Revalorizar a agricultura. Este o tema que o Papa submeteu, este domingo, à reflexão do mundo inteiro. Foi por ocasião da Oração Mariana do Angelus, feita da janela dos seus aposentos sobre a Praça de São Pedro, onde, sob um sol tímido outonal, se reuniram milhares de fiéis para o ouvir.
Da segunda leitura deste domingo, a algumas ideias já expressas na sua encíclica “Caritas in Veritate”, passando pela crise económica tomada em consideração esta semana em Seul no G20, Bento XVI deixou claro que o trabalho, como recorda São Paulo, é importante para o ser humano, e de modo especial a agricultura. A crise económica que se vem vivendo a nível planetário deve ser tomado a sério e deve levar a uma revisão profunda do modelo de desenvolvimento económico global – sublinha. É que – disse - perdura o desequilíbrio entre ricos e pobres, o escândalo da fome no mundo, a emergência ecológica, o desemprego. Perante este quadro “é decisivo é decisivo um relançamento estratégico da agricultura”.
Bento XVI recordou ainda que, não obstante os progressos técnicos de que tem beneficiado, a agricultura, sector estratégico da economia, tem perdido importância, com consequências graves mesmo do ponto de vista cultural. Daí a necessidade de a revalorizar, como um recurso indispensável para o futuro da humanidade.
Olhando depois directamente para a questão ecológica, o Papa disse que, não obstante a crise, os países de antiga industrialização tendem a estabelecer alianças vantajosas e a adoptar estilos de vida centrados num consumo insustentável, que se revelam prejudiciais para os pobres e para o ambiente, confiado por Deus aos cuidados do ser humano. Então – frisou – é preciso olhar, de forma concertada, para um novo equilíbrio entre a agricultura, a industria e os serviços, para que a ninguém falte o pão, o trabalho, o ar, a água e, outros recursos primários sejam preservados como bens universais”.
Para isso è necessário – recordou ainda Bento XVI – uma “clara consciência ética” capaz de fazer face à complexidade dos desafios dos tempos actuais; uma auto-educação ao consumo sábio e responsável; promover a responsabilidade pessoal e social das actividades rurais fundadas em valores perenes como o acolhimento, a solidariedade, a partilha do esforço no trabalho.
Nota positiva neste quadro geral que preocupa o Papa, a constatação de que há jovens que, mesmo tendo uma formação universitária, voltam a dedicar-se à empresa agrícola, respondendo assim não só a uma necessidade pessoal e familiar, mas também a um sinal dos tempos, a uma sensibilidade concreta para o bem comum.
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Depois da Oração Mariana do Angelus, o Pontífice assegurou as suas orações e proximidade em relação ao povo do Haiti que, na sequencia do terramoto de Janeiro passado, está agora a braços com uma grave epidemia de cólera. O Papa encorajou todos aqueles que estão a prestar auxílio a esse povo e apelou a comunidade internacional, para que o ajude generosamente.
Por fim, Bento XVI agradeceu a Deus pelos frutos da terra e o trabalho do homem e invocou a intercepção da Virgem Maria para que essas reflexões sirvam de estímulo à Comunidade internacional.
Ainda nas palavras pronunciadas depois do Angelus, Bento XVI anunciou que no sábado 27 deste mês presidirá na Basílica de São Pedro às primeiras Vésperas do primeiro domingo do Advento e a uma vigília de oração para a vida nascente. Uma iniciativa comum a todas as igrejas particulares no mundo e, recomendou que se faça o mesmo também nas paróquias, comunidade religiosas, associações e movimentos.
Saudando os peregrinos de língua francesa o Papa disse que durante a sua recente peregrinação a Santiago de Compostela recordou que um testemunho claro e corajoso do Evangelho deve ser oferecido aos nossos contemporâneos. Como Nossa Senhora, possamos permanecer firmes na nossa fé – disse.
Recordando depois que por iniciativa da Associação “Ajuda à Igreja que Sofre” (AIS), a Igreja na Polónia reza neste domingo pelos cristãos que sofrem no Iraque por causa do Evangelho, o Papa enalteceu a sensibilidade dos polacos (que passaram por sofrimentos semelhantes no passado) em relação a esta causa. E invocou orações a Deus pela liberdade de anunciar a mensagem evangélica no mundo.
(Fonte: site Rádio Vaticano)
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