Assegura D. José Policarpo na celebração do padroeiro da cidade de Lisboa
O Cardeal-Patriarca de Lisboa assegurou esta Sexta-feira que a Igreja “nunca aceitará a equivalência ao casamento das uniões entre pessoas do mesmo sexo”, seja qual for o enquadramento legal que lhe seja dado.
Na homilia proferida na Sé de Lisboa, por ocasião da festa de São Vicente, protector da cidade, D. José Policarpo diz que este é “um ponto em que a Igreja, no seu empenho a favor da família, só pode estar com a sua verdade”.
“Ajudar a família é, antes de mais, respeitá-la na sua dignidade e na sua natureza antropológica de instituição baseada no contrato entre um homem e uma mulher, que origine uma comunidade específica, onde acontece a procriação e a caminhada em conjunto na descoberta da vida”, indicou.
O Patriarca de Lisboa diz que “o Projecto de Lei, recentemente votado na Assembleia da República, em ordem a reconhecer que uniões entre pessoas do mesmo sexo são casamento e fundam uma família, altera a dignidade da família natural, levará ao enfraquecimento da sua auto-estima, e contribuirá para o enfraquecimento da comunidade familiar”.
Para D. José Policarpo, a Igreja deve agora promover “um empenhamento renovado no apoio aos casais, valorizando a complementaridade e a estabilidade dos esposos, em ordem à fidelidade e à harmonia, hoje, tantas vezes ameaçadas pela cultura ambiente, que veicula a provisoriedade de tudo e a dimensão consumista do próprio amor”.
“Nunca permitiremos em nenhuma expressão da nossa acção com famílias que as uniões de pessoas do mesmo sexo toldem a beleza e a verdade dos autênticos casamentos”, assinalou.
Pobreza e crise
O Cardeal-Patriarca afirmou noutra passagem da sua homilia que “a pobreza, sobretudo as novas situações de precariedade motivadas pela crise económica, atinge de modo particular as famílias: o desemprego, o endividamento familiar, o custo da casa, as despesas com a educação, a tendência para a baixa da natalidade”.
“O apoio à família deve empenhar-nos a todos com determinação renovada. Não se salvará a Cidade se não se salvar a família”, apontou.
Recordando o início do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social, D. José Policarpo considera que “urge conhecer, cada vez melhor, o verdadeiro mapa da pobreza na Cidade”.
“Todos conhecemos o volume e a importância das instituições da Igreja nesta resposta à pobreza, nas quais se concretiza, aliás, o princípio da cooperação entre a Igreja e o Estado. Mas essa cooperação pode aprofundar-se, não apenas com o Ministério do Trabalho da Solidariedade Social, mas com a Autarquia, com a Santa Casa da Misericórdia, com outras instituições de solidariedade”, observou.
Nesse contexto, o Patriarca questionou se “não deveríamos caminhar para um organismo coordenador de todos estes intervenientes na luta contra a pobreza”, acrescentando que “o princípio da cooperação entre a Igreja e os poderes públicos inspira a nova Concordata, celebrada entre a Santa Sé e o Estado Português”.
Visita «especial»
O Cardeal lembrou também que em 2010 Bento XVI estará em Lisboa, a terceira vez que um Papa visita a cidade, classificando a viagem papal como um "acontecimento especial".
“É uma visita que nos mobilizará a todos: Igreja, Estado, Autarquia, Povo de Lisboa. Vamos recebê-lo naquela que é a mais bela sala de visitas da Cidade: a Praça do Terreiro do Paço, onde a Cidade e o Rio se abraçam num desafio comum”, adiantou.
D. José Policarpo afirmou que “a Igreja é, por excelência, o lugar de intercâmbio universal e o Papa é o seu sinal visível. Com ele, entre nós, escutando a sua palavra, vamos certamente sentir-nos mais no coração do mundo”.
O Patriarca apelou ainda à “recuperação e valorização do património artístico de Lisboa”.
“Só valorizando o seu património, Lisboa impedirá que se desfeie a Cidade ao fazê-la crescer. A cidade do futuro tem de ser uma irradiação da cidade histórica, marcada pela beleza. Todos juntos somos poucos para realizar este objectivo”, declarou.
(Fonte: Agência Ecclesia online)
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