2. A Igreja-Família de Deus e a “diaconia”
Uma Igreja-Família Serva
40. Ao convite de Jesus Cristo, o Mestre, a comunidade dos seus discípulos, que é a Igreja, tornou-se uma Família de filhos e filhas do Pai (cf. Mt 5,16.45.48; 6,26.32; 7,11). O amor, tal como é vivido pelo Filho único, torna-se a característica dos membros desta Família, chamada a seguir o exemplo do irmão mais velho pelo serviço fraterno ou diakonia. Na verdade, após ter lavado os pés aos seus discípulos, disse-lhes: «dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais» (Jo 13,15). E na sua resposta ao legista que sabia bem como ler a Lei para dela extrair o essencial, ou seja o amor a Deus e ao próximo (cf. Lc 10,25-28), Jesus diz: «faz isso e viverás». De facto, o exemplo que ele lhe dá na parábola é um modelo de diakonia, onde o amor se traduz em acções sob a figura do bom Samaritano (cf. Lc 10,29-37). Nesta figura reconhecemos o próprio Jesus à cabeceira de todo o sofrimento humano, modelo para a Igreja inquieta de África, tão carente de reconciliação, de justiça e de paz.
Serva da justiça e da paz
41. Segundo as palavras do Salmista, «Justiça e Paz hão-de abraçar-se» (Sl 84, 11). É uma característica do Reino de Deus cuja vinda pedimos quando rezamos ao Pai: «venha à nos o vosso reino!». A Igreja Família tem, assim, consciência de ser enviada para que em África advenha um mundo de Justiça e de Paz, um mundo onde Deus reina, porque foi reconciliado com o seu Deus e com ele mesmo. Que vias empreender nestes tempos de confusão e de injustiças que o mundo teima em não ver?
Serva da reconciliação
42. Jesus Cristo é a fonte da reconciliação de Deus com a humanidade e com cada pessoa. Ele é também agente de reconciliação dos homens entre si (cf. Mt 6,12; Rom 5,10-11); é o fundamento da missão da Igreja. A Igreja Família de Deus em África sente-se investida do «ministério da reconciliação» (2 Cor 5,18). Pois ela é mensageira do «Evangelho da paz» (Ef 6,15), que faz dela um só Corpo e Templo do Espírito Santo. Tal como Cristo, é artesã de reconciliação em seu corpo de carne. Porque construtores de comunhão, os cristãos hão-de chamar a sociedade africana à união dos corações dando eles mesmos o exemplo pelo testemunho das suas vidas. Uma vida que reconcilia porque dá lugar ao perdão (cf. Mt 5,23; Ef 2, 14-15).
43. Com efeito, diz Jesus, «nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros» (Jo 13,35). Desde então, antes mesmo de qualquer acção, é pela sua maneira de ser que toda a célula eclesial há-de ser um apelo lançado aos nosso irmãos e irmãs africanos para que se deixem reconciliar com Deus e uns com os outros (cf. Mt 5,23 ss; 2 Cor 5,20). A Igreja há-de manifestar, assim, a sua dimensão de sacramento, sinal eficaz que torna presente, no coração de África, a graça da reconciliação operada entre Deus e a humanidade, e entre os homens entre si, por meio de Cristo Jesus, nossa Justiça e nossa Paz.
INSTRUMENTUM LABORIS III, 1, 35-39
(Fonte: site da Santa Sé)
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