Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Por uma Grã-Bretanha austera e frugal

Como é que os eleitores britânicos hão-de aguentar o novo e apertado orçamento do Governo se são incapazes de pontear uma meia ou de preparar uma refeição?

Bem, o Governo de coligação da Grã-Bretanha concluiu o seu primeiro orçamento e toda a gente tem falado disso, sendo as palavras "apertado" e "brutal" as que mais andam na boca do povo. O que parece ser do conhecimento geral é que há muito tempo que o Governo tem vindo a gastar dinheiro dos contribuintes, que na verdade não tem, para várias coisas de que, na realidade, não precisa.

Atrevo-me a afirmar que o Governo não vai efectuar cortes na despesa pública relativamente aos projectos mais absurdos e desnecessários, mas - oh - quem me dera que os fizesse... Será que precisamos de posters - como os que estão afixados na minha zona - a incentivar mais lésbicas a adoptar crianças? Será que precisávamos de um programa que incentivasse mais crianças a comprar contraceptivos em noites de festa? E quanto aos donativos a grupos excêntricos que promovem várias formas de actividade sexual fora do casamento heterossexual? Nada disto foi útil. A taxa de gravidez na adolescência tem vindo a aumentar à medida que mais e mais jovens têm vindo a adquirir contraceptivos - da mesma forma, as doenças sexualmente transmissíveis duplicaram, triplicaram e quadruplicaram (especialmente entre os adolescentes mais jovens), de modo que a expressão "epidemia" é a mais comummente usada entre os médicos acerca deste problema.

Seria de esperar que, numa altura de constrangimento financeiro, fosse aberta uma via de discussão sobre tais assuntos, mas mais vale esperar sentado. É verdade que o primeiro-ministro, David Cameron, tornou bem claro o seu compromisso para com o casamento e a vida familiar e que os seus discursos ecoaram imediatamente ao chegarem a Downing Street, reafirmando palavras como "responsabilidade" e "compromisso". O vice-primeiro-ministro, Nick Clegg, também falou recentemente sobre a importância de proteger as crianças e de garantir uma boa infância para a próxima geração. Os dois homens têm filhos e casamentos felizes - no caso de Cameron, é esperado um bebé para o final deste ano e foi extremamente encantador verificar que a primeira coisa que fez ao chegar a Downing Street foi sair do carro e dirigir-se para o lado do passageiro para abrir a porta à esposa. É um autêntico cavalheiro e os seus modos são naturais e genuínos.

Mas (e é um grande "mas") será que o Sr. Cameron estabelece mentalmente a ligação - ditada pelo senso comum - entre a necessidade de disciplina e de restrição dos gastos públicos e a importância da coesão social? Será que ele já percebeu que, se se aproximam tempos difíceis, vai ser crucial ter famílias fortes e unidas? Será que ele acha que os jovens que se reúnem nas ruas e nos centros comerciais das nossas cidades nestas quentes noites de Verão a beber e a vomitar e a gritar vão ser capazes de, a seu tempo, gerir um lar com um orçamento apertado, de alimentar os filhos com refeições nutritivas preparadas em casa e de partilhar passatempos familiares e interesses numa atmosfera alegre e aprazível?

No passado, quando havia dificuldades e privações - estou a falar de guerra, desemprego, crises financeiras mundiais - as pessoas comuns sabiam gerir-se, não por exortação do Governo ou por repressões policiais, mas porque eram capazes de aproveitar todos os seus recursos pessoais, fossem eles espirituais ou práticos - aptidões, receitas, redes familiares, cooperação entre vizinhos. Os valores espirituais eram ensinados de pais para filhos e eram encorajados em casa, na escola, na igreja e na comunidade e incluíam (sem qualquer relevância de ordem) poupança, paciência honestidade e correcção, coragem, fé em Deus e a importância de pensar nos outros antes de pensar em si mesmo.

Actualmente, provavelmente será possível convencer as pessoas de que não vão conseguir ter tanto dinheiro extra como há uns anos. Férias no estrangeiro, snacks entre refeições, refeições em cafés e restaurantes, montes de aparelhos domésticos podem não fazer parte de uma vida durante algum tempo. As pessoas até poderão conseguir aceitar isto, mas serão capazes de, a um nível muito prático, se gerirem? Não quero ser engraçadinha, mas estou realmente preocupada. Muita gente parece, francamente, não saber o que é ir passear até um parque, ou até à praia, e levar umas sanduíches para comer ou o que é preparar uma refeição em casa à base de massa ou de batatas com uma deliciosa cobertura de queijo gratinado. Todos os géneros de aptidões - reunir a família em volta de uma grande mesa para uma refeição normal, pontear meias, subir a bainha de um vestido, remendar os joelhos das calças de ganga, transformar um cesto de madeira numa casa para bonecas, fazer conservas de fruta - são agora encarados como ridiculamente antiquados ou então são pura e simplesmente desconhecidos.

As aptidões são aprendidas em família e perpetuadas através da cultura familiar numa sociedade em que tais relações são prezadas e valorizadas. Os casamentos estáveis e seguros ensinam coisas como gerir-se, perdoar, lidar com relações difíceis, olhar em frente, encontrar esperança e coragem nas pequenas coisas.

Vamos precisar imenso de boa vontade e de aptidões práticas se as previsões sobre os nossos problemas económicos na Grã-Bretanha forem verdadeiras. Como é que as vamos arranjar? É possível que haja um aumento grotesco de interesse por aulas de culinária e de aptidões de gestão do lar. As nossas escolas poderiam, de forma útil, ser encorajadas a enfatizar aulas de aptidões domésticas. Poderíamos procurar persuadir os grupos de jovens a incentivar as crianças a gostar de jardinagem ou a plantar vegetais.

Mas, sinceramente, a forma mais simples de promover aptidões socialmente úteis, de ajudar as pessoas a gerirem-se em tempos difíceis, de garantir que ninguém passa fome e de estimular a moral nacional passa por adoptar, através de todos os meios disponíveis, uma cultura de apoio aos casamentos heterossexuais, de respeito por estruturas familiares tradicionais e de sentido de auto-estima entre os jovens à medida que atingem a maioridade e pensam em seguir em frente.

Então, enquanto o ministro fala de tempos difíceis e as pessoas começam a ver de que forma os impostos vão afectar os seus rendimentos, temos de ser honestos quanto à extensão da importância dos nossos estilos de vida. Vamos precisar de pessoas flexíveis, versadas em tarefas domésticas, capazes de enfrentar os desafios económicos do dia-a-dia e confiantes na sua capacidade de cuidar dos que mais precisam. Por isso, a melhor educação possível é numa casa com pais comprometidos com uma vida em conjunto e que partilham um sentido de hereditariedade com gerações anteriores.

Joanna Bogle

Aceprensa

1 comentário:

Nuno disse...

Gostei do texto!
Simples, claro e com bom senso.
A Grã-Bretanha (e nós) bem precisa disto.