Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Meditação de Francisco Fernández Carvajal

A MISSA, CENTRO DA VIDA CRISTÃ
– Participação dos fiéis no sacrifício eucarístico.
– A “alma sacerdotal” do cristão e a Santa Missa.
– Viver a Missa ao longo do dia. Preparação.


I. JESUS CAMINHAVA com os seus discípulos em direcção às aldeias de Cesareia de Filipe e, a meio do caminho, perguntou aos que o acompanhavam: Quem dizem os homens que eu sou?1 E os Apóstolos, com toda a simplicidade, contam-lhe o que se dizia d’Ele: uns, que era João Batista, outros Elias, e outros um dos Profetas. Corriam as opiniões mais variadas sobre Jesus. Então o Senhor dirigiu-se aos seus de uma maneira aberta e amável e perguntou-lhes: E vós quem dizeis que eu sou? Não lhes pede uma opinião mais ou menos favorável, mas a firmeza da fé. Depois de tanto tempo com eles, haviam de saber quem Ele era, com toda a certeza. Pedro respondeu imediatamente: Tu és o Cristo.
O Senhor também tem o direito de pedir-nos uma clara confissão de fé – com palavras e com obras –, num mundo em que parecem moeda corrente a confusão, a ignorância e o erro. Mantemos com Jesus um laço estreito, que nasceu no dia em que fomos baptizados. A partir desse instante, estabeleceu-se e foi crescendo entre nós e Cristo uma união íntima e profunda, porque recebemos então o seu Espírito e fomos elevados à dignidade de filhos de Deus.
Trata-se de uma comunhão de vida muito mais profunda do que qualquer outra que possa dar-se entre dois seres humanos. Assim como a mão unida ao corpo está cheia da torrente de vida que flui de todo o corpo, assim o cristão está impregnado da vida de Cristo2. Ele mesmo nos mostrou por meio de uma bela imagem a forma como lhe estamos unidos: Eu sou a videira; vós os ramos...3 E é tão forte a união a que podemos chegar com Ele, se lutamos por ser santos, que mais cedo ou mais tarde haveremos de poder dizer com o Apóstolo: Vivo, mas não sou eu; é Cristo que vive em mim4. Esta perspectiva de íntima fusão com Jesus Cristo deve encher-nos de alegria, porque, se somos parte viva do Corpo Místico de Cristo, participamos de tudo o que Cristo realiza.
Em cada Missa, Cristo oferece-se todo inteiro, juntamente com a Igreja, que é o seu Corpo Místico formado por todos os baptizados. Sobre o altar, apresenta a Deus Pai os padecimentos redentores e meritórios que suportou na Cruz, bem como os dos seus irmãos. Pode haver maior intimidade, maior união com Ele? A Santa Missa, bem vivida, pode mudar toda a nossa existência.
E vós, quem dizeis que eu sou? No sacrifício eucarístico, robustece-se a nossa fé e ganhamos coragem para confessar abertamente que Jesus Cristo é o Messias, o Unigénito de Deus, que veio para a salvação de todos.
II. É UNICAMENTE pelas palavras do sacerdote no momento da Consagração que Cristo se torna presente sobre o altar, mas todos os fiéis participam dessa oblação que se oferece a Deus Pai para bem de toda a Igreja. Todos os presentes oferecem, pois, o sacrifício juntamente com o sacerdote, unindo-se às suas intenções de petição, de reparação, de adoração e de ação de graças; mais ainda, unem-se ao próprio Cristo, Sacerdote eterno, e a toda a Igreja5.
Em cada Missa a que assistimos, podemos oferecer a Deus todas as coisas criadas6 e todas as nossas obras: o trabalho, a dor, a vida familiar, a fadiga e o cansaço, as iniciativas apostólicas que queremos levar adiante nesse dia... O Ofertório é um momento muito adequado para apresentarmos ao Senhor as nossas oferendas pessoais, que se unem então ao sacrifício de Cristo. O que é que colocamos cada dia na patena do sacerdote? O que é que Jesus encontra ali? Levados por essa “alma sacerdotal” que nos move a identificar-nos mais com Cristo no meio da vida diária, não só oferecemos a Deus as realidades da nossa existência, mas nos oferecemos a nós mesmos no mais íntimo do nosso ser. Participamos, portanto, da Missa por um duplo título: não só como oferentes, mas também como oferendas.
Orai, irmãos, para que o nosso sacrifício seja aceito por Deus Pai todo-poderoso. Receba o Senhor por tuas mãos este sacrifício, para glória do seu nome, para nosso bem e de toda a santa Igreja7. Devemos encher de conteúdo e de oração pessoal esta e outras orações que se repetem diariamente na Missa. Vamos à Missa para fazermos nosso o Sacrifício único do Filho de Deus. Apropriamo-nos dele e apresentamo-nos diante da Santíssima Trindade revestidos dos incontáveis méritos de Jesus Cristo, aspirando com fé ao perdão, a uma maior graça na alma e à vida eterna; adoramos com a adoração de Cristo, satisfazemos com os méritos de Jesus, pedimos com a sua voz, sempre eficaz. Tudo o que é d’Ele se torna nosso. E tudo o que é nosso se torna d’Ele: oração, trabalho, alegrias, pensamentos e desejos, que então adquirem uma dimensão sobrenatural e eterna. “O humano entrelaça-se com o divino na nossa própria vida. Todos os nossos esforços – mesmo os mais insignificantes – adquirem um alcance eterno, porque se unem ao sacrifício de Jesus na Cruz”8.
