O dirigente do movimento fundado por Monsenhor Marcel Lefebvre pediu ontem terça-feira perdão ao Papa Bento XVI pelas declarações do bispo Richard Williamson que negavam a existência do Holocausto, informou o Vaticano.
"Pedimos perdão ao Sumo Pontífice e a todos os homens de boa vontade pelas consequências dramáticas desse acto", escreveu em carta monsenhor Bernard Fellay, superior-geral da Fraternidade São Pio X.
"As afirmações de monsenhor Williamson não reflectem em nenhum caso as posições da Fraternidade. Por isso foi-lhe proibido, até nova ordem, qualquer tomada de posição pública sobre assuntos políticos e históricos", sustenta a carta divulgada pela assessoria de imprensa da Santa Sé.
Em entrevista à televisão sueca, divulgada dois dias antes de levantada a excomunhão, o bispo inglês negou o Holocausto de milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial; afirmou que "não existiram as câmaras de gás na Alemanha nazi" e que só morreram "200.000 a 300.000 judeus" não os seis milhões que se calcula.
O pedido de perdão deverá, no entanto, aliviar o clima entre católicos assim como com a comunidade judaica, irritada e ofendida com as declarações do bispo "negacionista".
O jornal do Vaticano “L’Oservatore Romano” havia criticado duramente o bispo ultraconservador inglês Richard Williamson.
As declarações de Williamson "são inaceitáveis", escreveu na segunda-feira em um editorial o jornal da Santa Sé, destacando que o anti-semitismo "não é objecto de discussão" para um católico.
O jornal oficial do Vaticano lembra ainda a declaração "Nostra Aetate", adoptada em 1965 ao término do Concílio Vaticano II, documento que revolucionou o enfoque da Igreja católica em relação aos judeus, rejeitando a ideia de que podem ser acusados de "deicídio".
"Este documento marcou uma mudança decisiva" nas relações entre a Igreja católica e os judeus, aponta o jornal da Santa Sé.
"As declarações de Williamson, nas quais nega o Holocausto, contradizem os ensinamentos da Igreja e são muito graves, lamentáveis", ressalta o editorial.
Segundo o “L'Osservatore Romano”, anular a excomunhão aos quatro bispos consagrados ilegitimamente em 1988 pelo prelado tradicionalista Marcel Lefebvre, como autorizou no sábado o pontífice, "responde aos ensinamentos do Concílio, que prefere o remédio da misericórdia ao da condenação".
(Fonte: AFP Agence France-Presse com edição de JPR)
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