Um dos lugares-comuns que salta à vista é o da ineficácia das políticas familiares. Segundo os dados do Eurostat, naqueles países onde se adoptaram certas medidas - como as ajudas para o cuidado dos filhos ou a flexibilidade no trabalho - verificou-se um aumento da fecundidade.
Aconteceu assim na França, cuja fecundidade tem aumentado pouco a pouco desde 1998 (1,78 filhos por mulher) até atingir o limite de renovação em 2006 (2,00); se bem que no ano seguinte voltou a descer para 1,98. Outros países que melhoraram a sua taxa de fecundidade graças às medidas de apoio à natalidade são os países nórdicos e os Países Baixos. A Irlanda segue à cabeça da União Europeia com uma fecundidade de 2,01 filhos por mulher.
Por outro lado, face à análise tradicional que atribuía a queda de fecundidade nos países desenvolvidos ao acesso massivo das mulheres ao mundo do trabalho, começa a haver exemplos que põem em causa esta interpretação. Concretamente, nos países nórdicos e em Espanha, as mulheres com cursos superiores que trabalham fora de casa têm tendência a ter mais filhos.
Desde 1960 até 2002, o número de nascimentos nos países da União Europeia vem a diminuir de forma drástica. Contudo, desde 2002 (quando nasceram menos 5 milhões de bebés), verificou-se um crescimento constante até atingir os 5,4 milhões de nascimentos em 2008.
As excepções a esta tendência geral são a Alemanha, os Países Baixos e Portugal (onde o número de nascimentos continua a descer), e cresceu mais o número de nascimentos entre 2002 e 2008 (seguramente devido ao aumento da imigração).
Outro dado significativo é o adiamento do momento em que as mulheres decidem ter filhos. Enquanto que a taxa de fecundidade entre as mulheres tem descido desde 1970, a das mulheres de 30 ou mais anos subiu nesse mesmo período.
Mais nascimentos fora do casamento
O anuário do Eurostat mostra duas outras tendências que vão unidas. Por um lado, o aumento de nascimentos fora do casamento. Por outro, a diminuição de casamentos em toda a União Europeia.
O aumento mais significativo de nascimentos fora do casamento verificou-se na Bulgária, Estónia, França, Eslovénia e Suécia. No outro extremo da tabela situam-se a Grécia e Chipre, onde a percentagem de crianças que nascem fora do matrimónio se situa em 5.9 % e 8,9 % respectivamente.
Ainda que a Espanha fique um pouco mais abaixo da média europeia, é significativo o forte aumento de nascimentos fora do casamento que se verificou na última década: de 14,5 % em 1998 passou-se para 31,7 % em 2008, um valor duplicado.
Unido ao anterior está a diminuição do número de casamentos. Só em nove anos, a média europeia de casamentos passou de 5,1 por cada mil habitantes para 4,9. Os países onde houve mais casamentos em 2008 foram a Lituânia (7,2 casamentos por cada mil habitantes), Roménia (7,0), Polónia (6,8) e Dinamarca (6,8).
Também neste caso se nota uma mudança muito nítida em Espanha. Se em 1998 o número de casamentos era de 5,2 por cada mil habitantes, dez anos depois desceu para 4,2. Contudo não chega a percentagens tão baixas como da Eslovénia (3,1), Bulgária (3,6) ou Luxemburgo (3,9).
Finalmente os países da União Europeia registaram um ligeiro aumento do número de divórcios entre 1998 e 2005 (1,8 por cada mil habitantes). O aumento mais espectacular deu-se em Espanha: no mesmo período de tempo, a taxa de divórcios passou de 0,9 por cada mil habitantes, para 1,7; mas depois da entrada em vigor da lei do "divórcio na hora", duplicou até 2,8 só em dois anos.
Aceprensa
(título da responsabilidade de JPR)
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