Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 23 de janeiro de 2011

Meditação de Francisco Fernández Carvajal

A LUZ NAS TREVAS
– Jesus traz a luz a um mundo mergulhado em trevas. A fé ilumina toda a vida.
– Os cristãos são a luz do mundo. Exemplaridade nas tarefas profissionais. Competência profissional.
– Eficácia do bom exemplo. Formação doutrinal e vida interior para santificar as realidades terrenas.


I. DOMINUS ILLUMINATIO mea et salus mea: quem timebo? O Senhor é a minha luz e a minha salvação, a quem temerei?1
Estas palavras do Salmo responsorial são uma confissão de fé e uma manifestação da nossa segurança: fé em Deus, que é a Luz das nossas vidas; segurança, porque em Cristo encontramos as forças necessárias para percorrermos o nosso caminho quotidiano. Luz da luz, dizemos no Credo da Missa, referindo-nos ao Filho de Deus.
A humanidade caminhou nas trevas até que a luz brilhou na terra quando Jesus nasceu em Belém, como pudemos considerar nas semanas passadas. Essa estrela brilhante da manhã2 envolveu com a sua luminosidade Maria, José, os pastores e os Magos. Depois, ocultou-se durante anos na pequena cidade de Nazaré, e o Senhor viveu a vida normal dos seus conterrâneos. Na realidade, continuava a iluminar a vida dos homens, pois com esse isolamento ao longo dos anos de Nazaré nos mostrou que a vida normal pode e deve ser santificada. Agora, depois de ter deixado Nazaré e de ter sido baptizado no Jordão, vai a Cafarnaum para iniciar o seu ministério público3.
São Mateus refere no Evangelho da Missa a profecia de Isaías segundo a qual o Messias iluminaria toda a terra. O povo que jazia nas trevas viu uma grande luz; sobre os que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma luz4. Tal como o sol que acaba de nascer, Jesus traz o resplendor da verdade ao mundo e uma luz sobrenatural às inteligências que não querem continuar a permanecer na escuridão da ignorância e do erro.
São Mateus narra também que os primeiros que, no início da vida pública do Senhor, receberam eficazmente o influxo dessa luz foram aqueles discípulos – primeiro Simão e André, e depois os outros dois irmãos, Tiago e João – que Ele chamou enquanto caminhava junto ao mar da Galileia. Estes homens “experimentaram o fascínio da luz secreta que emanava d’Ele e seguiram-na sem demora para que iluminasse com o seu fulgor o caminho das suas vidas. Mas essa luz de Jesus resplandece para todos”5.
Cumpre-se também nos nossos tempos aquela profecia de Isaías que nos é recordada na primeira Leitura da Missa:
O povo que jazia nas trevas viu uma grande luz; sobre os que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu a luz. Vós suscitais, Senhor, um grande regozijo, provocais uma grande alegria; rejubilam-se todos na vossa presença como se rejubilam os que ceifam, como exultam os que repartem os despojos6. É a alegria da fé que ilumina toda a nossa conduta; é a maravilha de Jesus que dá sentido a todas as nossas coisas.
II. JESUS CRISTO, luz do mundo7, chamou primeiro uns homens simples da Galileia, iluminou as suas vidas, ganhou-os para a sua causa e pediu-lhes uma entrega sem condições. Aqueles pescadores da Galileia saíram da penumbra de uma vida sem relevo nem horizonte para seguirem o Mestre, tal como outros o fariam logo após, e depois já não cessariam de fazê-lo inúmeros homens e mulheres ao longo dos séculos. Seguiram-no até darem a vida por Ele. Nós seguimo-lo também.
O Senhor chama-nos agora para que o sigamos e para que iluminemos a vida dos homens e as suas actividades nobres com a luz da fé; sabemos bem que o remédio para tantos males que afectam a humanidade é a fé em Jesus Cristo, nosso Mestre e Senhor; sem Ele, os homens caminham às escuras e por isso tropeçam e caem. E a fé que devemos comunicar é luz na inteligência, uma luz incomparável: “Fora da fé estão as trevas, a escuridão natural diante da verdade sobrenatural, bem como a escuridão infranatural, que é consequência do pecado”8.
As palavras chegarão ao coração dos nossos amigos se antes lhes tiver chegado o exemplo da nossa actuação: as virtudes humanas próprias do cristão – o optimismo, a cordialidade, a firmeza de carácter, a lealdade... Não iluminaria com a sua fé o cristão que não fosse exemplar no seu trabalho ou no seu estudo, que perdesse o tempo, que não fosse sereno no meio das dificuldades, perfeito no cumprimento do seu dever, que lesasse algum aspecto da justiça nas suas relações profissionais...