A nossa participação na Missa culmina na Sagrada Comunhão, numa identificação jamais sonhada. Nos anos em que percorreram a Palestina com Jesus, antes da instituição da Sagrada Eucaristia, os Apóstolos nunca puderam experimentar uma intimidade com Ele tão grande como a que nós alcançamos depois de comungar.
Pensemos agora como é a nossa Missa, como são as nossas comunhões. Pensemos se, no mais íntimo do nosso ser, se torna realidade nesses momentos a exclamação cheia de fé de São Pedro: Tu és o Cristo.
III. A MISSA É “o centro e a raiz da vida espiritual do cristão”9. Assim como os raios de um círculo convergem todos para o seu centro, assim todas as nossas ações, palavras e pensamentos hão de centrar-se no Sacrifício do Altar.
Por isso ajuda-nos tanto a crescer em vida interior renovarmos o oferecimento das obras do nosso dia, unindo-as pela intenção à Missa do dia seguinte ou àquela que naquele momento estiver sendo celebrada no local mais próximo ou em qualquer parte do mundo. Dessa forma, o nosso dia, de um modo misterioso mas real, passa a fazer parte da Missa: é, de certa maneira, um prolongamento do Sacrifício eucarístico; a nossa vida e as nossas ocupações tornam-se como que a matéria do sacrifício, orientando-se para ele e oferecendo-se nele. A Santa Missa passa a catalisar e a ordenar a nossa jornada, com as suas alegrias e tristezas, e as nossas próprias fraquezas se purificam.
O trabalho será mais bem realizado se pensarmos que naquela manhã ou na tarde anterior o pusemos na patena do sacerdote, ou se nesse momento nos unirmos interiormente a uma Missa a que não tenhamos podido assistir fisicamente. Ao mesmo tempo, o próprio trabalho e todos os acontecimentos do dia serão uma excelente preparação para a Missa do dia seguinte, preparação que procuraremos intensificar à medida que se for aproximando o momento em que dela participaremos com a maior vibração possível. “Não vos acostumeis nunca a celebrar ou a assistir ao Santo Sacrifício: fazei-o, pelo contrário, com tanta devoção como se se tratasse da única Missa da vossa vida: sabendo que ali está sempre presente Cristo, Deus e Homem, Cabeça e Corpo, e, portanto, junto de Nosso Senhor, toda a sua Igreja”10.
Para conseguirmos os frutos que o Senhor nos quer dar em cada Missa, devemos além disso cuidar de participar plenamente dos ritos litúrgicos, mediante uma atitude interior consciente, piedosa e ativa11. Começaremos por assegurar a pontualidade, que é a primeira prova de delicadeza para com Deus e para com os demais fiéis; e cuidaremos do arranjo pessoal, do modo de estarmos sentados ou ajoelhados..., como quem está diante do seu maior Amigo, mas também diante do seu Deus e Senhor, com a reverência e o respeito devidos, que são sinal de fé e de amor.
E depois, seguiremos atentamente os ritos da acção litúrgica, fazendo próprias as aclamações, os cantos, os silêncios – oração calada... –, sem pressas, pontilhando de actos de fé e de amor toda a Missa – particularmente o momento da Consagração –, vivendo intensamente cada uma das suas partes (pedindo sinceramente perdão ao rezarmos o ato penitencial, escutando com espírito de oração as leituras...).
Se participarmos com essa piedade e com esse amor do Santo Sacrifício, sairemos à rua imensamente alegres e firmemente decididos a manifestar com obras a vibração da nossa fé: Tu és o Cristo.
E, muito perto de Jesus, encontraremos Santa Maria, que esteve presente ao pé da Cruz e nos comunicará os sentimentos e disposições que teve nesses momentos que se repetem sacramentalmente em cada Missa.
(1) Mc 8, 27, 33; (2) cfr. M. Schmaus, Teologia dogmática, vol. V, pág. 42 e segs.; (3) Jo 15, 15; (4) cfr. Gál 2, 20; (5) cfr. Pio XII, op. cit., n. 24; (6) cfr. Paulo VI, Eucharisticum mysterium, 6; (7) Missal Romano, Ordinário da Missa; (8) São Josemaría Escrivá, Via Sacra, Xª est., n. 5; (9) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 87; (10) São Josemaría Escrivá, Carta, 28-III-1955; (11) cfr. Conc. Vat. II, Const. Sacrossanctum Concilium, 48.



(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal) 

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