Nas palavras proferidas antes da recitação do Angelus com os milhares de pessoas congregadas ao meio dia na Praça de São Pedro Bento XVI comentou o trecho do Evangelho deste IV Domingo da Quaresma, conhecido como a parábola do filho pródigo.
Um texto evangélico que, como disse o Papa, tem o poder de nos falar de Deus, de nos fazer conhecer o seu rosto, ou melhor ainda, o seu coração. Depois de Jesus nos ter falado do Pai misericordioso, as coisas já não são como dantes, agora conhecemos Deus:
“Ele é o nosso Pai que por amor nos criou livres e dotados de consciência que sofre se nos perdemos e que faz festa se voltamos. Por isso a relação com ele constrói-se através de uma historia, analogamente ao que acontece com cada filho em relação aos próprios pais: no inicio depende deles; depois reivindica a própria autonomia; e finalmente, se se verifica um desenvolvimento positivo – chega a uma relação madura, baseada no reconhecimento e no amor autentico.
Nestas etapas – salientou depois Bento XVI – podemos ler também momentos do caminho do homem na relação com Deus. Pode haver uma fase que é como a infância: uma religião movida pela necessidade, pela dependência . Pouco a pouco o homem cresce e emancipa-se, quer libertar-se desta submissão e tornar-se livre, adulto, capaz de regular-se sozinho e de efectuar as próprias opções de maneira autónoma , pensando também de poder prescindir de Deus. Precisamente esta fase é delicada, pode levar ao ateísmo, mas também esta situação, não poucas vezes esconde a exigência de descobrir o verdadeiro rosto de Deus, acrescentou o Papa – salientando a este propósito:
“Para a nossa sorte, Deus nunca falta à sua fidelidade, e mesmo que nos afastemos e perdemos , continua a seguir-nos com o seu amor, perdoando os nosso erros e falando interiormente à nossa consciência para nos chamar a si.
Prosseguindo o seu comentário sobre o trecho evangélico do filho pródigo o Santo Padre sublinhou que tanto a hipocrisia como a rebelião são uma maneira errada de relacionar-se com Deus. Os dois filhos – explicou – comportam-se de maneira oposta: o menor vai-se embora e cai cada vez mais em baixo, enquanto que o maior permanece em casa, mas também ele mantém uma relação não madura com o Pai; de facto quando o irmão regressa casa, o maior não é feliz, como é o Pai, ao contrário zanga-se e não quer entrar em casa. Os dois filhos – acrescentou o Papa – representam duas maneiras não maduras de relacionar-se com Deus: a rebelião e a hipocrisia Ambas estas formas se superam através da experiencia da misericórdia.
Somente experimentando o perdão, reconhecendo-nos amados com um amor gratuito, maior do que a nossa miséria mas também do que a nossa justiça, entremos finalmente numa relação verdadeiramente filial e livre com Deus.
E Bento XVI concluiu com o seguinte convite:
“Queridos amigos – meditemos esta parábola. Espelhemo-nos nos dois filhos e sobretudo contemplemos o coração do Pai. Lancemo-nos entre os seus braços e deixemo-nos regenerar pelo seu amor misericordioso. Que nisto nos ajude a Virgem Maria, mãe de misericórdia.
Depois da recitação do Angelus não faltou neste domingo uma saudação do Papa em português:
Saúdo também os peregrinos de língua portuguesa, especialmente o grupo de brasileiros que quis fazer deste encontro com o Sucessor de Pedro na Oração do Angelus uma etapa de sua caminhada.
(Fonte: site Radio Vaticana)
Sem comentários:
Enviar um comentário