Anunciou-o Bento XVI, neste domingo de manhã, na basílica de São Pedro, na homilia da Missa de encerramento do Sínodo para o Médio Oriente, que decorreu nas duas últimas semanas.
Comentando antes de mais as leituras do dia, o Papa evocou a parábola do fariseu e do publicano, que subiram ao templo para rezar, advertindo contra a tentação farisaica de recordar a Deus os nossos méritos, quando, pelo contrário, a oração deve ser humilde:
“Para subir ao Céu, a oração deve partir de um coração humilde, pobre. Portanto, também nós, no final deste evento eclesial, queremos antes de mais dar graças a Deus, não pelo nossos méritos, mas pelo dom que Ele nos fez. Reconhecemo-nos pequenos e necessitados de salvação, de misericórdia”.
Passando depois à primeira leitura e ao respectivo Salmo responsorial, Bento XVI recordou que “o Senhor está perto dos que têm o coração atribulado e salva os de ânimo abatido”...
“O espírito dirige-se a tantos irmãos e irmãs que vivem na região do Médio Oriente e se encontram em situações difíceis, por vezes graves, ou por privações materiais, ou pelo desânimo, pelo estado de tensão, e porventura de medo. A Palavra de Deus também hoje nos oferece uma luz de esperança consoladora, quando apresenta a oração, personificada, que não desiste até que o Altíssimo intervenha e dê satisfação aos justos, restabelecendo a equidade”.
Este elo entre oração e justiça leva-nos a pensar em tantas situações no mundo, em particular no Médio Oriente - observou o Papa, que comentou também o texto paulino, da segunda Carta a Timóteo. No meio de todo o tipo de dificuldades, o Apóstolo combateu o bom combate, terminou a sua carreira, conservou a fé”. E conclui: “O Senhor esteve a meu lado e deu-me força, para que, por meu intermédio, a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada e todas as nações a ouvissem”.
“É uma palavra que ressoa com especial vigor neste domingo em que celebramos o Dia Mundial das Missões. Comunhão com Jesus crucificado e ressuscitado, testemunho do seu amor. A experiência do Apóstolo é paradigmática para todos os cristãos, especialmente para nós, Pastores. Partilhámos um momento forte de comunhão eclesial. Despedimo-nos agora para tornar cada um à sua missão, mas sabemos que permanecemos unidos, permanecemos no seu amor”.
“Desde há muito tempo que no Médio Oriente perduram os conflitos, a guerra, a violência, o terrorismo. A paz, que é dom de Deus, é também o resultado dos esforços dos homens de boa vontade, das instituições nacionais e internacionais, em particular dos Estados mais envolvidos na busca da solução dos conflitos”.
“Há que nunca resignar-se à falta de paz. A paz é possível. A paz é urgente. A paz é a condição indispensável para uma vida digna da pessoa humana e da sociedade. A paz é também o melhor remédio para evitar a emigração do Médio Oriente. Pedi a paz para Jerusalém – diz-nos o Salmo. Rezemos pela paz na Terra Santa”.
Bento XVI convidou também a rezar pela paz em todo o Médio Oriente, com um empenho para que tal dom de Deus oferecido aos homens de boa vontade se difunda no mundo inteiro. Mas, para além da promoção da paz – acrescentou o Papa – há um outro contributo que os cristãos estão chamados a dar.
“Um outro contributo que os cristãos podem dar à sociedade é a promoção de uma autêntica liberdade religiosa e de consciência, um dos direitos fundamentais da pessoa humana que todos os Estados deveriam sempre respeitar”.
Em muitos países do Médio Oriente existe liberdade de culto, enquanto que o espaço da liberdade religiosa é tantas vezes bastante limitado – observou o Papa.
“Alargar este espaço de liberdade torna-se uma exigência para garantir a todos os pertencentes às várias comunidades religiosas a verdadeira liberdade de viver e professar a própria fé”.
Uma questão que (acrescentou Bento XVI) poderia vir a ser objecto de diálogo entre cristãos e muçulmanos, diálogo cuja urgência e utilidade foi reafirmada pelos Padres Sinodais.
A concluir, e recordando a recente criação do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, o Santo Padre anunciou o tema da próxima assembleia sinodal, em 2012, decisão tomada após consulta ao episcopado do mundo inteiro: “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”.
(Fonte: site Rádio Vaticano)
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