Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Meditação de Francisco Fernández Carvajal

FIRMES NA FÉ
– O depósito da fé. Um tesouro que é recebido por cada geração das mãos da Igreja.
– Evitar tudo o que atenta contra a virtude da fé.
– Prudência nas leituras.


I. O SENHOR diz no Evangelho da Missa1 que Ele não veio destruir a antiga Lei, mas dar-lhe a sua plenitude; restaura, aperfeiçoa e eleva a uma ordem superior os preceitos do Antigo Testamento.
A doutrina de Jesus Cristo tem um valor perene para os homens de todos os tempos e é “fonte de toda a verdade salvífica e de toda a norma de conduta”2. É um tesouro que cada geração recebe das mãos da Igreja, que o guarda fielmente com a assistência do Espírito Santo e o expõe com autoridade. “Ao aderirmos à fé que a Igreja nos propõe, pomo-nos em comunicação directa com os Apóstolos [...]; e através deles com Jesus Cristo, nosso primeiro e único Mestre; vamos à sua escola, anulamos a distância de séculos que nos separa deles”3. Graças a este Magistério vivo podemos dizer, de certo modo, que o mundo inteiro recebeu a doutrina dos lábios de Cristo e se converteu na Galileia: toda a terra é Jericó e Cafarnaum, a humanidade está às margens do lago de Genesaré4.
A conservação fiel das verdades da fé é necessária à salvação dos homens. Que outra verdade pode salvar senão a verdade de Cristo? Que “nova verdade” pode ter interesse – nem que seja a do mais sábio dos homens –, se se afasta do ensinamento do Mestre? Quem se atreverá a interpretar ao seu gosto, mudar ou acomodar a Palavra divina? Por isso o Senhor nos adverte hoje: Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor do reino dos céus.
São Paulo exortava Timóteo com estas palavras: Guarda o depósito que te foi confiado, evitando as vaidades ímpias e as contradições da falsa ciência que alguns professam, extraviando-se da fé5. Com essa expressão – depósito –, a Igreja continua a designar o conjunto de verdades que recebeu do próprio Cristo e que há de conservar até o fim dos tempos.
A verdade da fé “não muda com o tempo, não se desgasta através da história; poderá admitir e mesmo exigir uma vitalidade pedagógica e pastoral própria da linguagem, e assim descrever uma linha de desenvolvimento, mas sempre segundo a conhecidíssima sentença tradicional de São Vicente de Lérins [...]: Quod ubique, quod semper, quod ab omnibus: «Aquilo que em toda a parte, aquilo que sempre, aquilo que por todos» foi crido, isso deve ser preservado como elemento integrante do depósito da fé [...]. Esta fixação dogmática defende o património autêntico da religião católica. O Credo não muda, não envelhece, não se desfaz”6. É a coluna firme que não admite concessões, nem sequer em pormenores, ainda que por temperamento se esteja inclinado a transigir: “Aborrece-te ferir, criar divisões, demonstrar intolerâncias..., e vais transigindo em atitudes e pontos – não são graves, garantes! – que trazem consequências nefastas para tantos. – Perdoa a minha sinceridade: com esse modo de proceder, cais na intolerância – que tanto te aborrece – mais néscia e prejudicial: a de impedir que a verdade seja proclamada”7.
II. O CRISTÃO, LIBERTADO de toda a tirania do pecado, sente-se impelido pela nova Lei de Cristo a comportar-se como um filho diante de seu Pai-Deus. As normas morais deixam então de ser meros sinais indicadores dos limites entre o permitido e o proibido, para passarem a ser manifestações do caminho que conduz a Deus, manifestações de amor.
Devemos conhecer bem e proteger cuidadosamente esse conjunto de verdades e preceitos que constituem o depósito da fé, pois é o tesouro que o Senhor nos entrega através da Igreja para que possamos alcançar a nossa salvação. E protegemo-lo especialmente quando fomentamos a piedade pessoal (a oração e os sacramentos), quando nos propomos alcançar uma séria formação doutrinal, adequada a cada um, e também quando somos prudentes nas leituras.
Todos acham razoável que, por exemplo, numa matéria de física ou de biologia, se recomendem determinados textos, se desaconselhe o estudo de outros e se declare inútil ou mesmo prejudicial a leitura desta ou daquela publicação a quem esteja realmente interessado em adquirir uma séria formação científica. Não falta, no entanto, quem se espante de que a Igreja reafirme a sua doutrina sobre a necessidade de se evitarem certas leituras que seriam danosas para a fé ou para a moral, e exerça o seu direito e o seu dever de examinar, julgar e, em casos extremos, reprovar os livros contrários à verdade religiosa8. A raiz desse assombro infundado poderia estar numa certa deformação do sentido da verdade, que admitiria um magistério no campo científico, mas consideraria impossível emitir mais do que meras opiniões no âmbito das verdades religiosas.
