NÃO SEI PORQUÊ, mas o Natal faz-me lembrar um período pré-eleitoral ou eleitoral. É que ainda o Natal vem longe, e já nos torpedeiam com uma propaganda intolerável.
De paz? De fraternidade? De atenção aos marginalizados? De partilha de bens por tantos a quem falta tudo ou falta algo de especial? De trabalho, de casa, de pão, de melhor qualidade de vida? De uma reforma honesta que deixasse de vez de cheirar a esmola, não obstante o açúcar em que vem envolvido o seu aumento?
De um espaço de esperança a sério para tanto e tanto jovem que não vê jeito de encontrar o primeiro emprego?
De uma garantia de o único critério das relações entre homens (a começar e, sobretudo, pelos do Poder) seria a verdade e só a verdade?
De tudo isto é que nós precisávamos e tudo isto está n alma, na mensagem e no coração do Natal. MAS, E INFELIZMENTE, o que esta propaganda nos traz é gastos desnecessários, é festas alienantes, é publicidade enganadora e agressiva, é, no fundo, maior pobreza de bens e de humanidade.
E, enquanto que, nos “outros” períodos pré-eleitorais e eleitorais, já boa parte das pessoas reage com indiferença, aqui todos (ou quase) se deixam atingir.
Assim, o Natal é negócio. E no meio do negócio, Jesus Cristo não encontra lugar. Mesmo que o tal negócio se pretenda fazer “piedosamente” a Seu pretexto… O nosso mundo vive mergulhado numa profunda fome de Natal. Sentimos essa fome por todo o lado. Se fosse saciada esta fome de Natal, a sério, todos os outros bens viriam por acréscimo.
É que o Natal é Jesus. E Jesus, bem acolhido, é fonte e garantia de uma sociedade diferente.
Então, não brinquemos com o Natal. Não brinquemos com Jesus. A experiência diz-nos que esta brincadeira fica cara.
D. Manuel MartinsBispo Emérito de Setúbal
(Fonte: site Rádio Renascença)
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