E pode muito bem acontecer que essa generosidade e esse sentido da justiça no comportamento profissional entrem mais ou menos abertamente em choque com os costumes usuais entre os colegas, ou simplesmente com o egoísmo e o aburguesamento do meio ambiente. O Senhor espera que cada um dos seus discípulos seja realmente fiel à verdade, que se conduza sempre com fortaleza e valentia, porque dessa forma ajudará muitos outros a voltarem a questionar o seu modo de agir, o sentido com que encaram a vida. E talvez tenha que apoiar-se por vezes naquela advertência de São Paulo aos cristãos de Corinto: Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios9. A mensagem de Cristo sempre entrará em choque com uma sociedade contagiada pelo materialismo e por uma atitude conformista e aburguesada perante a vida.
Viriliter age: sê forte10. Poderíamos perguntar-nos hoje se no nosso círculo de relações somos conhecidos por essa coerência de vida, pela exemplaridade na actuação profissional – ou no estudo, se somos estudantes –, pelo exercício diário das virtudes humanas e sobrenaturais, com a coragem e o esforço perseverante a que nos incita o Espírito Santo.
III. DEUS CHAMA-NOS a todos para que sejamos luz do mundo11, e essa luz não pode ficar escondida: “Somos lâmpadas que foram acesas com a luz da verdade”12.
Para podermos dar a conhecer a doutrina de Jesus Cristo, para que toda a nossa vida seja um facho de luz, devemos empregar os meios necessários para conhecê-la em profundidade, com a profundidade que nos pedem a nossa formação humana, a idade, a responsabilidade perante os filhos, perante o ambiente que nos circunda, perante a sociedade.
Devemos conhecer com precisão os deveres de justiça do nosso trabalho e as exigências da caridade, e cumpri-los; descobrir o bem que podemos fazer, e fazê-lo; reflectir sobre o mal que poderia resultar desta ou daquela actuação, e evitá-lo; admitir que em certas ocasiões, talvez não pouco frequentes, teremos necessidade de pedir conselho, actuando depois com a responsabilidade pessoal de um bom cristão que é ao mesmo tempo um bom cidadão, um homem fiel.
O Senhor depositou na sua Igreja o tesouro da sua doutrina. Devemos guiar-nos pelo seu Magistério assim como os barcos se guiam pelo farol, para encontrarmos luz e orientação em muitos problemas que afectam a salvação e a dignidade da pessoa humana.
Se somos cristãos que vivem imersos na trama da sociedade, santificando-nos em e através do trabalho, devemos conhecer muito bem os princípios da ética profissional, e aplicá-los depois no exercício diário da profissão, ainda que esses critérios sejam exigentes e nos custe levá-los à prática. Para isso são necessárias vida interior e formação doutrinal.
“Sê exigente contigo! Tu – cavalheiro cristão, mulher cristã – deves ser sal da terra e luz do mundo, porque tens obrigação de dar exemplo com uma santa desvergonha.
“– Há de urgir-te a caridade de Cristo e, ao te sentires e saberes outro Cristo desde o momento em que lhe disseste que o seguias, não te separarás dos teus iguais – parentes, amigos, colegas –, tal como o sal não se separa do alimento que condimenta.
“A tua vida interior e a tua formação abrangem a piedade e o critério que deve ter um filho de Deus, para temperar tudo com a sua presença activa.
“Pede ao Senhor que sejas sempre esse bom condimento na vida dos outros”13.
Recorremos também à Virgem Maria. Pedimos-lhe coragem e simplicidade para vivermos no meio do mundo sem sermos mundanos, como os primeiros cristãos, para sermos luz de Cristo na nossa profissão e em todos os ambientes de que participamos.
(1) Sl 26, 1; (2) Apoc 22, 16; (3) cfr. João Paulo II, Homilia, 25-I-1981; (4) Mt 4, 16; cfr. Is 9, 1-4; (5) João Paulo II, ib.; (6) Is 9, 2-3; (7) Jo 8, 12; (8) São Josemaría Escrivá, Carta, 19-III-1967; (9) 1 Cor 1, 23; (10) Sl 26, 14; (11) Mt 5, 14; (12) Santo Agostinho, Tratado sobre o Evangelho de São João, 23, 3; (13) São Josemaría Escrivá, Forja, n. 450.

(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal) 

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