Feminicide é o termo francês para um novo crime de guerra cujas vítimas são as mulheres. Há 14 anos que a realidade quotidiana no Congo passa por violações colectivas repetidas na praça pública de homens e mulheres, mas de forma particularmente violenta de crianças e mulheres entre os 3 e os 78 anos. Neste país a violação das mulheres representa sempre para elas uma dupla condenação: pelos contornos da violência em si mesma, e porque as que sobrevivem às dores não sobrevivem à humilhação.
No Congo as crianças e as mulheres violadas são sempre rejeitadas pelas comunidades. As que não morrem fisicamente, morrem socialmente.
É cruel de mais. Assinei ontem a petição online que pretende alertar o mundo para esta realidade e deixo aqui o endereço para o caso de alguém querer saber mais do que se passa naquela latitude. Sei que estamos em Agosto e que não apetece pensar nos horrores da guerra entre dois mergulhos na praia, mas, como diz a canção, "vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar". O silêncio mata e, neste contexto, pode ser mais um elemento assassino. Vivemos num país onde nem sequer há tradução para o termo "feminicide" e também por isso vale a pena parar e clicar em www.stoppons-le-feminicide-au-congo.com .
Laurinda Alves (Jornalista) – crónica publicada em 24 de Agosto no jornal “i”
Nota:
Com o devido respeito pela Laurinda Alves o título parece-me infeliz, pois não se trata de crimes de guerra, mas sim crimes contra a humanidade e a dignidade humana, sejam praticados em estado de guerra ou aparente “paz”.
Há dias o Jornal de Notícias do Porto publicava uma notícia com o seguinte título “ Duas mulheres violadas por engano”, como se tal fosse possível, tal não é o desnorte relativista que grassa por aí.
(JPR)
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