No próximo dia 21 de Novembro, no extraordinário cenário da Capela Sistina, o Papa Bento XVI vai encontrar-se com uma ampla embaixada do mundo artístico. Já confirmaram a sua presença alguns dos protagonistas fundamentais da criação contemporânea, nos seus diversos âmbitos: das Artes Visuais (Anish Kapoor e Bill Viola), da Arquitectura (Mario Botta, Calatrava, Gregotti, Zah Hadid), da Literatura (Piero Citati, Franco Loi, Claudio Magris), da Música (Arvo Part, Ennio Morricone), do Cinema (Peter Greenaway, Philip Groning, Nanni Moretti, Sokurov, Zeffirelli)… De Portugal participará nomeadamente o Padre Tolentino de Mendonça, poeta e biblista, especialmente atento à dimensão da beleza e da arte.
Como ele próprio escreve em editorial da agência Ecclesia, “este encontro, que vem sendo descrito como ocasião histórica, pretende assinalar dois aniversários: os 10 anos passados da Carta que João Paulo II endereçou aos Artistas e os 45 anos do encontro que em 1964, também na Capela Sistina, o Papa Paulo VI manteve com grandes figuras deste campo para, como ele dizia, «restabelecer uma aliança nova entre a inspiração divina da fé e a inspiração criadora da Arte».”
E prossegue ainda José Tolentino de Mendonça, a propósito do encontro que o Papa Bento XVI vai ter com os artistas, na capela Sistina, sábado próximo:
“Na conferência em que se anunciou o encontro de Bento XVI, D. Gianfranco Ravasi, Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, não podia ser mais incisivo. Segundo ele, continua a ser muito claro que a Arte não tem apenas a tarefa de descrever o visível, mas cabe-lhe colher no visível o Invisível. Isto é, compete-lhe espelhar uma visão transcendente do Ser, mostrando como a epifania da beleza é inseparável da epifania do Mistério. A dramática verdade que hoje, porém, experimentamos é a de uma ruptura na relação, que em grande medida deveria ser co-natural, entre Fé e criação artística. Percebemos que no passado a experiência cristã foi o húmus de admiráveis obras e percursos, mas na actualidade frequentemente nos deparamos com uma grave pobreza. Face a este doloroso divórcio, Bento XVI pretende propor um esperançoso diálogo, em nome de um novo e fecundo impulso de beleza. A linguagem artística não é apenas ilustração estética da verdade que a fé confessa, mas é um verdadeiro “lugar teológico”. Há um Evangelho da Beleza que só a Beleza pode anunciar.”
(Fonte: site Radio Vaticana)
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