Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Educar na abstinência sexual, uma estratégia que funciona

No passado dia 26 de Janeiro, um relatório do Alan Guttmacher Institute revelou que, pela primeira vez desde 1990, a taxa de gravidezes das adolescentes conheceu uma retoma.

Em 2006 - último ano do qual existem dados disponíveis - houve 71,5 gravidezes por cada 1.000 raparigas norte-americanas com idades entre os 15 e os 19 anos, o que significa um aumento de 3% em relação à taxa de 69,5 adolescentes de 2005.


Depois, os autores do relatório estabelecem uma correlação - bastante discutível - entre o aumento da taxa de gravidezes das adolescentes e os programas de educação sexual centrados na abstinência, impulsionados pela Administração Bush.

O relatório do Guttmacher Institute agitou a opinião pública norte-americana. Quase todos os meios de comunicação social concordam em que os resultados que revela são preocupantes. No que não concordam é na identificação da causa.

Alguns periódicos, como o New York Times, acolheram com entusiasmo a hipótese levantada pelo Guttmacher Institute. Outros, como o Washington Post, menciona essa explicação mas não a assume. Entre as causas possíveis, este diário cita o relaxamento dos jovens perante os perigos da SIDA/AIDS (o que os leva a terem relações sexuais sem preservativo) ou a afluência dos imigrantes hispânicos.

A verdade é que, actualmente, os programas que promovem a abstinência sexual dos jovens estão sob suspeita. Para que possam optar por ser financiados por fundos federais, antes tem de se provar que a sua estratégia funciona.

Os dados falam por si

Isto é o que acaba de conseguir um rigoroso estudo publicado na revista Archives of Pediatric & Adolescent Medicine (2-02-2010). Segundo o estudo, realizado por investigadores da Universidade da Pensilvânia, os programas de educação sexual centrados na abstinência conseguem persuadir muitos alunos a atrasarem o início da sua actividade sexual.

É certo que já existiam alguns relatórios que certificavam o sucesso da estratégia da abstinência nos Estados Unidos (cfr. Aceprensa, 7-05-2008). Mas o aspecto inovador é que este estudo conseguiu chamar a atenção dos mais cépticos.

Segundo o Washington Post (2-02-2010), "pela primeira vez, existem provas claras de que um programa de abstinência pode funcionar". É significativo que esta notícia tenha estado durante vários dias entre as cinco mais lidas da sua edição on line.

Os autores do estudo seguiram durante quatro anos 662 adolescentes afro-americanos de classe média, com idades entre os 10 e os 15 anos, que participaram em programas de educação sexual no início do ano 2000. Estes jovens foram escolhidos, porque se trata de uma população de alto risco.

Os programas foram oferecidos em módulos de oito horas - com intervalos, evidentemente - ao longo de vários sábados, em quatro escolas públicas. Alguns alunos participaram em programas centrados exclusivamente na abstinência; os outros assistiram a programas que combinavam diversas estratégias, principalmente a contracepção e a abstinência.

Dois anos após o arranque dos cursos, chegou o momento de fazer o balanço. Um terço dos alunos que tinha assistido aos programas que se limitavam à abstinência havia-se já iniciado nas relações sexuais. Pelo contrário, essa percentagem chega até quase metade dos alunos do outro grupo.

Por outras palavras, a probabilidade dos adolescentes que tinham participado nos programas centrados na abstinência manterem relações sexuais, é 33% mais baixa que nos outros.

Eficácia demonstrada

Para John B. Jemmott, professor da Universidade da Pensilvânia e director do estudo, estes resultados constituem uma oportunidade para se levar mais a sério o debate sobre os programas de educação sexual: "Temos vindo a criticar há já demasiados anos os programas que apostam apenas na abstinência, sem prestar atenção aos dados". "Este estudo mostra que os programas centrados na abstinência podem ser uma alternativa a juntar aos restantes programas de educação sexual que oferecemos", conclui Jemmott.

O estudo da Universidade da Pensilvânia pode ter consequências políticas importantes. Teoricamente, o sistema educativo dos Estados Unidos avaliza tanto os programas de educação sexual contraceptiva, como os que promovem a abstinência dos jovens. Mas na prática, as coisas não são assim tão equitativas. A Administração Obama já tomou partido pela educação sexual contraceptiva, ao eliminar os mais de 170 milhões de dólares que antes eram destinados a financiar os programas centrados na abstinência.

Contudo, uma vez demonstrada a eficácia dos programas que apostam apenas na abstinência, poderiam voltar a receber apoio dos fundos federais.

É o que se depreende de declarações de Sarah Brown, directora da National Campaign to Prevent Teen and Unplanned Pregnancy: "Este novo estudo pode mudar as regras do jogo. Pela primeira vez, há provas claras de que a estratégia da abstinência pode ajudar muitos jovens a atrasar as relações sexuais".

Juan Meseguer Velasco
Aceprensa

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