Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja
Sermões sobre a primeira carta de São João, I, 2 (a partir da trad. de SC 75, p. 115)
«Enquanto o esposo está com eles»
São João escreve: «Nós vimo-la, dela damos testemunho» (1Jo 1, 2). Onde a viram eles? Na sua manifestação. Como foi a sua manifestação? Foi sob o sol, por outras palavras, a esta luz visível. Mas poderíamos nós ver Quem fez o sol à luz do mesmo sol se Ele não tivesse feito «lá no alto, uma tenda para o sol, donde sai, como esposo do seu leito, a percorrer alegremente o seu caminho» [Sl 19 (18), 6]? Verdadeiro Criador, Ele é anterior ao sol, precedeu a estrela da manhã, todos os astros e todos os anjos porque «por Ele é que tudo começou a existir e sem Ele nada veio à existência» (Jo 1, 3). Querendo que O víssemos com os nossos olhos de carne que vêem o sol, montou a Sua tenda debaixo do sol, quer dizer, mostrou-Se na carne manifestando-Se a esta luz terrestre e o tálamo deste esposo foi o seio da Virgem.
Porque neste seio virginal uniram-se os dois, o esposo e a esposa, o Verbo esposo e a carne esposa. Como está escrito: «os dois serão uma só carne» (Gn 2, 24); e o Senhor disse no Evangelho: «Portanto já não são dois, mas um só» (Mt 19, 6). Isaías exprime melhor como esses dois se tornam um quando, falando em nome de Cristo, diz: «Como um noivo que cinge a fronte com o diadema, e como a noiva que se adorna com as suas jóias» (61, 10). Parece ser um único indivíduo a falar e apresenta-se alternadamente como esposo e como esposa. Não são dois, mas uma só carne, porque «o Verbo fez-se homem e veio habitar connosco» (Jo 1, 14). A esta carne se une a Igreja e forma-se o Cristo total, cabeça e corpo (Ef 1, 22-23).
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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