Richard Rolle (c. 1300-1349), eremita inglês
Canto de amor, 7 32 (a partir da trad. SC 168, p. 357/Orval rev.)
«Não foram os justos que Eu vim chamar ao arrependimento, mas os pecadores»
Cristo na cruz clama em alta voz. [...] Oferece a paz, dirige-se a ti, desejoso de te ver abraçar o amor [...]: Contempla isto, bem amado! Eu, o Criador sem limites, desposei a carne para ser capaz de nascer de uma mulher. Eu, Deus, apresentei-Me aos pobres como o seu companheiro. Escolhi uma mãe humilde. Comi com publicanos. Os pecadores não Me inspiraram aversão. Suportei os perseguidores. Fiz a experiência do chicote, e «rebaixei-Me a Mim mesmo até à morte e morte de cruz» (cf Fil 2, 8). «Que mais poderia Eu fazer [...] que não tenha feito?» (Is 5, 4) Abri o Meu lado à lança. Deixei que trespassassem as Minhas mãos e os Meus pés. Porque não olhas para o Meu corpo ensanguentado? Porque não dás atenção à Minha cabeça inclinada (Jo 19, 30)? Aceitei ser contado entre o número dos condenados e, submerso em sofrimentos, morri por ti, para que tu vivesses para Mim. Se não te preocupas contigo, se não procuras libertar-te das teias da morte, pensa, pelo menos agora, em Mim que derramei por ti o tão precioso bálsamo do Meu próprio sangue. Olha-Me no momento da morte, e detém essa tua tendência para o pecado. Sim, cessa de pecar: custaste-Me demasiado caro!
Por ti encarnei, por ti também nasci, por ti submeti-Me à Lei, por ti fui baptizado, menosprezado pelas injúrias, detido, amarrado, coberto de escarros, escarnecido, chicoteado, ferido, pregado à cruz, dessedentado com vinagre, e por último imolado por ti. O Meu lado está aberto: agarra o Meu coração. Corre, abraça-Me: ofereço-te um beijo. Adquiri-te como parte da Minha herança, de modo que nenhum outro te possuísse. Entrega-te todo inteiro a Mim, pois Eu entreguei-me todo inteiro a ti.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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