O Senhor de todas as coisas deu aos seus apóstolos o poder de proclamar o Evangelho. E é através deles que conhecemos a verdade, isto é, os ensinamentos do Filho de Deus. Foi a eles que o Senhor disse: «Quem vos ouve é a Mim que ouve, e quem vos rejeita é a Mim que rejeita; mas quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou.» (Lc 10, 16). Porque nós só conhecemos o plano da nossa salvação através daqueles que nos fizeram chegar o Evangelho, não por outros.
Este Evangelho foi, primeiro, pregado pelos apóstolos. Depois, por vontade de Deus, transmitiram-no na Escritura para que se tornasse «coluna e sustentáculo» da nossa fé (1 Tm 3, 15). Não devemos dizer que o pregaram antes de terem obtido o conhecimento perfeito, como alguns se atrevem a pretender, esses que se gabam de ser os correctores dos apóstolos. Com efeito, depois de Nosso Senhor ter ressuscitado de entre os mortos e de os apóstolos terem sido «revestidos com a força do Alto» (Lc 24, 49) pela vinda do Espírito Santo, ficaram cheios de certeza acerca de tudo e possuíram pois o conhecimento perfeito. Então, foram «até aos confins do mundo» (Sl 18, 5; Rm 10, 18) proclamando a Boa Nova dos bens que nos vêm de Deus e anunciando aos homens a paz do Céu. Todos eles possuíam, de maneira igual e cada um particularmente, o Evangelho de Deus.
Santo Ireneu de Lyon (c.130-c.208), Bispo, teólogo e mártir
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