Com o mês de Outubro, recomeça a nossa vida laboral em pleno e o dia a dia corrente, que nos vai preencher a vida até que, no próximo verão, gozemos as férias habituais desta época do ano.
Tudo parece igual e tudo parece diferente. A vida tem contrastes. Graças a Deus que há muitas realidades diversas, que nos fazem reflectir sobre a beleza das coisas, dos acontecimentos e das pessoas que vamos conhecendo. E um rol de realidades sempre iguais: atravessamos habitualmente as mesmas ruas, passamos pelas mesmas casas, os mesmos monumentos, convivemos com as mesmas pessoas, levantamo-nos a uma hora mais ou menos certa, deitamo-nos quando o sono nos ataca, de uma forma geral em momentos que já previmos.
É possível que nos lamentemos, de vez em quando, da lenga-lenga do dia a dia, dos horários que temos de cumprir, da falta de variedade de ideias e de gostos daqueles que partilham connosco o quotidiano. Lamentamo-nos de ser tudo tão semelhante e pouco original, mas enfurecemo-nos quando há um atraso num comboio ou em algum outro meio de transporte público. Sejamos cordatos: já pensámos o que seria ter de apanhar um autocarro, cujo horário de partida dependesse da boa disposição do motorista?
A nossa Mãe Igreja, a mais profunda conhecedora do homem através dos ensinamentos que Cristo lhe confiou, deste mês até às próximas férias estivais apresenta-nos uma série muito polifacetada de festas e de situações, mas convida-nos a uma constância de ânimo e de atitude, que sempre está determinada pelo 1º Mandamento da Lei de Deus: “Adorar a Deus e amá-Lo sobre todas as coisas”. Sendo este o ponto de referência que deve condicionar – no bom sentido – a orientação da nossa vida em relação a Deus e aos nossos semelhantes, propõe-nos já neste mês de Outubro, que renovemos o nosso amor à Nossa Mãe do Céu e Mãe de Deus, rezando-lhe com mais amor e devoção a oração sua preferida, própria de uma mãe que tem muitos filhos em todos os escalões da sociedade, desde as elites intelectuais ao mais terra a terra trabalhador rural: o Terço.
Com Novembro, recorda-nos primeiramente que o nosso destino eterno é o Céu, na Solenidade de Todos os Santos, e também que a vida dos nossos parentes e amigos – e a nossa própria - não acaba aqui na terra, pelo que devemos continuar a lembrá-los sempre com a nossa oração e os nossos sufrágios, mas especialmente no Dia de Fiéis Defuntos.
Depois, surge o Advento, tempo de espera da vinda do Salvador, que vai encarnar no seio de Maria Santíssima. Nossa Senhora, para tanto, foi isenta do pecado original, como celebramos no dia 8 de Dezembro, com a Solenidade da Imaculada Conceição. Algum tempo mais tarde, revemos o nascimento de Jesus no Presépio de Belém. É o seu Natal e devemos dar-Lhe a boa prenda de olhar para a sua humildade, pobreza e disponibilidade, para que o nosso coração, com luta contínua e a pouco e pouco, se vá tornando manso e humilde como o do próprio Jesus. Ao seu nascimento associam-se tantas recordações familiares nossas e tantas festas litúrgicas singelas, como a vinda dos Magos, de longes terras, para O adorar. No entanto, se a hora da Cruz ainda não chegou para o Menino, vemo-la preconizada na tragédia dos Santos Inocentes.
Começa o novo ano sob a égide de Maria: Nossa Senhora Rainha do Mundo (1 de Janeiro). Semanas depois, a Igreja convida-nos à oração e à penitência mais intensa, na Quaresma, a fim de prepararmos adequadamente a Páscoa da Ressurreição. Antes, contemplamos a dor de Cristo na Paixão e o oferecimento incondicional de Si mesmo ao Pai, na Sua Morte, que seria um fracasso se não tivesse havido a Ressurreição gloriosa, onde Ele Se apresenta como Senhor da Vida e da Morte.
Cristo sobe aos Céus na Ascensão, mas envia o dador da Graça, que é o Espírito Santo, no dia de Pentecostes. Se Jesus foi para o seu Reino e não O vemos entre nós sensivelmente, sabemos que a Solenidade do Corpo de Cristo nos fala do seu desejo de estar próximo e acessível a todos os homens, mantendo-Se, dia e noite, nos Sacrários de toda a terra para que O procuremos, com Ele dialoguemos e Lhe peçamos tudo aquilo de que necessitamos.
Nos finais de Junho, sublinhamos que a Igreja fundada por Cristo, além de ter em todos os Apóstolos os apoios firmes que o Senhor preparou, deve de sobremaneira a Pedro e a Paulo, o primeiro como Chefe de toda a cristandade, o segundo como o maior evangelizador dos primeiros tempos, a sua solidez fundamentada em Cristo Senhor.
Já entramos de novo nas férias estivais. Aproveitámos toda esta diversidade de eventos e situações para vivermos como bons filhos de Deus? Não esqueçamos ainda que no período mais agudo deste tempo de descanso, nos alegramos com Jesus no dia 15 de Agosto, para recordarmos que a Sua e a nossa Mãe Maria Santíssima, foi assumpta ao Céu em corpo e alma, graças à sua santidade exemplar e à vontade das Pessoas da Santíssima Trindade a terem junto de Si, tal como viveu na terra, a mais excelsa criatura que saiu do género humano.
Na diversidade das suas festas e celebrações, sejamos bons filhos da Igreja para sermos bons filhos de Deus. É isto que ela nos pede e Deus deseja.
(Pe. Rui Rosas da Silva – Prior da Paróquia de Nossa Senhora da Porta Céu em Lisboa in Boletim Paroquial de Outubro, título da responsabilidade do autor do blogue)
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