A Solenidade do Corpo de Deus, no dia 11 (que nalguns sítios transita para o Domingo seguinte, 14 de Junho), vem reforçar estas profundas aspirações da alma cristã. Analisando os vários momentos desta celebração litúrgica, o Santo Padre resume assim o seu significado fundamental: antes de tudo reunimo-nos em volta do altar do Senhor, para estar na Sua presença; em segundo lugar faremos a procissão, isto é, o caminhar com o Senhor; e por fim, o ajoelharmo-nos diante do Senhor, a adoração, que já começa na Missa e acompanha toda a procissão, mas tem o seu ápice no momento final da bênção eucarística, quando todos nos prostrarmos diante d'Aquele que se inclinou até nós e deu a vida por nós [11].
Bento XVI sugere um itinerário interior que é válido não só para o dia do Corpo de Deus, como para toda a nossa existência. Não vacilemos na decisão de o seguir com maior determinação nas próximas semanas, com propósitos eficazes de aproveitar as graças que esta Solenidade traz às nossas almas, com a vontade de sermos essencialmente eucarísticos. A participação diária no Santo Sacrifício há-de servir-nos como uma recarga de energia espiritual que nos impulsione para manter ao longo do dia uma intimidade mais habitual e confiada com a Santíssima Trindade. As visitas ao Santíssimo Sacramento, presente nos Tabernáculos das igrejas, servir-nos-ão para manter vivo e vibrante o amor a Deus e ao próximo, que se manifestará depois em obras de atenção fraterna, talvez em pequenos detalhes, mas concretos: com as pessoas da nossa família, com os colegas de trabalho, com os amigos com quem nos encontramos por uma razão ou por outra. Sabemos que o nosso Padre tirava toda a força da Santa Missa e, por isso, quando estava de cama, doente, a primeira ideia que manifestava no dia em que se levantava era: “Tenho fome de celebrar!”, disposição que fomentava diariamente.
A referência ao Sacrário há-de servir-nos sobretudo para alimentar o amor a Deus, em justa correspondência ao amor de Deus por nós. Será para nós muito útil considerar a experiência pessoal de S. Josemaria que, no meio do trabalho mais absorvente, estava sempre pendente de Jesus no Santíssimo Sacramento. Dizia ele: quando entro no oratório não me importo nada de dizer ao Senhor: Jesus, amo-Te. E louvo o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que estão presentes na Sagrada Eucaristia, junto da Humanidade Santíssima de Jesus Cristo, porque onde está uma Pessoa divina está necessariamente a Santíssima Trindade. E à minha Mãe, Santa Maria, envio uma palavra de afecto, assim, como se envia uma flor. E lembro-me de cumprimentar os Anjos, que guardam o Sacrário numa vigília de amor, de adoração, de reparação, fazendo a corte ao Senhor Sacramentado. Agradeço-lhes por estarem ali todo o dia e toda a noite, porque eu só o posso fazer com o coração: obrigado, Santos Anjos, que fazeis a corte e acompanhais sempre Jesus na Sagrada Eucaristia![12]
Não é preciso acrescentar mais nada: penso que estas confidências do nosso Padre avivarão em cada uma e em cada um de nós a fome, o empenho, o mais vivo desejo de melhorar a nossa intimidade com Jesus sacramentado.
Excerto carta de Junho 2009 do Prelado do Opus Dei - D. Javier Echevarría
[11] Bento XVI, Homilia na Solenidade do Corpo de Deus, 22-V-2008.
[12] S. Josemaria, Notas de uma tertúlia, 6-I-1972.
(Fonte: http://www.opusdei.pt/art.php?p=34072 )
Sem comentários:
Enviar um comentário