Há muitos anos atrás, certo dia, perguntaram a um sábio grego qual era a sua opinião sobre a seguinte questão: «É melhor para o homem casar-se ou permanecer solteiro?». Naquela cidade da Antiga Grécia, havia uma viva discussão sobre este tema. Muitos jovens achavam natural que o caminho da felicidade do homem passasse pelo casamento. Outros, porém, pensavam que era precisamente o casamento a fonte de quase toda a infelicidade do homem. De quase todas as suas angústias e preocupações. Estando a controvérsia neste ponto, resolveram recorrer ao sábio ancião em busca de “luz”. Desejavam sair do “túnel da dúvida” num tema de tanta importância para a sua vida. Todos reconheciam nele uma autoridade especial, uma sensibilidade sapiencial e uma intuição pouco habitual no comum dos mortais.
O sábio não respondeu imediatamente. O seu conhecimento estava repleto de serenidade. Fechou os olhos com uma atitude imperturbável de introspecção. Via-se que estava em intensa actividade intelectual. Finalmente, como um suspiro, emitiu o seu parecer. Deitava cá para fora algo já profundamente meditado: «É indiferente». Os jovens gregos ficaram boquiabertos. Ninguém esperava aquela resposta. «Indiferente? Como justifica essa sua afirmação, que nenhum de nós defende?». O sábio voltou a falar com certa lentidão, medindo as palavras que pronunciava: «É indiferente para o homem casar-se ou não. Qualquer que seja a sua escolha, mais cedo ou mais tarde, acabará por se arrepender».
Existe algo de verdade na resposta do sábio grego. Qualquer caminho que o homem escolha percorrer nesta Terra exigirá dele esforço. Não será nunca um caminho simples, plano e sem dificuldades. No entanto, isso não significa que o homem acabe obrigatoriamente por se arrepender de o percorrer. A resposta do sábio não é uma resposta cristã.
Como diz J. Burggraf, para um cristão, o amor entre um homem e uma mulher é muito importante, mas não é o único importante. Gera uma grande felicidade, mas não é a máxima felicidade. Tem um profundo sentido, mas não é o último sentido. É o caminho para a grande maioria das pessoas que passam por este mundo, mas não é o único caminho, nem é o fim do caminho. Para todos, quer tenham vocação para o matrimónio ou para o celibato pelo Reino dos Céus, o fim do caminho é somente Deus.
Por isso, um cristão que conheça minimamente a doutrina católica sobre o amor sabe valorizar tanto o casamento como o celibato. Entende que são dois modos diferentes de corresponder à vocação ao amor que todos temos. Dois modos que exigem generosidade, pureza de vida e de coração. Que exigem um amor que não teme o pequeno sacrifício de cada dia. Um amor que leva à abnegação pela pessoa amada, seja ela divina ou humana. Que gera alegria e paz, no meio das normais dificuldades desta vida. Uma alegria e uma paz que só Deus pode dar.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
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