Evitar o pânico, cuidar dos vivos, enterrar os mortos. A velha receita, para resistir às grandes tragédias, aplica-se à crise económica com uma pequena variante: cuidar dos pobres, proteger o emprego, evitar o pânico.
É verdade que a nossa memória é curta para os números ontem divulgados pelo Banco de Portugal. Cortes de 14% no investimento e nas exportações e uma queda do produto de 3,5%o, num só ano, parecem maus demais.
Contudo, quem mantiver o emprego beneficiará de juros em queda e inflação em baixa. O rendimento disponível destas famílias irá aumentar. Não fora o medo do desemprego e não haveria nenhuma razão para a queda do consumo.
É, por isso, tempo de responder ao toque a rebate solidário, de que já aqui falei.
E quem não o fizer por compaixão e amor aos outros que o faça, ao menos, por interesse. Nesta crise, a pior ameaça ao bem-estar próprio é, objectivamente, o mal alheio. Por estranho que pareça, a partilha, do nosso salário, pode ser o melhor investimento. Apoiando os mais pobres e a manutenção do salário de outros, evitaremos a queda a pique do consumo, o afundar da economia e estaremos, por essa via, a garantir a manutenção do nosso próprio emprego.
Obama dizia, ontem, aos americanos, que a crise vai agravar-se nos próximos meses e acrescentava: “Não reconstruiremos a casa da nossa economia sobre areia. Vamos construir, com esforço, novos alicerces sob rocha, garantindo um futuro melhor”.
Faltam líderes assim: que falem verdade, apontem caminhos, nos devolvam a Esperança. A economia americana cairá este ano quase 5%. Mesmo assim… invejei-lhes a sorte!
Graça Franco
(Fonte: site RR)
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