O núcleo duro da organização da visita em Lisboa tem apenas três pessoas que ajudam o patriarcado.
Em plena Praça do Comércio e de olhar preso na outra margem do Tejo, Francisco Noronha de Andrade pensa em voz alta. "Podíamos dizer à Câmara de Almada para pôr uma faixa de saudação ao Papa ali na grua da Lisnave", diz para os outros dois membros da equipa que organiza a missa papal em Lisboa, enquanto caminham pela praça, envolta em obras. Não é tarde nem é cedo. Pega no telefone e liga para a vereadora da autarquia, com quem já trabalhou na organização do 50.º aniversário do Cristo-Rei, outro evento religioso que mobilizou milhares de fiéis.
"É assim que trabalhamos. Andando na rua, tendo ideias, falando com pessoas. E de evento para evento vamos ganhando experiência, contactos e entusiasmo", afirma este empresário do ramo imobiliário. No núcleo duro da organização da missa em Lisboa estão ainda Pedro Duarte Silva e Bernardo Capucho, dois católicos convictos que com Francisco formam uma equipa experiente que já colaborou com a Igreja noutras ocasiões. Voluntários que, para além da vida pessoal e profissional, perdem horas e horas diárias para ajudar o patriarcado a pôr de pé esta iniciativa. E que trabalham com uma "atitude profissional dando a cara pela Igreja Católica", sublinha Bernardo Capucho.
A chefiar a equipa está o bispo D. Carlos Azevedo, também coordenador -geral da visita, e o padre Mário Rui, que contam com estes braços direitos encarregados de liderar equipas de trabalho que recrutarão milhares de colaboradores nas próximas semanas. Para montar infra-estruturas, encaminhar fiéis e convidados, distribuir a hóstia, cantar e animar a missa.
Mas, a um mês do evento, o trabalho é essencialmente feito na sala de reunião: com empresas de transporte, protocolo de Estado, forças de segurança, protecção civil e emergência médica, comerciantes, ou ministérios "desalojados" no dia 11.
"O objectivo é ser uma operação de custo zero", explica Bernardo Capucho, dono de uma empresa de eventos, garantindo que há muita gente disposta a colaborar, entre escuteiros, grupos paroquiais e movimentos cristãos, ou apenas lisboetas que querem que a cidade acolha bem os mais de 150 mil visitantes esperados. Na organização, a Igreja conta com o apoio da autarquia, "inexcedível" em todo o processo, garantem.
Para o recrutamento de voluntários, a organização conta com uma consultora de recursos humanos, que, gratuitamente, ajudará a escolher o perfil das pessoas para cada função. Nesta primeira fase, os voluntários deverão inscrever-se, depois serão seleccionados e adjudicados a uma tarefa concreta.
"Há várias formas de estar perto do Papa. Uma delas é servir", diz Pedro Duarte Silva, economista, sublinhando que a maioria nem o verá de perto.
É esse espírito de serviço à Igreja que define todos os que estão empenhados nesta missão, asseguram, desvalorizando o esforço e sublinhando o "gozo" que esta acarreta. "O tempo não é quantificável...", diz Francisco Noronha, num tom sereno, abrindo a agenda. "Hoje temos reunião do núcleo duro às 17.00, com os presidentes da junta de freguesia às 19.00, com o grupo geral de trabalho às 21.00.E por aí fora..." Ri-se.
Foi em 2003 que se lançaram nestas "maluqueiras", lembra Bernardo. Quando Francisco propôs ao patriarca a realização de um terço humano nos 25 anos de João Paulo II e os chamou para a acção. Eram 50 mil, tudo correu bem. E nunca mais pararam. Depois veio o Encontro da Nova Evangelização, o Cristo-Rei. E agora o Papa.
Rita Carvalho
(Fonte: DN online)
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