, que permanece. Com efeito, o seu sucessor realizou outro passo na recomposição da memória daquele conflito que contribuiu para precipitar o século XX no abismo do mal. Como afirmou o próprio Bento XVI, um mês exacto após a sua eleição, reflectindo sobre as últimas sucessões papais.
Deste modo é preciso considerar, dizia o novo Papa, "o facto de que na cátedra de Pedro, a um Pontífice polaco sucedeu um cidadão daquela terra, a Alemanha, onde o regime nazi pôde afirmar-se com grande virulência, atacando depois as nações vizinhas, entre as quais em particular a Polónia? Ambos os Papas na juventude - embora em frentes opostas e em situações diferentes - tiveram que conhecer a barbárie da segunda guerra mundial e da violência insensata contra outros homens, de povos contra outros povos".
Na presença do rabino-chefe da mais antiga comunidade da diáspora ocidental, ferozmente atingida pela perseguição racial, também nas Fossas Ardeatinas o bispo de Roma, "cidade consagrada pelo sangue dos mártires", quis passar um pouco de tempo com os familiares das vítimas - católicos e judeus juntos - e prestou homenagem à sua memória num local próximo das catacumbas e do qual mais uma vez se elevou a oração dos Salmos, com as palavras que há muitos séculos judeus e cristãos dirigem ao único Deus.
Aquele Deus ao qual, na hora das trevas, se dirigiram duas pessoas, como outras naqueles dias, para afirmar a fé "em Deus e na Itália" e invocar a protecção para os judeus "contra as bárbaras perseguições". Bento XVI citou as suas palavras, recordando o 150º aniversário da unidade do país e repetindo que no Pai de todos é possível um futuro diverso. Que não ofenda o Nome santo de Deus e o ser humano, criado à sua imagem.
GIOVANNI MARIA VIAN - Director
(© L'Osservatore Romano - 2 de Abril de 2011)
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