Um percurso no coração da Europa para se dirigir idealmente a todo o continente e ao mundo. Pode ser sintetizada assim a décima terceira viagem internacional do pontificado de Bento XVI, à República Checa. A nação, por tantos motivos símbolo da atormentada história europeia, depois de um passado esplendoroso e trágico, voltou a ser inesperadamente protagonista em 1968, com a chamada Primavera de Praga. À sua perturbadora repressão por obra das tropas do Pacto de Varsóvia, seguiu-se, um decénio mais tarde, a “Charta 77”, manifesto pelo respeito dos direitos humanos.
Estas sementes civis encontraram depressa resposta e acolhimento por parte da Igreja de Roma: nos sinais de Paulo VI e desde os primeiros anos de pontificado nas escolhas de João Paulo II, o bispo que veio "de um país distante". Assim em 1977, no último Consistório do Papa Montini, foi publicado o nome do administrador apostólico (depois arcebispo) de Praga, Frantisek Tomásek, criado in pectore no ano precedente. Os evangelizadores do pais e das vastíssimas regiões centrais e orientais do continente, Cirilo e Metódio, em 1980 foram proclamados co-padroeiros da Europa. E em 1985 foi dedicada aos dois santos irmãos a encíclica Slavorum apostoli, que delineava a imagem extraordinária dos dois pulmões, oriental e ocidental, com os quais respira a tradição cristã.
O sinal mais comovedor enquanto o Papa lançava mão à reorganização daquela Igreja, martirizada atrozmente ainda nos finais dos anos 80 foi dado pela canonização de Ines da Boémia, no memorável Outono de 1989 que marcou o fim do comunismo real em terras da Europa. Permanece ainda a memória daquele tímido sol que a 12 de Novembro iluminou os grupos de fiéis checos que chegaram a Roma, quase incrédulos e com meios pobres, para honrar a nova santa proclamada pelo Romano Pontífice.
Precisamente naquela praça São Pedro onde, segundo as representações da propaganda politica, deveriam separar-se os cavalos dos cossacos. No ano seguinte, tendo iniciado a retirada das tropas soviéticas, teve lugar a primeira das três viagens de João Paulo II em terras checas e eslovacas.
Atento e dirigido ao coração da história da Europa continente incompreensível se se removerem as suas raízes cristãs que, com outras, o constituíram tal como é hoje particular e importante é também o momento internacional do itinerário papal, que começa no dia seguinte ao empenho unânime pelo desarmamento nuclear assumido nas Nações Unidas. Onde a 4 de Outubro de 1965 Paulo VI, "como o mensageiro que, depois e um longo caminho, chega para entregar a carta que lhe foi confiada", falou ao mundo do perigo sempre ameaçador: "As armas, as terríveis, especialmente, que a ciência moderna vos deu, ainda antes de produzir vitimas e ruínas, geram maus sonhos, alimentam maus sentimentos, criam pesadelos, desconfianças e propósitos tristes, exigem enormes despesas, impedem projectos de solidariedade e de trabalho útil, alteram a psicologia dos povos".
Hoje o seu sucessor prossegue aquele caminho. Na confiança que o seu apelo à razão seja ouvido. Assim como a sua pregação.
Giovanni Maria Vian - Director
(© L'Osservatore Romano - 26 de Setembro de 2009)
Nota: infelizmente o texto publicado continha inúmeros erros ortográficos e de acentuação que tomei a liberdade de corrigir, sempre em total respeito pela essência do conteúdo. (JPR)
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