Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Os dois pisos do crédito (excerto)

(…)

A causa deste disparate é curiosa. Podemos dizer que nos bancos internacionais existem dois andares de crédito. No primeiro piso, onde se lida com mercados emergentes da África, Ásia e América Latina, costuma haver falências e renegociações de dívida. Aí ouvem-se zangas, arrastar de mobília e partir de loiça. Mas no andar de cima, da Europa e América do Norte, a música ambiente é suave e bebe-se chá em amena cavaqueira. Só que nestes últimos anos começou a surgir aí alguma turbulência. Grécia, Portugal, Irlanda têm dificuldades de pagamento. Então os analistas mimados do segundo piso, não acostumados a algo que os colegas conhecem bem, exageram o risco e reagem com um susto e fúria que se deve mais à sua incompetência que à realidade.

Erros em finanças significam sempre oportunidades de ganho. Se durante muito tempo a dívida portuguesa andou sobrevalorizada, agora está claramente abaixo do seu real nível. Quando os bancos são tontos, quem mantiver a cabeça fria pode ficar rico transaccionando esses títulos.

Tudo isto, se acusa claramente os financeiros, não tira um grama de culpa ao Governo português. Nos quase dois anos após 21 de Janeiro de 2009, data da descida inicial do rating que lançou a crise da dívida soberana, os ministros têm representado uma comédia de erros digna da pior pantomima. Face aos mercados, o Governo, e José Sócrates em particular, está como o marido apanhado pela mulher em adultério. É verdade que, como vimos, a esposa tem culpas na situação, mas o faltoso é o devedor.

Se não consegue pedir desculpa, ao menos mostre-se compungido e envergonhado, jurando fazer tudo para compensar o erro. Recuperar a credibilidade, coisa sempre muito difícil, exige assumir responsabilidades, manifestar empenho, revelar eficácia em compensar os danos. Pelo contrário, a atitude optimista, desafiante e justificadora do senhor primeiro-ministro ainda nos enterra mais. Assegurar que a coisa não é grave, com aquela pose de insolência paternalista a que deve tantas vitórias internas, é desastroso na banca internacional.

João César das Neves

(Fonte: DN online)

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