Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Meditação de Francisco Fernández Carvajal

O FUNDAMENTO DA UNIDADE
– O primado de Pedro prolonga-se na Igreja através dos séculos na pessoa do Romano Pontífice.
– O Vigário de Cristo.
– O Primado, garantia da unidade dos cristãos e caminho para o verdadeiro ecumenismo. Amor e veneração pelo Papa.


I. SÃO JOÃO INICIA a narração da vida pública de Cristo contando-nos como os primeiros discípulos se encontraram com Ele e como André lhe apresentou o seu irmão Pedro. O Senhor deu-lhe as boas-vindas com estas palavras: Tu és Simão, filho de João; serás chamado Cefas, que quer dizer Pedro1.
Cefas é a transcrição grega de uma palavra aramaica que quer dizer pedra, rocha, fundamento. Por isso o Evangelista, que escreve em grego, explica o significado do termo empregado por Jesus. Cefas não era nome próprio, mas o Senhor chama assim o Apóstolo para aludir à missão que Ele mesmo lhe revelaria mais adiante. Atribuir um nome equivalia a tomar posse da coisa ou da pessoa nomeada. Assim, por exemplo, Deus constituiu Adão como dono da criação e, em sinal desse domínio, mandou-lhe pôr um nome a todas as coisas2. O nome de Noé foi-lhe posto como sinal de uma nova esperança depois do Dilúvio3. Deus mudou o nome de Abrão para Abraão para lhe dar a entender que seria pai de muitas gerações4.
Os primeiros cristãos consideraram tão significativo o nome Cefas que designaram o Apóstolo por esse nome sem traduzi-lo5; depois, tornou-se corrente chamar-lhe Pedro, o que motivou o esquecimento, em boa parte, do seu primeiro nome, Simão. O Senhor o chamará com muita frequência Simão Pedro, juntando ao nome próprio a missão e o ofício que lhe confiava.
Desde o princípio, Pedro ocupou um lugar único entre os discípulos de Jesus e depois na Igreja. Nas quatro listas do Novo Testamento em que se enumeram os doze Apóstolos, São Pedro ocupa sempre o primeiro lugar. Jesus destaca-o dos outros, apesar de João aparecer como o seu predilecto: hospeda-se na sua casa6, paga o tributo pelos dois7 e possivelmente aparece-lhe em primeiro lugar depois da Ressurreição8. As expressões Pedro e os seus companheiros9,Pedro e os que o acompanhavam10 são significativas... O anjo diz às mulheres: Ide e dizei aos seus discípulos e a Pedro...11 Pedro é com muita frequência o porta-voz dos Doze; e também é ele quem pede ao Senhor que explique o sentido das parábolas12, etc.
Todos sabem desta preeminência de Simão. Assim, por exemplo, os encarregados de arrecadar o tributo dirigem-se a ele para cobrar as dracmas do Mestre13. Esta superioridade não se deve à sua personalidade, mas à distinção de que é objecto por parte de Jesus, que lhe concederá de modo solene um poder que será o fundamento da unidade da Igreja e que se prolongará nos seus sucessores até o fim dos tempos: “O Romano Pontífice – ensina o Concílio Vaticano II –, como sucessor de Pedro, é o princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade, quer dos bispos, quer da multidão dos fiéis”14.
Nestes dias em que a nossa oração se propõe obter do Senhor a unidade de todos os cristãos, temos que pedir de modo muito particular pelo Papa, de quem depende toda a unidade. Devemos pedir pelas suas intenções, pela sua pessoa, pelo bom andamento dos assuntos que o ocupam, certos de que será uma oração muito grata ao Senhor.
II. ESTANDO EM CESAREIA de Filipe, enquanto caminhavam, Jesus perguntou aos seus discípulos o que as pessoas pensavam d’Ele. E eles, com simplicidade, contaram o que se dizia da sua Pessoa. Então Jesus quis saber o que eles próprios pensavam, depois daqueles anos em que o vinham seguindo: E vós, quem dizeis que eu sou? Pedro adiantou-se a todos e disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. O Senhor respondeu-lhe com estas palavras tão transcendentais para a história da Igreja e do mundo: Bem-aventurado és, Simão, filho de João, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas meu Pai que está nos céus. E eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do reino dos céus, e tudo quanto ligares na terra será ligado nos céus, e tudo quanto desligares na terra será desligado nos céus15.
Este texto encontra-se em todos os códices antigos e é citado já pelos primeiros autores cristãos16. O Senhor estabelece a Igreja sobre a própria pessoa de Simão: Tu és Pedro e sobre esta pedra... As palavras de Jesus dirigem-se a ele pessoalmente: Tu..., e contêm uma clara alusão ao primeiro encontro que tivera com o Apóstolo17. O discípulo é o alicerce firme sobre o qual se eleva esse edifício em construção que é a Igreja. A prerrogativa própria de Cristo, como a única pedra angular18, comunica-se a Pedro. Eis a razão pela qual mais tarde o sucessor de Pedro será chamado