Ao avivarmos agora nestes minutos de oração a nossa disposição de ser fiéis ao depósito da revelação, lembremo-nos ao mesmo tempo de que a própria lei natural, inscrita por Deus em nossos corações, nos impele interiormente a dar todo o valor aos dons do Céu e consequentemente “obriga a evitar na medida do possível tudo o que atente contra a virtude da fé”9, tal como nos pede, por exemplo, que conservemos a vida física. Por isso, “seria um pecado pôr voluntariamente em perigo a fé com leituras perniciosas sem um motivo justificado, ainda que actualmente não se incorra em nenhuma pena eclesiástica”10.
Após uma longa experiência de estudo e de convívio com autores pagãos, São Basílio recomendava: “Deveis, pois, seguir à risca o exemplo das abelhas. Porque estas não param em qualquer flor nem se esforçam por levar tudo o que lhes oferecem as flores em que pousam no seu voo, mas, depois de tomarem o conveniente para o seu fim, deixam o resto em paz. Também nós, se formos prudentes, extrairemos dos autores o que nos convenha e mais se pareça à verdade, e deixaremos de lado o restante. E assim como, ao colhermos a flor da roseira, fugimos dos espinhos, assim, ao pretendermos tirar o maior fruto possível de tais escritos, tomaremos cuidado com o que possa prejudicar os interesses da alma”11.
III. FELIZES AQUELES cuja vida é pura e que seguem a lei do Senhor. Felizes os que guardam com esmero os seus preceitos e o procuram de todo o coração12, diz o Salmo responsorial, avivando a nossa disposição de seguir fielmente o Senhor.
A fé é o nosso maior tesouro e não podemos expor-nos a perdê-la ou a deixar que se deteriore. Não há nada que valha a pena em comparação com a fé. Um dos nossos maiores desejos deve ser instruirmo-nos mais nela e vê-la respeitada – e não atacada ou minada – em tudo o que lemos, sem pensar que já temos suficiente formação para não nos deixarmos influenciar pelas ideias errôneas ou preconceituosas. A história testemunha de forma evidente que, mesmo que se possuam todas as condições de piedade e de doutrina, não é raro que o cristão se deixe seduzir pela parte de verdade ou pela aparência de verdade que sempre há em todos os erros13.
Mostrai-me, Senhor, o caminho das vossas leis [...]. Ensinai-me a cumprir a vossa vontade, continuamos a dizer a Jesus com palavras do Salmo responsorial14. E Ele, através de uma consciência bem formada, animar-nos-á a ser humildes e a procurar nas nossas leituras um complemento com garantias, se devemos estudar questões científicas, humanísticas, literárias, etc. que possam infeccionar o nosso pensamento.
Se permanecermos bem junto de Cristo, se soubermos dar todo o seu valor ao dom da fé, andaremos sem falsos complexos, com naturalidade, sem o prurido superficial de “estar actualizados”, tal como se têm comportado sempre muitos intelectuais cristãos: professores, pesquisadores, etc. Se formos humildes e prudentes, se tivermos “senso comum”, não seremos “como os que tomam o veneno misturado com mel”15.
Fiéis ao ensinamento do Evangelho e do Magistério da Igreja, necessitamos de uma formação que nos permita apreciar o que se pode encontrar de válido na diversas manifestações da cultura – pois o cristão deve estar sempre aberto a tudo o que é verdadeiramente positivo –, ao mesmo tempo que detectamos o que é contrário a uma visão cristã da vida.
Peçamos à Santíssima Virgem, Sede da Sabedoria, esse discernimento no estudo, nas leituras e em todo o âmbito das ideias e da cultura. Peçamos-lhe também que nos ensine a valorizar e amar cada vez mais o tesouro da nossa fé.
(1) Mt 5, 17-37; (2) Conc. Vat. II, Const. Dei Verbum, 7; (3) Paulo VI, Alocução, 1-III-1967; (4) cfr. P. Rodríguez, Fe y vida de fe, pág. 113; (5) 1 Tim 6, 20-21; (6) Paulo VI, Audiência geral, 29-IX-1976; (7) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 600; (8) cfr. Código de direito canónico, can. 822-823; (9) J. Mausbach e G. Ermecke, Teologia Moral Católica, EUNSA, Pamplona, 1974, vol. II, pág. 108; (10) cfr. ib.; (11) São Basílio, Como ler a literatura pagã, pág. 43; (12) Sl 118, 1-2; (13) cfr. Pio XI, Const. Apost. Deus scientiarum Dominus, 24-V-1931; AAS 23 (1931), págs. 245-246; (14) Sl 118, 34; (15) São Basílio, op. cit.


(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal) 

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