Vigário de Cristo, isto é, aquele que o supre e faz as suas vezes. É também a razão pela qual Santa Catarina de Sena dará ao Papa o tocante título de doce Cristo na terra19. O Senhor vem a dizer a Pedro: “Ainda que Eu seja o fundamento e fora de Mim não possa haver outro, no entanto também tu, Pedro, és pedra, porque Eu mesmo te constituo como alicerce e porque te comunico as minhas prerrogativas, que agora passam a ser comuns aos dois”20.
Naqueles tempos de cidades amuralhadas, o ato de entregar as chaves a alguém significava simbolicamente conferir-lhe a autoridade e o cuidado da cidade. Cristo deposita em Pedro a responsabilidade de guardar a Igreja e de velar por ela, quer dizer, confere-lhe a autoridade suprema sobre ela. Por sua vez, ligar e desligar, na linguagem semita da época, significava “proibir e permitir”. Além de fundamento, Pedro e os seus sucessores serão, portanto, os encarregados de orientar, mandar, proibir, dirigir... E este poder, como tal, será ratificado no Céu. Além disso, o Vigário de Cristo, apesar da sua debilidade pessoal, terá por missão fortalecer os outros Apóstolos e todos os cristãos. Na Última Ceia, Jesus dir-lhe-á: Simão, Simão, eis que Satanás vos buscou para vos joeirar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça, e tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos21. Agora, no momento em que recorda as verdades supremas, em que institui a Eucaristia e em que a sua morte está próxima, Jesus renova a promessa do Primado: a fé de Pedro não pode desfalecer porque se apoia na eficácia da oração de Cristo.
Pela oração de Jesus, Pedro não desfaleceu na sua fé, apesar de ter caído. Levantou-se, confirmou os seus irmãos e foi a pedra angular da Igreja. “Onde está Pedro, aí está a Igreja; onde está a Igreja, não há morte, mas vida”22, comenta Santo Ambrósio. Aquela oração de Jesus, a que hoje unimos a nossa, conserva a sua eficácia através dos séculos23.
III. A PROMESSA que Jesus fez a Pedro em Cesareia de Filipe cumpre-se depois da Ressurreição, às margens do lago de Genesaré, após uma pesca milagrosa semelhante àquela primeira em que Simão tinha deixado as barcas e as redes para seguir definitivamente Jesus24.
Pedro é proclamado por Cristo seu continuador, seu vigário, com essa missão pastoral que o próprio Cristo definira como sua missão mais característica e preferida: Eu sou o Bom Pastor.
“O carisma de São Pedro passou aos seus sucessores”25. Ele morreria uns anos mais tarde, mas era preciso que o seu ofício de Pastor supremo durasse eternamente, pois a Igreja – fundada sobre rocha firme – deve permanecer até a consumação dos séculos26.
O Primado é garantia da unidade dos cristãos e meio pelo qual deve desenvolver-se o verdadeiro ecumenismo. O Papa ocupa o lugar de Cristo na terra; devemos amá-lo, escutá-lo, porque a sua voz traz até nós a verdade. E devemos procurar por todos os meios que essa verdade chegue a todos os cantos mais distantes ou mais difíceis da terra, sem deformações, a fim de que muitos desorientados vejam a luz e muitos aflitos recuperem a esperança. Vivendo a Comunhão dos Santos, devemos rezar todos os dias pelo Sumo Pontífice, cumprindo assim um dos mais gratos deveres da nossa caridade ordenada.
A devoção e o amor ao Papa constituem para os católicos um sinal distintivo único, que implica o testemunho de uma fé vivida até as suas últimas consequências. O Papa é para nós a presença tangível de Jesus, “o doce Cristo na terra”; e incita-nos a amá-Lo, bem como a ouvir essa voz do Mestre interior que fala em nós e nos diz: Este é o meu eleito, escutai-o, pois o Papa “faz as vezes do próprio Cristo, Mestre, Pastor e Pontífice, e age em Seu nome”27.
(1) Jo 1, 42; (2) Gen 2, 20; (3) Gen 5, 20; (4) Gen 17, 5; (5) cfr. Gal 2, 9; 11; 14; (6) Lc 4, 38-41; (7) Mt 17, 27; (8) Lc 24, 34; (9) Lc 9, 32; (10) Lc 8, 45; (11) Mc 16, 7; (12) Lc 12, 41; (13) Mt 17, 24; (14) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 23; (15) Mt 16, 16-20; (16) cfr. J. Auer e J. Ratzinger, Curso de Teología dogmática, vol. VIII: La Iglesia, Herder, Barcelona, 1986, pág. 267 e segs.; (17) Jo 1, 41; (18) cfr. 1 Pe 2, 6-8; (19) Santa Catarina de Sena, Carta 207; (20) São Leão Magno, Sermão 4; (21) Lc 22, 31-32; (22) Santo Ambrósio, Comentário sobre o Salmo 12; (23) cfr. Conc. Vat. I, Const.Pastor aeternus, 3; (24) Jo 21, 15-17; (25) João Paulo II, Alocução, 30-XII-1980; (26) Conc. Vat. II, ib., 2; (27) Conc. Vat. II, ib., 21.



(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal) 

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